Berilo: o céu é o limite
Monique Ferreira
Antes de mais nada, vamos as apresentações. A banda Berilo nasceu em Uberlândia (MG), mas isso não os define: eles não aceitam limites, sejam geográficos ou musicais. A saber, seu primeiro EP foi lançado em abril de 2020 e é um convite à libertação, com referências a viagens espaciais.
Composto por Isa Pimenta (vocais), Cláudio Rocha (bateria) e Paulo Machado (guitarra), o trio apresenta um rock alternativo moderno com uma pegada dançante e agressiva.
Portanto, trocamos uma ideia com a vocalista do trio para descobrir os segredos por trás do processo criativo e das canções.
Confira!
A Berilo tem uma discografia recente, porém já começou extraordinária. O primeiro EP, ‘Inner Space’, é formado por cinco músicas potentes, cheias de personalidade e conta com a participação do Rappin’ Hood. Como foi o processo de formação da banda e a construção para chegar nesse conceito?
Isa Pimenta: A Berilo nasceu por puro acidente. Um dia fizemos um show juntos de forma totalmente despretensiosa e a química em cima do palco foi instantânea. Foi amor à primeira vista!
O nosso primeiro EP surgiu da necessidade de entendermos processos de mudanças bruscas. Estávamos todos passando por etapas complicadas nas nossas vidas pessoais. Os planetas se alinharam pra podermos compreender essas etapas juntos através da música.
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A química em cima do palco funcionou bem, mas e fora dele? Como rola o processo criativo e a integração entre as referências de vocês?
Você já deve ter ouvido falar que banda é igual casamento (risos). Nós não somos exceção. Somos muito diferentes e já brigamos muito, mas no final do dia entendemos que só temos uns aos outros.
Nós nos amamos, ocasionalmente nos odiamos, mas estamos juntos, e o processo criativo se beneficia muito dessa relação. Cada um de nós é bom em um determinado campo e o segredo é entender que um de nós nunca será melhor do que o grupo unido.
E na sequência de lançamentos temos “Drop The Rope”, uma balada minimalista que soa como um abraço nesses tempos difíceis. Como foi a composição e produção dessa faixa?
Estávamos em processo de composição do nosso primeiro disco e os efeitos da pandemia travaram a banda criativamente durante um tempo. Buscávamos sonoridades agressivas, porque são nossas preferidas.
Mas “Drop The Rope” nasceu em 10 minutos como um abraço que há muito tempo não dávamos no nosso público. A produção foi tão orgânica quanto. O Beto Rosa (produtor musical) foi incrivelmente sensível com o nosso trabalho e tudo não podia ter fluido melhor.
E agora? Vocês pretendem investir mais nesse estilo de som ou devemos esperar agressividade nos próximos lançamentos?
Olha só ela, querendo spoilers (risos)! “Drop The Rope” nos inspirou a investigarmos mais nosso lado introspectivo, e nosso disco tem músicas que exploram feridas mais profundas. Mas, numa visão mais global, os próximos lançamentos são intensos.
A economia criativa no Brasil não é um mercado fortalecido, e mesmo assim vocês vivem exclusivamente de música. Como isso funciona sem um contrato com gravadora?
Infelizmente, por causa da pandemia, precisamos procurar fontes alternativas de renda, mas o foco e as prioridades continuam. Estamos trabalhando muito para participar do crescimento criativo do Brasil. Nosso país tem artistas incríveis.
Nesse sentido, o que vocês recomendam para novos artistas que querem se desenvolver dentro desse cenário nacional?
Mantenham o foco e não parem de compor nunca. A criatividade é um exercício muito mais do que um dom. Tomem cuidado com as propostas que parecem boas demais pra ser verdade, valorizem os fãs e a equipe. E lembrem-se, o ego excessivo mata o talento, por isso, o individual nunca vai ser maior do que o time.
Vocês também pensam na cena estrangeira. Quais são as principais diferenças que vocês identificam entre Europa / EUA e Brasil para se trabalhar com música?
A diferença começa pelo incentivo. Fora do Brasil, instrumentos são mais baratos, as escolas valorizam mais as artes. A música é melhor reconhecida como carreira e existem mais pessoas trabalhando no ramo com qualificação.
Entretanto, nada se compara ao entusiasmo e fibra do público brasileiro. Parece que sentimos música de forma diferente. É uma pena que nossos líderes há tempos não valorizem a educação, que dirá as artes. O Brasil tem grande potencial, por isso incentivamos tanto a cena autoral brasileira.
Qual vocês acreditam ser a missão da banda na cena artística e na sociedade em geral?
Antes de todo o resto, queremos que o nosso público se divirta tanto quanto nós quando estamos em cima do palco. A nossa missão nada mais é do que unir as pessoas.
Como é a relação de vocês com os fãs? O que consideram importante nessa relação?
Nem sei se podemos chamá-los de fãs. São nossa razão de fazer o que fazemos, e procuramos sempre estar o mais próximo possível de quem curte o nosso som.
Por isso, uma das coisas mais cruéis que a pandemia nos impôs foi a distância dessas pessoas. Às vezes nossos fãs nos entendem muito mais do que nós mesmos. Sentimos uma falta imensa de estar fisicamente perto deles.
E para fechar: quais são as três bandas da cena alternativa nacional que vocês levariam para um passeio no espaço?
No nosso foguete cabe todo mundo, mas tem espaço reservado para as meninas da Binarious, para o Ego Kill Talent e para o Emicida. E, é claro que o nosso rei Rappin’ Hood não pode ficar de fora da nossa viagem.
Conheça o trabalho da Berilo
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho.
Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!