Ao Seu Lado
Crítica do filme
BBBlah no ar!
Tá acabando, não? Esta é nossa antepenúltima coluna sobre o reality mais visto do Brasil. Embora não tenha dado muito o que falar, essa edição do BBB rendeu boas reflexões acerca da sociedade brasileira e mostrou que, certas atitudes que denotam a ideia de supremacia, podem ser entretenimento de primeira para as “tias do sofá”.
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Quando Paula, a favorita do público para se tornar a nova milionária do Brasil, diz que já namorou um menino encardido, ela gera entretê. Porque entretenimento é, a princípio, identificação. Um jogo em que alguém oferece seu produto e o outro, do lado de cá, se permite a apreciar e posteriormente comprar esse produto. Paula é só a ponta de um iceberg. Um iceberg branco de doer, imenso, privilegiado em um oceano em que muitos já se afogaram. O público é quem manda.
E o BBB, conclui-se, é um jogo em que se faz preciso a defesa constante. Não há guarda-costas aqui fora. Aqui só há atiradores obcecados, fanáticos. Se a pessoa não souber montar sua barricada no BBB, não há nada que o segure. Rodrigo foi a vítima mais fatal dessa vulnerabilidade admitida. Mas logo ele! Um cara que, aqui fora, no mundo dos atiradores, é o que mais carece de escudo. O preconceito não o deixa dormir em paz. E olha, lá no BBB ele conseguiu… e roncou à vontade. Rodrigo não entrou no BBB para se defender, mas sim, para viver abertamente uma vida que, aqui fora, é extremamente opressora. “O BBB é um jogo de gente grande, um jogo que é preciso dar cotoveladas pra vencer”, assim disse Leifert, incansavelmente. Mas o Rodrigo já disputa os jogos vorazes da vida real, Tiago. Lá dentro, ele não quer ser a vítima de novo. Ele quer sossego, um bocado de paz, harmonia com os seus. Rodrigo quis abraçar, não cotovelar. Rodrigo quis convidar Paula e Hariany para os seus rolés. “Deixem o Rodrigo roncar!” Aqui fora, a história ganha outra versão. E aqui fora, uma das primeiras atitudes de Rodrigo será, vejam só, ter de processar um bando de racistas. Entre eles, adivinha quem?
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No jogo, não houve defesa, e a saída era questão de tempo. Mas houve ataque. Sim, Rodrigo atacou. Eis a verdadeira supremacia do BBB que não foi enxergada. Não foi vista porque as pessoas desviam o olhar dos seres mais iluminados. Ofuscam o olhar delas. Rodrigo atacou com luz.
Aqui fora, todos só atacam espinhos pra se defender. Um lado diz que o outro é nazista. O outro empurra de volta. Gente, quando, por Deus, que o nazismo tem lado? Ninguém vai assumir essa pecha maldita, porque o Nazismo é um mal contra a humanidade. Não é arma contra a esquerda, não é ataque contra a direita. É uma arma contra a vida!
Enquanto continuarmos a bipolarizar as relações e a atacar de volta, a vida se tornará cada vez mais insuportável. Se tornará a pior edição da realidade. Quem apoia o errado, apoia o errado. Quem vota pela vitória do vilão, vota em quem se identifica. E pronto. Não há lados. Há princípios. Caráter. Há o BBB da Paula. Há o BBB do Rodrigo. Há o BBB de quem ataca naturalmente. Há o BBB de quem já entra na defensiva. E há o BBB do Rodrigo: que escolheu viver a paz, na medida que lhe coube.
Até a próxima!