‘A Cidade dos Abismos’ é um filme nacional dirigido por Priscyla Bettim e Renato Coelho. Os dois estreiam juntos no comando de um longa cinematográfico. Essa obra é de 2021, mas só agora chega em cartaz nos cinemas. Provavelmente seja um dos casos prejudicados pela pandemia de COVID-19. Adiantando sobre ele, posso dizer que a sua linguagem narrativa não vai ajudar muito em torná-lo popular, mas possui uma história importante para ser contada.

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Em plena véspera de Natal, um grupo de pessoas distintas se conhecem em um bar e são unidas pela tragédia, pois um deles é assassinado no local. Quando percebem que a justiça legal não está do lado deles, cabe aos próprios acharem o assassino da amiga. O problema é que ninguém está interessado na vida ou na morte de pessoas marginalizadas. Essa viagem que aborda o real e o onírico pode acabar custando a vida desses protagonistas que vivem na sombra da sociedade.

Leia a crítica do filme 'Cidade dos Abismos' (2023)
Foto: Divulgação

A escolha da narrativa prejudica o filme

Eu detesto vir aqui falar mal de obras nacionais, pois me sinto realmente mal e culpado. Sempre fico imaginando o trabalho que é tirar um projeto desse do papel para um “zé ninguém” como eu, vir falar mal. É chato, mas preciso pontuar coisas que não me agradaram e que deixam o resultado final uma loucura. Antes disso, devo mencionar que ele, sim, possui coisas boas. O seu desfecho é bom e cruel e faz o título dele ser imprescindível. Eu fiquei pensando que se tudo fosse condensado como um curta, o resultado teria sido muito melhor e mais certeiro na mensagem que quer passar, pois perdemos muito tempo com os momentos abstratos.

Quando me refiro a “momentos abstratos” é justamente o fato do filme apresentar cenas grandes sem o menor sentido, pelo menos para mim. Esse detalhe me tira demais porque eu fico pensando o tempo todo que nesse contexto tem uma mensagem que simplesmente não consigo captar. Não só isso é um problema, como a trilha sonora, composta principalmente por um teclado, que é horrível e irritante por diversas vezes. Em uma cena em específico o teclado sem sentido fica mais alto do que o diálogo trocado entre os personagens. Em outra, um dueto destoante ocorre com a ajuda desse mesmo teclado e o resultado beira o cômico.

Beirando a canastrice

As interpretações também deixam a desejar. Nesse caso, acho que é uma junção de direção e atuação que acabam não dando certo e o resultado são momentos quase robóticos, e com outros, beirando a canastrice. Esse último, sempre vindo dos policiais com frases feitas e clichés. Ainda temos o momento que alguns personagens conversam em francês e nada disso conta com tradução por uma legenda, e logo depois aparecem as mesmas pessoas cantando para a câmera como se fosse tudo normal e tranquilo.

Conclusão

Por trás dessa maluquice toda que acabou sendo intragável, ‘A Cidade dos Abismos’ tem uma mensagem importante a ser passada. Esse é o seu maior trunfo, o problema disso é que só vemos isso em momentos bem pontuais de uma projeção de 1 hora e 36 minutos. Muito se perde em cenas contemplativas e sem sentido que poderiam ter dado espaço para um diálogo que aumentasse a importância da história contada. Ele não é para o público popular, e sim para um nicho pequeno dos amantes do cinema.

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Trailer – ‘A Cidade dos Abismos’

Ficha Técnica

Título original: A Cidade dos Abismos
Direção: Priscyla Bettim e Renato Coelho
Roteiro: Priscyla Bettim
Elenco: Veronica Valentiino, Carolina Castanha, Guylain Mukendi, Arrigo Barnabé, Sofia Riccardi
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 11 de maio de 2023
Duração: 96 minutos
País: Brasil
Gênero: Drama
Ano: 2021
Classificação: 16 anos