Ao Seu Lado
Crítica do filme
Assim que soube da reestreia, no dia 25 de setembro, de O Pequeno Fugitivo nos cinemas brasileiros fiquei animada. Confesso ser fã das produções que tratem do universo infantil e este é celebrado como uma obra-prima. E não é a toa que o filme realizado por Morris Angel, Ruth Orkin e Ray Ashley, lançado originalmente em 1953, construiu a sua fama. Feito de forma independente, com atores amadores e baixo orçamento, conseguiu se diferenciar das produções até então realizadas pela indústria hollywoodiana. François Truffaut chegou a dizer que o filme seria um dos precursores da Nouvelle Vague francesa.
A câmera na mão de Morris nos leva para as experiências de Joey e Lenny, irmãos de 7 e 12 anos, respectivamente, que vivem sua infância no verão nova-iorquino, mais precisamente no Brooklyn. Ser levada pelos personagens aos anos 50 americanos, em preto e branco, foi uma aventura repleta de leveza e risadas.
Lenny e os amigos pregam uma peça no pequeno Joey – interpretado pelo gracioso Richie Andrusco – que pensa ingenuamente, ter matado o irmão. Fã de filmes policiais e do velho oeste, o pequeno entende que agora é um fora de lei e precisa se esconder. No seu mundo, ajustado ao seu tamanho e imaginação, foge para a praia de Coney Island, onde um parque de diversões encontra os banhistas. É lá que Joey, se torna um fora da lei bem-sucedido – excelente em montar cavalos de carrossel, dar voltas em pôneis, coletar garrafas em troca de centavos, devorar cachorros-quentes, acertar latas com precisão, entre outras especialidades.
A fotografia do filme, lindamente, se aproveita das locações externas. Brinca com o excesso da luz da praia, a iluminação do parque de diversões e a com a imensidão da noite. O universo de descobertas de Joey é trazido em meio a tantos planos abertos e a outros preocupados com os detalhes. É como se o olhar infantil não ignorasse o detalhamento, entendendo que tudo é potência. Desse modo, o olhar do menino traz ainda uma esfera documental, revelando alguns costumes dos americanos na década de 50. O Pequeno Fugitivo é um filme que expõe a capacidade infantil de profanar a ordem e os limites através da leveza e simplicidade. Uma bela obra, merecedora dos títulos e celebrações que recebe.
BEM NA FITA: Fotografia, roteiro e atuação espontânea dos personagens – especialmente de Joey (Richie Andrusco).
QUEIMOU O FILME: Em alguns (poucos) momentos o ritmo da trilha incomoda.
FICHA TÉCNICA:
Nome original: Little Fugitive
Roteiro: Morris Engel, Ruth Orkin, Ray Ashley
Produção: Morris Engel, Ray Ashley
Direção: Morris Engel, Ruth Orkin, Ray Ashley
Ano de produção: 1953
Duração: 80 minutos
Cor: Preto & Branco
Gênero: Drama
País de origem: EUA
Distribuidor: Espaço Filmes
Reestreia no Brasil: 25/09/2014