De tempos em tempos, o termo que foi difundido pelo russo Constantin Stanislavski é levantado pelo público para exaltar o bom uso da metalinguagem nas produções. Mas vamos relembrar aqui comigo os pontos altos desse artifício ao longo do tempo.

Tudo começa com o surgimento do ilusionismo, onde as pessoas no palco precisavam da interação do público para o andamento do que era mostrado. Assim, era quebrado o conceito de “solidão pública”, onde os atores antes ignoravam por completo a existência dos espectadores. Este conceito também foi chamado de “quarta parede” pelo filósofo e dramaturgo Denis Diderot em 1758, se referindo à esta divisão invisível entre o palco e o mundo externo.

metalinguagem Mulher-Hulk

Exemplos de metalinguagem

A forma como isso aparece, pode ser bastante variada, indo desde uma metalinguagem sutil usada em ‘O Último Grande Herói’ ou ‘A Rosa Púrpura do Cairo’. Até a criação de uma obra dentro da obra, como em ‘O Show de Truman’. E claro, isto não está restrito apenas ao audiovisual. Obras como ‘A Escolha de Sofia’, e o ‘Homem-Animal’, de Grant Morrison, já traziam esta quebra da parede invisível para dialogar com o público e aceitar o seu caráter ficcional.

Esta quebra pode ser completamente despercebida, como no final dos episódios de Dragon Ball. Ali, Goku dialoga com o público sobre o que acontecerá na sua vida no próximo episódio (e muitas vezes ainda te dá um título com spoiler). Em outros casos, esta quebra está principalmente no olhar e pequenos comentários. Como Frank Underwood de ‘House of Cards’, ‘Fleabag’ ou mesmo o Jim de The Office. Em casos extremos, temos os exemplos de metalinguagem nos quadrinhos e cinema/série com Deadpool e Mulher-Hulk. Ambas chegam a quebrar mais do que quatro paredes, ao não somente se identificar como personagens de uma obra, mas chegar a transitar entre outras.

Presente desde sempre

Aos poucos percebendo o como é curioso este grande murmúrio quando o artifício é feito (e bem feito) em obras modernas, e chegamos a nos esquecer de como está presente em coisas que consumimos até mesmo na infância. Os personagens da Turma da Mônica, por exemplo. Ele não apenas olham para o leitor, como interagem com o próprio Maurício de Sousa. Além disso, personagens animados como o Pica-Pau; Papaléguas; Tom & Jerry; Máskara e tantos outros sempre olharam ou até mesmo dialogaram com crianças que os assistiam. E não podemos esquecer do nosso grande amigo Ferris Bueller que nos contava como iria curtir sua vida adoidado no seu dia de folga.

Apesar de ter um excelente efeito de humor, como seu uso incrível por Rui e Vani na série ‘Os Normais’, a quebra da quarta parede também pode causar um efeito dramático, ou mesmo aterrorizante. Pessoas gritaram e pularam em 1903 quando um personagem do filme ‘O Grande Roubo de Trem’ atirou para a tela. E como não lembrar da piscadinha maquiavélica em ‘Violência Gratuita’?

Por fim, o termo está em alta novamente com o final da série Mulher-Hulk: Defensora de Heróis. Além disso, o vindouro Deadpool 3 que já iniciou sua onda metalinguística desde o anúncio com Hugh Jackman. Até lá, podemos aproveitar esta intimidade entre personagens e público, com obras como: ‘O Lobo de Wall Street’; ‘Alta Fidelidade’; ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’; ‘O Fabuloso destino de Amelie Poulain’; ‘Os Bons Companheiros’ e aquele filme cujo título não falamos sobre. É a primeira e segunda regra.

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