‘Avatar: O Último Mestre do Ar’ acerta em adaptar a história original

Fernanda Fernandes

‘Avatar: A Lenda de Aang’ foi definitivamente uma série animada muito bem avaliada, portanto, é de se esperar que a missão de adaptar em live-action um universo tão bem desenvolvido não seria uma tarefa fácil. Especialmente após o filme lançado em 2010, dirigido por M. Night Shyamalan, que possui nota 4,0/10,0 no IMDb. Porém, é bom poder dizer que a Netflix acertou em mais uma adaptação.

Embora a série homônima, lançada em fevereiro tenha suas questões, uma delas certamente não é preservar a semelhança com a animação de 2005. Ao longo dos oito episódios, a série consegue manter um bom equilíbrio entre trazer coisas novas, como aprofundar o genócidio dos Nômades do Ar e o momento da tomada do reino de Omashu, e trazer a realidade momentos marcantes como a aparição do Espírito Azul.

Avatar: O Último Mestre do Ar

Escolhas corajosas

Inicialmente, a estética da série pode gerar um pouco de estranheza e até uma sensação de cosplay, o modo como a narrativa cativa o telespectador e aprofunda os personagens faz com que aquele universo se torne mais palatável, até que após alguns episódios já é possível se sentir imerso no mundo de Avatar.

Vale ressaltar também que as escolhas de trazerem alguns personagens, os quais originalmente, não estão presentes na primeira temporada, como Azula (Elizabeth Yu), Ty Lee (Momona Tamada) e Mai (Thalia Tran) ao invés de embaralhar a história, acrescentam aspectos positivos na série e mostram mais da relação delas e da vida da Azula na Nação do Fogo.

Quanto ao elenco, tanto o trio principal (Aang, interpretado por Goden Cormier, Sokka, vivido por an Ousley, e Katara, vivida por Kiawentiio) como os antagonistas Zuko (Dallas Liu) e Zhao (Ken Leung) entregam uma atuação ascendente e abraçam as dualidades que seus personagens possuem. Yue (Amber Midthunder), General Iroh (Paul Sun-Hyung Lee) e Suki (Maria Zhang) também se destacam durante a série.

Mudanças na cronologia da história

Em geral, é possível notar que as mudanças tanto na cronologia da série como no Estado Avatar não são incômodas e não alteram bruscamente o universo da série. Além disso, um destaque da produção da Netflix está no fato de que mesmo que algo tenha sido alterado, consegue manter a essência da história.

O arco contado nos episódios Omashu e Into The Dark abordam diversos capítulos do desenho, como “O Rei de Omashu”, “Jato”, “O Templo de Ar do Norte” e “A Caverna dos Dois Amantes”. Por mais que no live-action, tudo isso se passe no reino de Omashu, a interconexão entre os acontecimentos é bem feita e até uma forma interessante de adaptar a história.

Afinal, mesmo que o tempo total dos 8 episódios do live-action e dos 21 capítulos do desenho sejam semelhantes, os cortes na narrativa são diferentes. Dessa forma, contar uma história em capítulos de 20 minutos não seria o mesmo do que em cerca de uma hora.

Destaco também o arco dos episódios Spirited Away – aqui aparentemente pode até ser uma referência ao filme homônimo do Studio Ghibli, dirigido por Hayao Miyazaki – filme e Masks que adapta capítulos como “Solstício de Inverno: O Mundo Espiritual”, “Solstício de Inverno: Avatar Roku”, “O Espírito Azul” e “A Tempestade”.

Também é possível apreciar a presença mais forte de avatares anteriores como Kyoshi (Yvonne Chapman), Roku (C.S. Lee) e Kuruk (Meegwun Fairbrother), sendo que o último é ainda mais explorado, algo que não é visto de forma tão presente na animação.

Uma série sobre guerra poderia ser leve?

Com relação às mudanças de tom de narrativa, creio que no momento acentuado de conflitos que vivemos, seja com a guerra na Ucrânia, prestes a completar dois anos, ou o conflito entre a Palestina e Israel que é ainda mais antigo e complexo, acredito que a série acerta em trazer algo um tanto mais sério.

É importante notar que a linguagem animada também favorece que a história pareça mais com uma comédia mais acentuada. No entanto, pensando em algo live-action, esse tom poderia soar incômodo e tirar o peso que uma guerra realmente tem.

Além disso, o fato da produção da Netflix conseguir elaborar questões pessoais dos personagens de forma mais profunda, como a morte da mãe da Katara, o sumiço do Aang por 100 anos, as inseguranças do Sokka – devo admitir que nesse caso, não senti falta da presença do machismo no desenvolvimento do personagem – e a luta do Zuko contra o próprio pai, faz com que vejamos as dualidades dos personagens que conhecemos de um novo jeito.

Por fim, a série da Netflix é uma adaptação com bastante potencial que vale a pena os fãs do avatarverso assistirem, pois ela mescla com exatidão o que adaptar e o que manter praticamente igual, podendo encantar o público que desconhece o desenho e alimentar a nostalgia dos fãs.

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Trailer – Avatar: O Último Mestre do Ar

Ficha técnica

Título original: Avatar: The Last Airbender
Criação: Albert Kim
Direção: Michael Goi, Roseanne Liang, Jabbar Raisani, Jet Wilkinson
Roteiro: Gabriel Llanas, Cristiane Boylan, Albert Kim, Andrey Wong Kennedy, Keely MacDonald, Joshua Hale Fialov
Elenco: Gordon Cormier, Kiawentiio, Ian Ousley, Dallas Liu, Paul Sun-Hyung Lee, Daniel Dae Kim
Onde assirtir: Netflix
Temporada: 1
Episódios: 8
Duração: 55 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: ação, aventura, comédia, drama
Ano: 2024
Classificação: 14 anos

Fernanda Fernandes

Jornalista, tagarela, baixinha e que não vive sem um bom filme, livro ou dorama no fim do dia.
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