Ao Seu Lado
Crítica do filme
25 de maio. Aniversário da batalha de Duquerque. Aniversário do grande Frank Oz, do técnico Tite e do Mike Myers. Dia da África, da adoção, das crianças desaparecidas, vizinhos, tireoide, massagistas, sapateado, e segundo alguns, Dia do Orgulho Nerd (e da toalha!). Mas essa edição especial do “Meus Sinceros Parabéns” vai um pouco além. Mais especificamente, numa galáxia muito muito distante. É o dia de celebrar o aniversário do primeiro e grandioso Guerra nas Estrelas.
No dia 25 de maio de 1977, George Lucas completava sua epopeia para lançar nos cinemas sua ópera espacial definitiva. Iniciado o projeto anos antes, Lucas vinha de uma carreira tímida, com o ponto alto sendo a comédia adolescente America Graffiti, onde conheceu um tal Harrison Ford. Após isto, Lucas começou a pôr no papel um grande amálgama de todo sua influência por Kurosawa, Flash Gordon e os western de John Ford, numa tentativa de bater os recordes de Tubarão, numa ficção científica que passasse Planeta dos Macacos.
Foi então que, como uma fórmula química, as reações foram se originando em cadeia rumo à perfeição. Sendo rejeitado por inúmeros estúdios, Lucas conseguiu apenas ser aceito, após meses de tentativas, pela 20th Century Fox. Sob a benção de Alan Ladd Jr, que havia surpreendido o estúdio com os sucessos de A Profecia e Jovem Frankenstein, Lucas precisava agora de uma trilha, de uma equipe de efeitos especiais e de um nome de peso que vendesse o filme.
A trilha veio pelo já supracitado Tubarão. Gozando de sua amizade com Spielberg, George Lucas acabou por conhecer o mestre John Williams através do pedido de alguém que lhe trouxesse uma trilha incidental clássica para um filme de ficção científica. Já a equipe de efeitos especiais que Lucas visava fechou, o que o inspirou para criar a ILM (Industrial Light and Magic) e ter total liberdade para explorar sua imaginação.
O nome de peso viria a ser o saudoso Sir Alec Guinness. O experiente ator britânico interpretaria o mestre Obi-Wan Kenobi, um Jedi refugiado num planeta deserto, destinado a guiar a nova esperança da galáxia para um destino de perigos e aventuras. Mas a história vocês já conhecem.
O que talvez não saibam é que, antes de estrear o primeiro Star Wars (ainda sem a descrição “Episódio 4” antes de seu subtítulo), já haviam sido lançados nos EUA a novelização do roteiro e duas edições da revista em quadrinhos. Isto criava nos jovens mais ligados à esta cultura sci-fi, uma expectativa não de um filme novo, mas de uma adaptação para os cinemas. E, por falar em adaptação, vale frisar as inúmeras alterações ocorridas durante as gravações e edição. A morte de Obi-Wan como parte da jornada do herói, o risco de destruição da base rebelde como fator motivador da curva dramática, até mesmo o visual do Jabba the Hutt, além de inúmeras cenas cortadas, surpreenderam o público que abraçava o livro nas filas do teatro chinês em Los Angeles.
Estreando em apenas 32 salas (não, você não leu errado: 32 salas. Só para ter uma noção, Ameaça Fantasma estreou em 7.600 salas, e Despertar da Força bateu a marca das 10 mil), o filme ainda contou com uma última jogada de mestre do diretor e roteirista. Após dois anos de acordo, Lucas convenceu a FOX de que, cedendo parte de seus lucros, ambos teriam direito ao licenciamento de produtos e merchandising da franquia de forma independente. A FOX, seguindo a fórmula básica, investiu em cartazes, bonés e camisetas. George Lucas, se mostrando desde cedo um visionário, investiu em caixas de cereais, materiais escolares e principalmente bonecos, lançados pela Kenner. Resultado: mais US$ 400 milhões lucrados só com a venda dos brinquedos.
O impacto do marketing foi tão absurdo que, no Natal de 1977, a Kenner não tinha como suprir a demanda de pedidos. Foi então que, em um segundo golpe arriscado, Lucas passou a vender caixas vazias com vales, para que os brinquedos fossem retirados quando estivessem prontos. Nascia ali o conceito de pré-venda, gerado por uma necessidade de mercado.
Star Wars carrega hoje o estopo de uma das maiores marcas do mundo. A Lucasfilm foi vendida para a Disney pela singela bagatela de US$ 4 bilhões, e a legião de fãs da franquia aguarda todo ano por mais um capítulo dessa história. E o filme? Foi bom? Deu público? Bem, se não tivesse, não estaríamos lembrando dele hoje, 41 anos depois desse grande evento da cultura mundial.
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