Dheepan – O Refúgio é um atípico filme francês, do diretor Jacques Audiard, que foi adaptado de Cartas Persas, de Montesquieu e sim, acabou sendo o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2015.

Dheepan (Antonythasan Jesuthasan), Yalini (Kalieaswari Srinivasan) e a atriz mirim Claudine Vinasithamby (Illayaal), brilham neste longa. Eles precisam assumir identidades falsas para fugir do Sri Lanka, seu país natal, que está em guerra. Mas o fato é que os três não se conhecem, e diante da iniciativa, terão de conviver como se fossem uma família verdadeira ao chegar à França. Sem dominar o idioma, e apesar disso, Dheepan consegue emprego como zelador em um condomínio de classe baixa, enquanto que Yalini passa a trabalhar como empregada doméstica para um idoso com problemas de saúde. Illayaal, a única que tem algum conhecimento de francês, tem de encarar escola nova e aprender a lidar com seus pais de mentira.

Com tomadas criativas e bem elaboradas para as mudanças de cena, em especial, àquelas com maior relevância moral. A atuação de Antonythasan Jesuthasan, na pele de um guerrilheiro, é entontecedoramente brilhante, e Kalieaswari Srinivasan, também, embora ela não brilhe como Dheepan. Já Claudine Vinasithamby, passa de forma discreta, e some consideravelmente a partir da metade do filme. O que é uma pena, uma vez que sua integração aos personagens centrais é importante para a narrativa.

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Vincent Rottiers faz um papel intrigante ao interpretar Brahim. A princípio, o espectador simpatiza por sua personalidade, mas ao longo da trama isso muda. E exatamente por essa ambiguidade, palmas para o ator.

O roteiro trata de imigração, tema efervescente e abrangente. Se for considerado, principalmente, o boom imigratório que se instala na Europa. Quanto a isso, a abordagem é inteligente e sensível, traz a reflexão para encarar o tema com mais compaixão. Os diálogos que permeiam esse universo poderiam ter sido mais bem explorados, pois as cenas é que falam mais. Enquanto os diálogos definham um bocado, a fotografia é excelente e o enredo muito bem articulado.

Os personagens são críveis, Jesuthasan comove com sua atuação tempestuosa e doce ao mesmo tempo. O cenário e os elementos inseridos estão entrosados ao argumento e a curva dramática está na trama com equilíbrio, exceto pela presença de Claudine Vinasithamby, como já mencionado, que fica desamparada no roteiro.

FICHA TÉCNICA

Gênero: Drama
Direção: Jacques Audiard
Roteiro: Jacques Audiard, Thomas Bidegain
Elenco: Bass Dhem, Claudine Vinasithamby, Faouzi Bensaïdi, Franck Falise, Jean-Baptiste Pouilloux, Jesuthasan Antonythasan, Joséphine de Meaux, Kalieaswari Srinivasan, Marc Zinga, Nathan Anthonypillai, Vasanth Selvam, Vincent Rottiers
Produção: Pascal Caucheteux
Fotografia: Éponine Momenceau
Montador: Juliette Welfling