Ao Seu Lado
Crítica do filme
Hoje continuaremos nossa profunda discussão sobre profundidade (essa piada não perde a graça). Melhor ainda, usaremos como exemplo o considerado “Melhor Filme da História”: Cidadão Kane. Se a coluna de hoje não te provar que o filme merece esse título, nada mais provará.
Ou não.
Bom, vamos ao que interessa. Se na última coluna falei sobre como diretores podem usar a profundidade para adicionar elementos em um mesmo plano, hoje falarei sobre como a posição de elementos em diferentes profundidades (e, consequentemente, seu tamanho), podem trazer compreensões completamente acerca da narrativa. Antes uma sinopse simples de Cidadão Kane para aqueles que nunca assistiram a obra.
O filme inicia com a morte de Charles Foster Kane Após dias de sensacionalismo em cima da notícia, o jornalista Jerry Thompson é enviado por seu chefe para investigar a vida de Kane, a fim de descobrir o sentido de sua última palavra proferida, “Rosebud”. Entrevistando pessoas do passado de Kane, o jornalista mergulha na vida de um homem solitário, que desde a infância é obrigado a seguir a vontade alheia. Ninguém a seu redor importa-se com Kane, que busca por meio da aquisição de bens a adoração das pessoas.
Ao final, Thompson, após a exaustiva investigação da vida de Kane através de entrevistas, se vê incapaz de descobrir o significado da palavra, concluindo que “Charles Foster Kane foi um homem que possuiu tudo o que quis, e depois perdeu tudo. Talvez Rosebud seja algo que ele nunca tenha possuído, ou algo que tenha perdido.”.
Já sei. Aposto que você deve estar pensando: poxa, mas eu nunca captaria isso ao ver o filme.
E ai que está a maravilha, você não precisa (embora, seja lindo quando nos perguntamos o porque do diretor ter escolhido determinados enquadramentos e compreender o que está sendo mostrado ali). Mas, de forma inconsciente, esse tipo de mensagem é passada, agregando a forma como compreendemos a obra.
Pra finalizar, deixarei pra vocês um plano do filme O Iluminado, do espetacular Stanley Kubrick. Sabendo ou não o que acontece no filme, me digam vocês, o que o diretor que dizer com o uso de um determinado elemento em profundidade?
Descobriu? Se sim, aposto que ficou com um sorriso no rosto.
Agora começaram a entender o porque de certos diretores serem venerados?
Mas nada, nada justifica que um ser humano use uma sobrancelha postiça invertida, como se fosse o Alex, de Laranja Mecânica.
Nada.