Hoje continuaremos nossa profunda discussão sobre profundidade (essa piada não perde a graça). Melhor ainda, usaremos como exemplo o considerado “Melhor Filme da História”: Cidadão Kane. Se a coluna de hoje não te provar que o filme merece esse título, nada mais provará.

Ou não.

Bom, vamos ao que interessa. Se na última coluna falei sobre como diretores podem usar a profundidade para adicionar elementos em um mesmo plano, hoje falarei sobre como a posição de elementos em diferentes profundidades (e, consequentemente, seu tamanho), podem trazer compreensões completamente acerca da narrativa. Antes uma sinopse simples de Cidadão Kane para aqueles que nunca assistiram a obra.

Sinopse

O filme inicia com a morte de Charles Foster Kane Após dias de sensacionalismo em cima da notícia, o jornalista Jerry Thompson é enviado por seu chefe para investigar a vida de Kane, a fim de descobrir o sentido de sua última palavra proferida, “Rosebud”. Entrevistando pessoas do passado de Kane, o jornalista mergulha na vida de um homem solitário, que desde a infância é obrigado a seguir a vontade alheia. Ninguém a seu redor importa-se com Kane, que busca por meio da aquisição de bens a adoração das pessoas.

Ao final, Thompson, após a exaustiva investigação da vida de Kane através de entrevistas, se vê incapaz de descobrir o significado da palavra, concluindo que “Charles Foster Kane foi um homem que possuiu tudo o que quis, e depois perdeu tudo. Talvez Rosebud seja algo que ele nunca tenha possuído, ou algo que tenha perdido.”.

Fim da Sinopse

Contextualizando: a cena ocorre no final do filme, depois que Kane construiu seu império (essa casa é dele) e foi abandonado por todos. Dito isso, fica fácil compreender a ideia que a profundidade nos passa. Welles optou por usá-la para mostrar o protagonista minúsculo e sozinho frente a tudo aquilo que ele edificou. A escolha da direção de arte de mostrar as grandes salas vazias, também não foi acidental. Afinal, vazio também é Kane.

Contextualizando: a cena ocorre no final do filme, depois que Kane construiu seu império (essa casa é dele) e foi abandonado por todos. Dito isso, fica fácil compreender a ideia que a profundidade nos passa. Welles optou por usá-la para mostrar o protagonista minúsculo e sozinho frente a tudo aquilo que ele edificou. A escolha da direção de arte de mostrar as grandes salas vazias, também não foi acidental. Afinal, vazio também é Kane.


Essa é uma das cenas mais famosas do filme. Logo no fim do seu primeiro ato, Kane passa por grandes problemas com o seu jornal, problemas esses, enunciados pelos dois personagens que estão a frente do plano. Uma estratégia similar a utilizada no final do filme, correto? Não exatamente. Aqui, Kane mostra sua confiança e ambição para superar a situação. Então, quando Kane começa a proferir suas soluções, o personagem começa a caminhar em direção a mesa, crescendo dessa forma perante o quadro. O uso de uma lente específica - Wide - (falaremos sobre isso em breve) permite que o crescimento de Kane ocorra de forma ainda mais impactante.

Essa é uma das cenas mais lembradas do filme. Logo no fim do primeiro ato, Kane passa por grandes problemas com o seu jornal, problemas esses, enunciados pelos dois personagens que estão a frente do plano. Uma estratégia similar a utilizada no final do filme, correto? Não exatamente. Aqui, Kane mostra sua confiança e ambição para superar a situação. Então, quando Kane começa a proferir as soluções para os problemas discutidos, o personagem começa a caminhar em direção a mesa, crescendo perante o quadro e ficando maior que os outros dois personagens. O uso de uma lente específica – Wide – (falaremos sobre isso em breve) permite que o crescimento de Kane ocorra de forma ainda mais impactante.


Essa cena (extremamente famosa) ocorre logo no começo do filme. Nela, vemos Kane quando criança (lá atrás) enquanto seus cuidadores discutem seu futuro (pois ele herdaria uma grande quantidade de dinheiro). Perceba que devido ao posicionamento de Kane, ele fica minúsculo em quarto/quinto plano, de forma a caber perfeitamente na moldura da janela. Dessa forma, o diretor passa uma ideia de que a criança está enclausurada (pois seu futuro já está definido). Além disso, a presença de neve, fazendo com que seu entorno estivesse inteiramente branco, passa uma ideia de inocência e pureza. Algo que nunca mais se repetiria na vida do protagonista.

Essa cena (extremamente famosa) ocorre logo no começo do filme. Nela, vemos Kane quando criança (lá atrás) enquanto seus cuidadores discutem seu futuro (pois ele herdaria uma grande quantidade de dinheiro). Perceba que devido ao posicionamento de Kane, ele fica minúsculo em quarto/quinto plano, de forma a caber perfeitamente na moldura da janela. Dessa forma, o diretor passa uma ideia de que a criança está enclausurada (pois seu futuro já está definido). Além disso, a presença de neve, fazendo com que seu entorno estivesse inteiramente branco, passa uma ideia de inocência e pureza. Algo que nunca mais se repetiria na vida do protagonista.

Já sei. Aposto que você deve estar pensando: poxa, mas eu nunca captaria isso ao ver o filme.

E ai que está a maravilha, você não precisa (embora, seja lindo quando nos perguntamos o porque do diretor ter escolhido determinados enquadramentos e compreender o que está sendo mostrado ali). Mas, de forma inconsciente, esse tipo de mensagem é passada, agregando a forma como compreendemos a obra.

Pra finalizar, deixarei pra vocês um plano do filme O Iluminado, do espetacular Stanley Kubrick. Sabendo ou não o que acontece no filme, me digam vocês, o que o diretor que dizer com o uso de um determinado elemento em profundidade?

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Descobriu? Se sim, aposto que ficou com um sorriso no rosto.

Agora começaram a entender o porque de certos diretores serem venerados?

Mas nada, nada justifica que um ser humano use uma sobrancelha postiça invertida, como se fosse o Alex, de Laranja Mecânica.

Nada.