Ao Seu Lado
Crítica do filme
Colocar figuras históricas em trabalhos ficcionais sempre dá um certo receio na hora de assistir. Logo vem à mente “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”, um trabalho tão ofensivo que se torna um “bom filme ruim” (dependendo do gosto de cada um). Não é o caso de O Pálido Olho Azul (The Pale Blue Eye), recentemente adicionado ao catálogo da Netflix, e que tem entre os protagonistas uma representação do poeta gótico Edgar Allan Poe, interpretado por Harry Melling.
O longa, que passou por uma breve temporada nos cinemas dos EUA antes de ir para a gigante do streaming, não adota a galhofa e imprime um tom sério, misturando uma investigação de homicídio com toques góticos, fazendo do poeta uma espécie de senhor Watson do “Sherlock Holmes” de Christian Bale.
‘Vingança e Redenção’ é preguiçoso e não está à altura de um dos últimos trabalhos de Bruce Willis
Estreia de ‘Pantera Negra 2’ é confirmada no Disney Plus
A história começa com um suposto suicídio que Augustus Landor (Bale) é incumbido de investigar na então ameaçada politicamente Academia Militar de West Point. Os oficiais estão preocupados que a morte de um de seus cadetes seja usada para fechar a instalação, e convocam o detetive para descobrir o que aconteceu. Como em qualquer filme, quanto mais Landor mexe, mais é exposto, e ele acaba descobrindo uma conspiração que pode ou não ter rituais satânicos envolvidos.
Para ter um ouvido dentro das paredes da academia, ele acaba criando uma amizade com o Poe de Harry Melling. O ator, conhecido pelo grande público como o primo chato do Harry Potter, é o coração do filme: ora empolgado, ora soturno, retrata bem os altos e baixos da juventude, fazendo um poeta apaixonado e um cadete militar que acha entediante as obrigações e rotina do exército.
A jornada de Poe é para não se tornar Landor, um sujeito amargo que convive com um trauma relacionado à sua filha que desapareceu. O personagem, embora fascinado pela morte como a figura histórica, ainda tem algumas esperanças, que vão sendo retiradas pouco a pouco pela trama na qual se envolveu e é apenas um peão.
Com a referência visual dos corvos aparecendo mais do que o necessário, O Pálido Olho Azul é um filme contido em razão da sensação que pretende passar. Mesmo assim, tem alguns momentos que a história não anda, proporcionando “barrigas” que poderiam ser retiradas na mesa de edição.
O mistério em si sobre o crime acaba sendo desvendado de uma forma pouca estranha, com conveniências aparecendo aqui e acolá na hora de descobrir algumas pistas. Isso tira um pouco do impacto da evolução das descobertas, com tal coisa aparecendo ou sendo encontrada apenas em razão do roteiro andar. Mesmo assim, o longa tem diálogos bons sobre o subtexto além do assassinato, que toca nos assuntos caros ao verdadeiro Poe, como encarar a morte e a vida.
Com outras referências além dos corvos e uma ambientação competente sempre buscando retratar o gótico nos cenários, O Pálido Olho Azul não vai mudar a vida de ninguém, mas é uma boa pedida para quem está cansado dos inúmeros filmes adolescentes de pseudo-terror que pipocam na Netflix.
A saber, O Pálido Olho Azul estreou nesta sexta-feira, 6 de janeiro de 2023, no catálogo da Netflix.
Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:
Christian Bale
Harry Melling
Gillian Anderson
Título original do filme: The Pale Blue Eye
Direção: Scott Cooper
Roteiro: Scott Cooper, baseado no livro de Louis Bayard
Duração: 130 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: policial, suspense, terror
Ano: 2022
Classificação: 16 anos