O cenário independente vem ganhando cada vez mais espaço ao redor do mundo, mas enquanto o Brasil caminha a passos curtos, internacionalmente há cada vez mais uma valorização maior do deste tipo de obra. Os japoneses fixam uma nova identidade derivada daquela já conhecida através de nomes como Ozu e Kurosawa, o minimalismo asiático que virou referência em linguagem cinematográfica e vem exacerbando em seu minimalismo. O Desejo da Minha Alma  afirma isto.

O filme conta a história de Haruna e seu irmão  Shota , que perdem os pais em um terremoto e vão morar com os tios, o longa preza pela simplicidade e é através dela que o diretor Masakazu Sugita conduz a narrativa. Através do olhar da personagem Haruna, ele tenta colocar o espectador dentro da película, para não somente ter uma experiência cinematográfica, mas viver tão perto do limite entre a dramaturgia e o real, passando a sentir de dentro pra fora, como se o filme partisse dele mesmo.

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A suavidade como a narrativa e conduzida é essencial para manter os atos em sintonia, assim podemos imaginar um set completamente harmônico para que o mesmo seja passado a frente da câmera, onde uma única música é conduzida durante todo o longa, desenvolvendo as ligações entre as etapas e exteriorizando os sentimentos dos personagens. A preocupação da música como fio condutor dramatúrgico é outra característica forte do minimalismo, assim como o silêncio exagerado para trazer um certo vazio existencial.

As atuações dos protagonistas Ayane Ohmori e Riku Ohishi, nos fazem mergulhar de vez no universo do longa. Conseguem expor de forma suave todo o vazio interior que existe dentro deles e afirmar toda a delicadeza e carisma que os personagens possuem. Os longos planos acompanhando os mesmos em situações cotidianas nos ajudam a criar quase que uma irmandade com os personagens.

O Desejo da Minha Alma fala de perdas e também de conquistas, pois, sempre que se perde algo, um outro é encontrado, basta aquele que perdeu decidir o que fará com está descoberta. Haruna e Shota transmitem isto com exatidão através de seus olhares perdidos ao encontrarem seus vazios, um filme falado em japonês, em território japonês, com equipe japonesa, porém que fala na única linguagem universal: o sentimento.

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Este é o primeiro longa-metragem de Masakazu Sugita, e a inexperiência na direção deixou transparecer na questão técnica. A forma ‘minimalista’ está claramente exposta, o que já está impregnado na cultura e no modo de ser japonês. Há uma ausência de ousadia do diretor, além da falta de variação dentro da forma do minimalismo. A direção é funcional, mas há um certo borrão e é meio complicado enxergar uma arquitetura em sua construção. No entanto, isso é apenas um emaranhado de tijolos que deu certo pelo seu bom roteiro (escrito por ele mesmo). Para um primeiro trabalho seria ideal que ele mostrasse um diferencial para conhecermos Sugita ali e não mais um de vários outros diretores japoneses que sabem seguir uma fórmula básica.

BEM NA FITA:  Atuação dos jovens protagonistas.
QUEIMOU O FILME: Direção pragmática.

FICHA TÉCNICA:
Direção e Roteiro: Masakazu Sugita
Produtor: Yasuhiro Miyoshi, Masakazu Sugita, Yuko Miyoshi
Produtor Associado: Mihoko Mizohata
Assistente de Direção: Yurugu Matsumoto
Fotografia: Yoshio Kitagawa
Gaffer: Keijiro Akiyama
Direção de Arte: Takashi Uyama
Maquiagem e Figurino: Natsuko Iwahashi
Montagem: Ryo Hayano
Som: Shinsuke Nagashima
Efeitos Sonoros: Mizuki Ito
Música: Shingo Inaoka
Correção de Cor: Ryota Kobayashi
Elenco: Ayane Ohmori, Riku Ohishi, Naoko Yoshimoto,Koichiro Nishi, Shumpei Ohba, Kyosuke Watanabe, Ritsuko Kohno, Hiroshi Araki
Produção: 344 Productions
Distribuição Nacional: Supo Mungam Films
Título Original: Hitono Nozomino Yorokobiyo
País: Japão
Ano: 2014
Duração: 85 min.