Ao Seu Lado
Crítica do filme
Joker, Coringa, palhaço. O grande príncipe dos crimes de Gotham retorna ao cinema mais uma vez com toda sua pantomima de armas, maquiagens e loucuras. Para celebrar seus 79 anos de histórias, bem como preparar para o que Joaquin Phoenix e Todd Phillips nos trarão, este Especial Coringa trará um grande aquecimento para o filme solo em 4 partes. Nesta primeira, iremos conversar um pouco sobre a criação do personagem nas HQs e algumas das melhores histórias em que o palhaço do crime aparece.
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O grande arqui-inimigo do Batman, surgiu para ditar toda a gama de vilões que atormentariam o morcegão, desde 1940. Assim como os vilões do Superman são grandes mentes de inteligência para combater sua força, aqueles que enfrentariam o homem de maior preparo no mundo deveriam ser completamente loucos e imprevisíveis (tanto é que Batman é o único herói que não manda seus vilões para a cadeia, e sim para um sanatório).
Várias mãos foram necessárias para criar o Arlequim do ódio conhecido como Coringa. Com conceitos do quadrinista Jerry Robinson, o palhaço do crime foi moldado por Bob Kane e Bill Finger (criadores do Batman no ano anterior), com base nas feições e trejeitos do ator Conrad Veidt, mais especificamente no filme “O Homem que Ri”, de 1928.
Logo em sua primeira aparição (Batman #1 de 1940), o Coringa era um sádico assassino de inocentes na cidade de Gotham, o que chocou grande parte do editorial da National Allied (editora que viria a se tornar a DC). Dois anos mais tarde, foi imposto um acordo onde os vilões que assassinassem poderiam aparecer apenas uma vez nas HQs, a fim de não tornar este hábito recorrente. Isso ocasionou em uma diminuição nas aparições do palhaço, que quase veio a sofrer uma morte na cadeira elétrica (Detective Comics #69), mas prefeririam salvá-lo e retornar com uma versão mais leve do personagem.
Com o Coringa mais bobo e divertido nos quadrinhos, isso vinha sendo refletido na série de TV da época (que falaremos mais à frente). Somente em 1973, Dennis O’Neil e Neal Adams retornariam com o palhaço do crime sádico e psicopata, que tem por objetivo principal enlouquecer o homem-morcego. Sua popularidade cresceu ao ponto de, em 1975, ganhar uma revista própria. Na HQ, ele articulava seus piores crimes como protagonista. Isso abriu caminhos para, em 1988, ser lançado o clássico absoluto do personagem: A Piada Mortal.
Tida como a melhor história já contada sobre o vilão, a HQ explora a doentia relação de coexistência entre Batman e Coringa. Constantemente é batida a tecla de que um existe em prol do outro. Em A Piada Mortal, foi por influência do Batman que Jack, um comediante falido, caiu no tanque de produtos químicos que o transformou no conhecido palhaço. Já em releituras do cinema, o vilão estaria estritamente ligado ao assassinato dos Wayne, despertando, assim, o homem-morcego.
Dessa forma, a complexidade desta dualidade abria espaço para inúmeros clássicos das HQs. O Coringa tem grande participação no arco final do O Cavaleiro das Trevas, em um confronto final épico; foi o grande responsável pela morte de Jason Todd (Robin) em Morte em Família; E acabou por deixar a Batgirl Barbara Gordon paraplégica na já citada A Piada Mortal.
Todavia, saindo um pouco dos clássicos, outros grandes momentos permeiam a cruzada de crimes do Coringa nas HQs. O Homem que Ri traz uma nova roupagem para a primeira aparição do personagem em 1940. A trama atualiza toda a crueldade do vilão matando por puro sadismo, bem como explana a inspiração no filme homônimo de 1928. Em A Morte da Família, um Coringa completamente desfigurado consegue invadir a Batcaverna e atacar todos aqueles que em algum momento ajudaram o Batman em sua jornada heroica, quebrando o homem-morcego por dentro.
Em 2008, junto ao lançamento do filme “O Cavaleiro das Trevas”, Brian Azzarelo e Lee Bermejo traziam “Coringa”. A HQ acompanha a visão de um dos capangas do Coringa em seu doentio cotidiano, durante uma vingança bastante pessoal. Inspirando desde a visão do personagem encarnado por Heath Ledger até a série “The Wire”, da HBO, o vilão de Gotham GCPD no arco “Alvos Fáceis”, traz uma visão da polícia de Gotham City tendo de lidar com o palhaço do crime quando o Batman não está na cidade.
Por fim, fechando o arco de discussão iniciado em A Piada Mortal, Asilo Arkham traz o homem morcego preso no sanatório onde destina seus maiores inimigos, sendo constantemente atormentado pelo Coringa como se fosse a voz de sua consciência. Aqui, novamente é explorada a forma como os dois se completam, bem como a insanidade de ambos pode ser equivalente em diferentes níveis,
E aí? Quais outras histórias icônicas do Coringa ficaram de fora? Comente e não esqueça de seguir o Especial Coringa em aquecimento para o novo filme!