Todos nós temos sonhos grandiosos em nossa infância. Seja o de ser uma astronauta, de fazer música ou tudo ao mesmo tempo, são nossas aspirações que nos impelem a continuar buscando sermos melhores a cada dia. Principalmente quando estamos em um meio incentivador, com pais ou guardiões zelosos que nos protegem.

Naoufel (Hakim Faris) foi criado em um meio assim. Filho único de pais amorosos, o garoto recebia o amor incondicional dos pais em suas infinitas escolhas de carreira e a liberdade para contemplar o mundo ao seu redor.

É estranho, portanto, que ele tenha sofrido um acidente onde perdeu a sua mão direita, que desperta no necrotério de Paris para percorrer toda a cidade em Perdi Meu Corpo (I Lost My Body), longa de animação do diretor Jérémy Caplin, que roteiriza o filme junto com Guillaume Laurant. A produção é uma adaptação do romance Happy Hand de Laurant e foi distribuído pela Netflix, despontando como um dos indicados ao Oscar de Melhor Animação.

Narrativa não linear

Perdi Meu Corpo, da Netflix, adota uma narrativa não linear, mostrando o périplo da mãozinha pelos prédios, ruas e subterrâneos de Paris enquanto cenas da infância de Naoufel parecem incentivá-la a persistir em sua busca. Enquanto isso, uma vida do jovem ainda intacto é narrada em seu emprego nada parecido com seus sonhos de infância. Até que este cruze seu caminho com Gabrielle (Victoire Du Bois) e encontre uma nova motivação.

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A trama é uma narrativa intimista, onde os sofrimentos de Naoufel e seu membro decepado devem ser não suprimidos, mas superados na busca de seu objetivo, o de não apenas encontrar sentido na vida, mas de que para isso é preciso se integrar a algo ou a alguém de uma forma que vá além da mera satisfação do desejo.

Uma obra simples e elegante, Perdi Meu Corpo, da Netflix, foi feita durante anos com um software livre que emula a animação 2D tradicional, usando sons que imergem o espectador no que acontece em tela e uma trilha sonora intimista e contemplativa. À primeira vista, não deve despertar muita empolgação, mas vale a pena acompanhar a maratona da mão até o seu singelo final.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: J’ai Perdu Mon Corps
Direção: Jérémy Clapin
Distribuição: Netflix
Data de estreia: qua, 06/11/19
País: França
Gênero: animação
Ano de produção: 2019
Duração: 81 minutos
Classificação: 16 anos