‘Babilônia’ entrega o que promete: cinema como arte atemporal
Cadu Costa
O cinema não é conhecido como a sétima arte à toa. Desde os seus primórdios de um trem chegando à estação sendo filmado, fascina tudo que envolve uma câmera na mão e imagens passando numa tela grande.
Por isso, entender o contexto do novo filme de Damien Chazelle (“La La Land”, 2016) é fundamental. Primeiramente porque estamos falando de não uma história real, mas de várias delas em um único filme.
Decadência, depravação e excessos escandalosos são a tônica do filme Babilônia (Babylon), que reuniu astros como Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire.
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Personagens do filme Babilônia (2023)
Para iniciar a trama ambientada numa Hollywood dos anos 1920, uma sequência extraordinária de uma festa libertina, maníaca, brilhantemente suja, selvagem e grotesca com direito a drogas, sordidez e elefantes.
Nesse pano de fundo, acompanhamos a vida de quatro personagens:
- Jack Conrad (Pitt), um astro do cinema mudo, inspirado em atores da época, como Douglas Fairbanks e John Gilbert;
- Nellie LaRoy (Robbie), também baseada em várias atrizes da vida real como Joan Crawford e Clara Bow;
- Manuel ‘Manny’ Torres (Diego Calva), inspirado no produtor cubano da época, Rene Cardona, que se tornou um executivo dos estúdios, e a estrela mexicana Ramón Novarro;
- Sidney Palmer (Jovan Adepo), um trompetista inspirado nos músicos da vida real, Sidney Easton e Duke Ellington, que tocavam em casas noturnas de Hollywood com algumas participações esporádicas em filmes.
Ode à indústria d0 cinema
Com a apresentação desses icônicos personagens, o ponto central da trama de Babilônia é a sacudida da indústria do cinema causada pela mudança da linguagem muda para a falada. Por isso, é preciso embarcar na história que Chazelle quer contar, que nada mais é que uma ode à indústria cinematográfica.
Dito isto, se você passar pela já citada primeira sequência digna de Oscar, onde vemos um extravagante bacanal libidinoso de corpos contorcidos, narizes cobertos de cocaína e atos sexuais escandalosos maravilhado, então esse filme é pra você. Mas, com certeza, não é para todos.
Excessos
Babilônia fala de uma época de excessos em que a reputação ia às favas contanto que o público abraçasse os filmes e seus astros. E é aí que a personagem Elinor St. John (Jean Smart) tem a sua importância. Inspirada na Louella Parsons, que foi uma das principais colunistas de fofocas sobre os bastidores de Hollywood durante décadas, ela escrevia sobre tudo que via e sabia e seu conhecimento impulsionava ou acabava com carreiras dentro da indústria. E essa influência chega num embate com o personagem de Pitt, numa das cenas com alguns dos diálogos mais diretos da história do cinema.
É claro que Babilônia é cansativo em suas mais de três horas. Muito de sua narrativa se perde pelo meio, e é uma tarefa um tanto árdua não se manter cansado em meio à algumas maravilhas apresentadas. E algumas delas atendem pelos personagens principais: o Jack Conrad de Brad Pitt tem cenas impressionantes de um homem louco, amargurado por seu tempo estar passando diante de sua frente e a infelicidade encontrada em festas e relacionamentos tão líquidos quanto seus copos de whisky.
Elenco sublime
Diego Calva puxa a linha do personagem que não sabemos como torcer com seu Manny Torres, ora ingênuo, ora poderoso, ora decadente. Jovan Adepo é outra grata surpresa por apresentar o músico preto que tem de lidar com o racismo dentro de um EUA altamente controverso. Em particularmente uma cena, vemos o grande talento do ator e como deve ter sido dolorido fazê-la.
E finalmente temos Margot Robbie sendo mais lunática com Nelle LaRoy do que com Arlequina de “Esquadrão Suicida”. Controversa, desbocada, delirante, talentosa, perigosa, a atriz simplesmente entrega a força sexual e explosiva de todo o filme. Ainda sobra tempo para a aparição de um Tobey Maguire como um chefão do crime excêntrico que desperta gargalhadas e mostra que ele poderia ter sido muito mais do que um certo atirador de teias caso essa mesma Hollywood não gostasse de colocar rótulos em seus astros.
Por fim, é isso que Babilônia é: um filme exagerado, desprezível, mas intelectual que vai lutar para encontrar um público fiel. Mas ele será extremamente grato por não saber se foi espancado até a submissão por mais de três horas ou se assistiu loucura grandiosa, audaciosa e sublime.
Onde assistir ao filme Babilônia (2023)?
A saber, Babilônia estreia nesta quinta-feira, 19 de janeiro de 2023, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
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Trailer do filme Babilônia (2023)
Babilônia (2023): elenco do filme
Brad Pitt
Margot Robbie
Tobey Maguire
Jean Smart
Olivia Wilde
J.C. Currais
Diego Calva
Jimmy Ortega
Ficha Técnica do filme Babilônia (2023)
Título original do filme: Babylon
Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Damien Chazelle
Duração: 188 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano: 2023
Classificação: 18 anos