Ao Seu Lado
Crítica do filme
O ator francês Louis Garrel esteve no Brasil para o lançamento do seu primeiro filme como diretor e roteirista. “Dois Amigos” (Les Deux Amis, 2015) é baseado em uma peça do século 19, “Les Caprices de Marianne”, de Alfred de Musset.
Antes de partir para o longa, Garrel preferiu fazer um curta-metragem para testar como sairia a história da peça adaptada para um filme cinematográfico. Ele escolheu o amigo Vincent Macaigne e a atriz iraniana Golshifteh Farahani para compor o triângulo amoroso, que é o cerne dramático que se desenvolve a narrativa. Mesmo não gostando muito do resultado com o curta, ele mostrou para a produtora Anne-Dominique Toussaint, que achou interessante a dinâmica dos três atores e sugeriu que ele escrevesse um roteiro pensando em um longa-metragem. Assim, Garrel se uniu ao diretor Christophe Honoré e, juntos, desenvolveram o roteiro de “Dois Amigos”.
E sim, trata-se de uma história já vista no cinema, um triângulo amoroso envolvendo dois amigos e uma mulher, porém a narrativa tem um tom, ao mesmo tempo, dramática, cômica e romântica. Os atores realmente apresentam uma ótima dinâmica em cena. Isso porque foram feitos muitos ensaios antes de começarem as filmagens.
O filme começa mostrando um banheiro de um presídio feminino onde mulheres tomam banho. Imediatamente vemos Mona (Goshifteh Farahani) no chuveiro, com os seios à mostra. E fica impossível não considerar uma cena simbólica devido ao histórico da atriz. Golshifteh, que é conhecida pelo esplêndido “À Procura de Elly” (Darbareye Elly, 2009), foi exilada do Irã em 2012, quando apareceu mostrando o seio em um comercial do César (premiação anual do cinema francês). A personagem dela é uma presidiária que exerce um período de tempo em liberdade para trabalhar. Ela é atendente em uma lanchonete numa estação de trem. Depois do trabalho ela precisa voltar à prisão. Enquanto estava no trabalho, ela acaba conhecendo Clément (Vincent Macaigne), que fica completamente apaixonado e obcecado por Mona. Ele fica desnorteado e sem entender porque ela reluta tanto em querer se envolver com alguém. E assim, acaba pedindo ajuda a seu amigo Abel (Louis Garrel) para conseguir compreender o que se passa com aquela misteriosa mulher.
Na tentativa de ajudar o amigo, Abel tira Mona de dentro do trem, insistindo que ela passe pelo menos uma noite com seu amigo. É claro que isso irá causar consequências graves para Mona, pois ela deve retornar à prisão. Depois de muita confusão, Mona acaba cedendo e os três personagens passam por diversas situações. Abel acaba se sentindo também atraído por Mona e ela por ele.
Apesar da previsibilidade da história, o filme é conduzido de maneira leve e divertida, mesmo tendo um teor dramático entre os personagens. Para uma estreia de direção, Garrel se saiu muito bem e diz que já está trabalhando para dirigir um outro filme.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Louis Garrel
Roteiro: Louis Garrel e Christophe Honoré
Elenco: Louis Garrel, Golshifteh Farahani, Vincent Macaigne
Produção: Oliver Père e Anne-Dominique Toussaint
Fotografia: Claire Mathon
Duração: 100 min
Ano: 2015