HOME| Filmes

As Nadadoras crítica do filme da Netflix 2022

‘As Nadadoras’ é um épico emocionante sobre a humanidade

Bruno Oliveira

Eu não sou um real adorador de biografias. Acho todas interessantes, mas dificilmente elas me enchem os olhos. A maioria delas me soa como ‘feitas para o Oscar’. Usam o drama de determinada pessoa para ganhar o prêmio e, geralmente, em cima de uma grande atuação. Repito: gosto do gênero, mas está longe ser um dos meus preferidos. O filme As Nadadoras (The Swimmers) é baseado em uma história real de duas irmãs sírias que vão de refugiadas a atletas olímpicas. E essa trama me pegou de jeito.

Sinopse

As Nadadoras conta a história das irmãs Mardini. As duas são nadadoras de alto nível que resolveram fugir da Síria por causa da guerra. Em todo o percurso, as jovens enfrentam todos os tipos de problemas que nós nunca imaginaríamos. Estando cara a cara com a morte em diversos momentos e conhecendo histórias até piores do que as delas. O triunfo chega quando as protagonistas vão de refugiadas a atletas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

Os horrores da guerra

O filme começa a nos mostrar os acontecimentos em 2011 e logo pulamos para 2015, onde a história se desenrola de verdade. Nesse momento, ainda que não muito, começamos a acompanhar bombardeios ao mesmo tempo que ainda vemos as meninas se divertindo como boas adolescentes. A impressão que temos é de que a guerra está longe e que nunca chegará até elas.

Aos poucos, conhecidos são mortos e logo o exército está na rua a todo canto. Essa crescente é muito importante para sentirmos os horrores do momento. O ápice disso é a cena maravilhosa em que uma das irmãs está em uma competição e uma bomba cai na piscina onde ela está e não explode. Que cena bem-feita e impactante. A tensão nos tira o fôlego.

É nesse momento em que a família resolve que as duas devem ir para a Alemanha a fim de continuarem o treinamento para ir às Olimpíadas. A partir daí que os horrores da fuga da Síria se mostram latentes. A tensão instalada na viagem pelo mar é grande demais e tememos até mesmo pelos coadjuvantes que acabamos de conhecer. No meio de todo esse desconforto as duas irmãs conseguem fazer algo inacreditável, que já valeria por si só uma medalha olímpica.

Escapar do mar, ainda não dá direito às jovens de ter uma nova vida. Um percurso grandioso ainda vem pela frente. As irmãs encontram boas pessoas que querem ajudar ao mesmo tempo que se deparam com caloteiros que as enganam na maior cara de pau, assim como pessoas ruins que desejam mal à dupla. As Nadadoras traz uma verdadeira epopeia de sobrevivência que milhares de pessoas fizeram – e fazem – por aí e não sobrevivem. Triste, melancólico e esperançoso.

Maior do que uma medalha olímpica

Em seu ato final, As Nadadoras já salta para as Olimpíadas do Rio, que, por sinal, foi muito bem retratada aqui. Uma nadadora qualquer diz que é legal abrirem espaço para refugiados, mas que, na verdade, esses atletas não deveriam estar ali. A esportista alega que treinou muito por isso enquanto os refugiados não. A frase que sucede a esse momento de uma irmã para a outra é uma das coisas mais belas já ditas a alguém que duvida de si mesmo. Elas passaram por algo muito maior do que a vaidade de uma pessoa qualquer.

Conclusão

As Nadadoras pode ser classificado como um filme épico. Daqueles dignos de heróis gregos contados em grandes histórias. Uma aventura real e cruel de pessoas que passam por isso diariamente. Famílias separadas em busca de condições melhores para se viver e que precisam passar pelos horrores para conseguir o mínimo de dignidade. Um ótimo filme sobre o melhor e o pior do ser humano.