Ao Seu Lado
Crítica do filme
E Paulinho da Viola voltou ao Circo Voador para seu novo show. O Príncipe do Samba esteve neste último sábado (9) no palco mais tradicional do Rio de Janeiro e desfilou sua enorme quantidade de pérolas da música símbolo do Brasil.
Com o carisma de sempre, Paulinho da Viola celebrou sua trajetória de quase 60 anos de carreira. Prestes a celebrar 80 anos, o eterno e jovial sambista apresentou o show “Sempre se pode sonhar”, nome de seu disco mais recente, que chegou a levar o Grammy Latino como melhor álbum de samba, em 2021.
E certamente não faltaram os clássicos de sua história como “Coração leviano”, “Argumento”, “Onde a dor não tem razão”, “Foi um rio que passou em minha vida”, “Timoneiro” e “Sinal fechado”.
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Theo Bial em sua completude serena e vertiginosa
Mas o mais delicioso de Paulinho da Viola é sua simplicidade, sua timidez no palco que contrasta com a genialidade de suas composições. A cada momento, seus movimentos eram registrados – se pegava no cavaquinho, se era o violão, se levantava do banquinho – e uma aula de história do samba era esperada entre uma música e outra. Como quando falou sobre “Para um amor do Recife” que, ao contrário do que muitos pensam, não era para uma namorada da capital de Pernambuco e sim uma senhora que o adotou como um filho.
Infelizmente, houve algumas notas ruins por conta do local. Mesmo sendo uma voz serena como a de Paulinho da Viola, o som do Circo Voador estava surpreendentemente baixo durante o show. Não era possível ouvir muito fora da lona e até mesmo dentro, era um pouco abafado.
Outro detalhe desagradável partia de algumas pessoas da plateia. Por ser uma casa para todos, é normal receber todo tipo de gente, mas o Circo Voador parece ter recebido uma quantidade considerável de mal-educados neste sábado, visto que nunca houve tantas discussões sobre quem estava na frente de quem. Eram bate-bocas sem sentido no meio de letras como “Livre de todo rancor, em flor se abriu / Venho reabrir as janelas da vida”. Fica a dica para quem quiser voltar, que venha com um coração menos leviano.
Mas nada disso tirou o sentimento de presenciar o homem mais carinhoso e gentil da história do samba. Paulinho da Viola, mais uma vez, trouxe uma noite mágica ao Circo Voador com canções que representam todos os tipos de amores possíveis para o ser humano, seja ele breve, melancólico ou feliz.
O maravilhoso artista é mais do que um sambista atemporal. Ele canta e indaga os mistérios da alma e do mundo. Paulinho da Viola é a própria dimensão da empatia do amor, esse pathos comum que une o ‘Eu’ e o ‘Outro’ fazendo dele um outro ‘Nós-mesmos’. Talvez por isso, nada personifique mais esse sentimento humano do que seus sambas trazendo a alvorada.
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Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:
Coisas do mundo, minha nega
Ela sabe quem eu sou
Sempre se pode sonhar
Nas ondas da noite
Roendo as unhas
Com lealdade
Vela no breu
Ruas que sonhei
Coração leviano
Para um amor do Recife
Dança da solidão
Onde a dor não tem razão
Ainda mais
Argumento
Coração imprudente
Eu canto samba
Foi um rio que passou em minha vida
Peregrino
Timoneiro
Nervos de aço
Sinal fechado