‘Aves de Rapina’ | CRÍTICA SEM SPOILERS
Paulo Cardoso Jr.
Depois do fiasco de crítica que foi “Esquadrão Suicida”, desenvolver um projeto que fosse um subproduto dele poderia parecer bem arriscado. Porém, não é o caso de Margot Robbie e sua personagem. Arlequina, foi um dos destaques e uma das personagens que o público mais se identificou. O longa-metragem Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa aproveita muito da dinâmica e do visual colorido do seu antecessor para dar uma ideia de que são do mesmo universo e que é uma continuação, mas as semelhanças param por aí.
Aves de Rapina poderia ser muito bem um filme independente sem sequer mencionar “Esquadrão Suicida”, mas como a personagem nasceu lá, a conexão é quase que inevitável. Aliás, como o próprio subtítulo diz, o que vemos é a emancipação da protagonista.
Com uma narrativa muito rápida, a personagem pode ser facilmente comparada com Deadpool, pelo seu jeito de falar o tempo todo, sem nenhum tipo de censura, moral ou ética nas suas atitudes.
A TRAMA
A história é muito simples: depois de anos se sujeitando aos caprichos do seu namorado Coringa, Arlequina se cansa de nunca ser levada a sério, de não ser tratada como merece e decide romper seu relacionamento com o maior sociopata de Gotham City. Só que, sem a “proteção” do seu namorado, todos os seus desafetos apareceram para tentar matá-la. Esse é, basicamente, o enredo do filme.
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A trama não segue uma linha cronológica com início, meio e fim e é toda partida mostrando como conheceu cada personagem. Sabe quando você está falando com alguém sobre um assunto, lembra de algo, muda sua história e depois volta ao que estava falando? Aves de Rapina é exatamente assim, fragmentado, como a mente da protagonista.
AS ATUAÇÕES
Margot Robbie nasceu para fazer essa personagem. Com um sorriso largo que parece ter saído de um desenho animado, a atriz rouba a cena todas as vezes que aparece. Nenhum dos outros colegas de elenco tem seu carisma e, infelizmente, quando não estão dividindo a cena com Arlequina, não conseguem se manter por muito tempo.
O que mais se aproxima da sua atuação é o veterano Ewan McGregor, que interpreta o vilão Máscara Negra. Umas vezes sádico, outras vezes depressivo, outras eufórico, ele é o inimigo perfeito, com múltiplas personalidades e capaz de contrastar com a imprevisível Arlequina. Ao som de “Hit Me With Your Best Shot”, “Barracuda”, entre outras, as anti-heroínas entregam várias cenas com muita ação, que foi o que decepcionou em “Esquadrão Suicida”.
CONTINUAÇÃO BEM-SUCEDIDA?
Assim, entre mortos e feridos o que fica de bom em Aves de Rapina é a continuação de projetos de filmes de vilões e anti-heróis. No entanto, infelizmente é um filme previsível. Por ser uma personagem tão complexa, Arlequina merecia um enredo melhor e mais elaborado, algo que estivesse à altura da sua personagem.
Mas só pelo fato de conseguir se desmembrar com êxito de “Esquadrão Suicida” e de se manter sozinha longe do Coringa, isso já é ótimo e abre várias possibilidades de outras trabalhos solo.
Além de apostar em filmes com uma faixa etária maior, percebemos, cada vez mais, filmes estrelados por mulheres tanto no universo DC quanto na Marvel. “Mulher-Maravilha” teve seu filme solo, mas ela já havia aparecido em “Batman vs Superman” como ponto de equilíbrio entre os machões e até mesmo em “Liga da Justiça” ela mostra liderança. Em “Aquaman”, a personagem Mera (Amber Heard) é quem conduz Arthur Curry (Jason Momoa) a se transformar no Rei dos Mares.
Aves de Rapina deixa a desejar em alguns aspectos, mas entrega o que promete: muita ação e violência gratuita da melhor qualidade. Acompanhem os créditos até o final para uma “cena” surpresa da Arlequina. Até a próxima.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn
Direção: Cathy Yan
Elenco: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Rose Perez, Chris Messina, Ella Jay Basco, Ali Wong, Ewan McGregor.
Distribuição: Warner Bros
Data de estreia: quarta, 05/02/20
País: Estados Unidos
Gênero: Ação
Ano de produção: 2019
Duração: 116 minutos
Classificação: 16 anos