O que estava inicialmente programado para ser apenas um único show de reunião da consagrada banda paulistana Shaman acabou se transformando numa turnê nacional (pelo menos por enquanto!). A espera foi longa, mas os fãs venceram. Depois de inúmeras manifestações nas redes sociais pedindo e quase implorando aos ex-integrantes nos últimos meses por um possível retorno, eis que “O Shaman Voltoooou!” aplaudido e ovacionado pelos fãs ainda perplexos de tanta emoção. A magia aconteceu e os primeiros shows se tornaram realidade e, pelo modo  como a banda está empenhada, mais shows ainda estão por vir (Tomara!).

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

Pennywise comprova porque é uma lenda viva do punk hardcore

Após os primeiros shows em São Paulo, em setembro, e depois de passar por algumas capitais brasileiras, agora foi a vez do Rio de Janeiro recebê-los após 12 anos de espera desde sua última apresentação no Circo Voador, em 2006. Os cariocas estavam ansiosos desde a longa fila na porta até à aglomeração no interior da casa HUB RJ. Para iniciar os trabalhos dessa noite memorável, Rec/All foi a banda escolhida. Comandada pelo vocalista Rod Rossi (conhecido por seus trabalhos na TOEI Animation Company, onde gravou e produziu trilhas sonoras de grandes franquias trazidas para o país, incluindo os títulos “Os Cavaleiros do Zodíaco” e “Dragon Ball”), a banda tem em Rod agudos contundentes  e uma invejável potência vocal. Originalmente composta por Felipe Andreoli  e Marcelo Barbosa (Angra), Davis Ramay (Tribuzy) e Pedro Tinello, a banda contou com as participações especiais dos talentosos Diogo Mafra e Rafael Dafras (ambos integrantes do projeto solo de Edu Falaschi) assumindo guitarra e baixo, criando expectativas ainda maiores pelo que ainda estava por vir.

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

Por volta das 19h40, a banda Rec/All subiu ao palco e, com uma apresentação segura e impactante, foi conquistando a todos. Nem mesmo o calor conseguiu conter a empolgação da plateia. Apesar da Rec/all não ser a atração principal, por contar com um time de respeito, era possível ouvir alguns fãs reunidos comentando que estavam ali para assistir a banda e prestigiar o baterista prodígio do Almah (Pedro Tinello). O show foi um tanto quanto curto (talvez por acontecer numa noite de domingo), porém, as performances matadoras de “Angels and Demons” (Temple of Shadows / Angra)  e “Cemetery Gates” (Cowboys from Hell / Pantera) nos deixaram orgulhosos em ver uma banda com tamanho potencial e querendo ouvi-los muito, muito mais. Mas era preciso passar o bastão para os caras mais aguardados do evento.

A irreverência e originalidade de Morrissey no palco da Fundição Progresso

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

Após o breve (mas tão intenso) aquecimento, o melhor ainda estava por vir. Com casa lotada, o HUB (localizado na zona portuária do RJ) conseguiu atingir seu objetivo: organização, pontualidade nas apresentações e tratamento VIP ao público. O Shaman iniciou sua apresentação por voltas das 21:h0h com uma breve intro em vídeo contando a história da banda, contendo imagens de bastidores e depoimentos da reunião, vídeos de gravações, antigas turnês, ensaios, momentos passados de amizade e cumplicidade que torcemos que sejam prósperos (para alegria dos fãs mais fieis). A turnê Shaman Reunion abrange os álbuns “Ritual” e “Reason” , que foram executados na íntegra. Isso mesmo. Com sua formação clássica e original contando com Andre Matos, Luis Maruitti, Hugo Mariutti e Ricardo Confessori, a banda sem dúvidas alcançou o ápice de performance desta turnê e, no quesito profissionalismo, não deixou nada a desejar, confirmando assim que o Shaman possui  os atributos perfeitos para alçar novamente o sucesso mundial que outrora os consagrou como umas das melhores bandas do gênero do mundo.

Metal in Rio em dose tripla: Angra, Massacration e Tuatha de Danann

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

O álbum escolhido para iniciar a apresentação foi Reason e canções como “Turn Away” foram aplaudidas e cantadas em coro do início ao fim, seguidas de “Reason”, “More” e a romântica “Innocence”, que fizeram rolar as primeiras lágrimas da noite. Seguindo ainda no mesmo álbum,  canções como “Scarred Forever”, “In the Night”, “Rough Stone”, “Iron Soul”, “Trail of Tears” e “Born to Be” já era uma prévia que a emoção tomaria conta de todos ao longo do show (inclusive da banda).

No segundo set, também aberto por outra sequência em vídeo, foi a vez do álbum “Ritual”. Não seria exagero dizer que a segunda parte do show foi um capítulo à parte, e simples palavras não seriam capazes de descrever ou expressar o sentimento de toda aquela gente. Ao observar um público tão variado de todas as idades, era possível ter a certeza de uma coisa: a música do Shaman une gerações. Ver tantos homens e mulheres, mais jovens ou mais maduros, com os olhos marejados ao ouvir sua canção favorita nos faz acordar de um sonho e ver que o Shaman Voltou, SIM! Muitos ali não tiveram a oportunidade de vê-los ao vivo na época e mesmo para aqueles que já acompanhavam, o sentimento era o mesmo: um verdadeiro êxtase.

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

O Violinista e arranjador Marcos Viana abrilhantou ainda mais a noite dando seu show a parte na música “Over Your Head”, com uma generosa pitada de talento, carisma, profissionalismo e bom humor, fazendo graça até mesmo durante uma pequena falha no áudio de seu instrumento. Um verdadeiro mestre. Marcos participou de projetos do Shaman e gravou o DVD “Ritualive”, lançado em 2004, o RJ foi a primeira capital a tê-lo como participação especial nesta turnê histórica.

Tudo bem, tudo certo, mas faltava ver André Matos no piano, e ele não decepcionou. Com interpretações impecáveis, só confirmou o que já suspeitávamos: a indisfarçável felicidade de estar de volta (e em grande estilo). No momento que “Here I Am” e “For Tomorrow” foram executadas, o que se  ouvia era um coro de centenas de vozes em uníssono. Seguindo o setlist com “Distant Thunder” e “For Tomorrow”, nesta última, os presentes nem tentavam mais disfarçar a emoção daquela atmosfera tão comovente e apaixonante. “Time Will Come” e “Fairy Tale” foram cantadas em coro, assim como “Blind Spell”, onde pudemos assistir ao Hugo e André dançando um ‘leve’ sambinha no meio do palco. A banda executou “Ritual” e, logo em seguida, para fechar com chave de ouro (e na paulera) “Pride”.

Show perfeito, noite perfeita, canções que fizeram e fazem parte da vida de muitas pessoas.  Podemos crer que os integrantes estão realmente felizes, entrosados e empenhados a darem o seu melhor. Eles estão em ótima fase em todos os sentidos, mais maduros, mais confiantes e mais à vontade no palco. Antes da foto oficial ao final do show, presenciamos mais um momento comovente: em um gesto de prece, André parecia estar tão emocionado que talvez tenha rolado algumas lágrimas. Rolaram abraços entre os membros da banda e isso fez com que que todos gritassem mais uma vez juntos: O Shaman voltou!

Hangar prova que o power metal/melódico nacional está mais vivo do que nunca

(FOTO: PETRICK ESCORSATO | BLAH CULTURAL)

André Matos mostrou que segue cantando como nunca (ou como sempre). Bem, agora só nos resta respirar fundo, deixar baixar toda a adrenalina e torcer para que toda essa energia que estava acumulada seja suficiente para manter coesa e motivada essa banda. Que tudo o que pudemos presenciar nessa noite tão especial do dia 2 de dezenbro seja apenas o início de um novo ciclo dessa banda fenomenal, que para muitos é mais que uma banda: é uma religião chamada Shaman!