Ao Seu Lado
Crítica do filme
Depois de encararem o desafio de abordar temas espinhosos no âmbito político em “A viajem de Yoani” e mergulharem no universo de uma das mais populares artes de rua, o grafiti, em “Cidade Cinza” os cineastas Marcelo Mesquita e Peppe Siffredi se debruçam, mais uma vez, sobre uma temática de grande importância: o esporte paraolímpico.
O documentário se concentra em registrar a rotina dos treinos e os principais campeonatos dos atletas paraolímpicos brasileiros de alta performance sem cair, em nenhum momento, nos clichês das histórias de superação.
Os grandes nomes do esporte paraolímpico brasileiro como: Alan Fonteles, Daniel Dias, Fernando Fernandes, Susana Schnarndorf e Terezinha Guilhermina, que foram alvo desse filme, já possuem uma carreira muito bem consolidada. A história que “PARATODOS” se predispôs a contar não se concentra na luta de pessoas portadoras de deficiência física para conquistar seu espaço e sim nas adversidades que enfrentam em seu dia-a-dia de trabalho e treino que estão muito além de suas limitações físicas.
A beleza do filme se encontra justamente nesse ponto, “PARATODOS” desperta nossa curiosidade e empatia justamente por mostrar um universo desconhecido pela maior parte das pessoas comuns, demonstrando os encantos do cenário do esporte adaptado e de histórias que valem a pena ser contadas.
Siffredi e Mesquita optaram por enquadrar uma perspectiva muito restrita sobre um assunto extremamente vasto. Abordam histórias que deram certo, de atletas que estão extremamente satisfeitos em suas carreiras, deixando de lado temas como o desafio que pode ser lagar tudo para viver apenas do esporte em um país como o Brasil, que possui pouquíssimos incentivos na área esportiva, as poucas oportunidades oferecidas na categoria de esporte adaptado e como é a realidade de um atleta paraolímpico “médio” ou das pessoas com deficiência que tenta entrar nesse ramo.
Nesse aspecto, o filme peca por não abordar temas como esses. Desvinculando de certa forma o esporte de outros ramos de nossa sociedade como a política, a economia e a questões sócias de nosso país.
Apesar dessas falhas é um filme que merece ser visto, que desperta nossa atenção para refletir sobre o assunto e traz à luz histórias de um Brasil que pode dar certo também através do esporte.
“PARATODOS” conta com uma belíssima fotografia, explorando uma grande diversidade de ângulos, possui uma trilha sonora bem trabalhada, um teor estético extremamente sensível e acima de tudo, cumpre uma função social importantíssima: a de dar voz aqueles que muitas vezes se encontram nas sombras do glamour midiático.
FICHA TÉCNICA