Lâmmia

Foto de capa: Karin Santa Rosa

Lâmmia: peso e melodia em combinação arrasadora

Guilherme Farizeli

Antes de mais nada, vamos ao início de tudo. Formada no Rio de Janeiro em 2017, a Lâmmia mistura um instrumental pesado e denso, ajustado à melodias blueseiras que são potencializadas pela voz cortante da vocalista Carmen Cunha.

Além disso, o quarteto conta com Dony Escobar na guitarra, Luiz Gustavo no baixo e Jonas Cáffaro na bateria.

A saber, o primeiro trabalho da banda foi um EP homônimo com seis músicas, lançado em abril de 2018. O lançamento rendeu ótimas críticas no Brasil, Europa e EUA, ao passo que entrou em diversas playlists pelo mundo afora e listas de melhores lançamentos do ano.

O grupo lançou o single “Pulling Chain“, que ganhou um videoclipe, no mesmo ano de 2018. Em junho de 2019, lançaram o novo single “My Layne“, terceiro trabalho lançado em parceria com o selo Abraxas.

Agora em 2020, por ocasião do isolamento social, a banda lançou Acid Tracks, uma compilação incluindo demos feitas em casa, versões ao vivo e duas músicas inéditas.

Confira, portanto, nosso bate-papo com a galera da Lâmmia:

Fala, galera! Obrigado por conversar com o ULTRAVERSO! Conta pra gente como surgiu a ideia de formar a Lâmmia?

Dony: Salve, Guilherme! Prazer total estar aqui no Ultraverso! Formamos a banda em 2017. Eu já tocava com o Jonas no Matanza e, rolava essa pilha da gente fazer outra banda para levar um som. Convidamos o Luiz Gustavo para o baixo e depois a Carmen para assumir os vocais e acabou fechando lindamente.

Qual banda ou tipo de sonoridade vocês tinham em mente quando decidiram se juntar e escrever as canções?

Dony: A ideia inicial era juntar aquela onda genuína das bandas de heavy rock dos anos 70 com melodias que soasse bem para os nossos ouvidos.

Não queríamos ser mais uma banda de rock pesado com um monte de riffs soltos e um vocal gritando qualquer coisa, saca? Por mais que o nosso som tenha peso e densidade, elas acabam indo para um formato mais cancioneiro, com intro, estrofes, refrões chicletes, etc.

Nós amamos Black Sabbath, Nirvana, Mutantes e Beatles. Com certeza, essas bandas são referências.

Tem alguma história especial por trás do nome da banda?

Carmen: Lâmia é uma criatura mítica demoníaca que aparece em diversas culturas diferentes. Entretanto, na sua versão mais conhecida, ela é uma demônia com corpo de mulher e cauda de cobra que se alimenta de criancinhas (risos).

Lâmmia
(Divulgação Lâmmia/Foto: Raiza Falcão)

Dony, imagino que você se sinta igualmente realizado tocando guitarra ou baixo. Mas, em termos de composição, quais são as principais diferenças que você sente entre os dois instrumentos?

Dony: Boa pergunta! Eu realmente gosto de ambos. Me sinto mais a vontade com a guitarra para compor músicas no formato canção. Talvez, por me trazer mais possibilidades de explorar melodias e etc.

No Trama X (que é um projeto Rock/Eletrônico/Experimental) eu já costumo desenvolver as coisas a partir de uma linha de baixo.

“My Layne” é uma das minhas músicas preferidas (tá na minha playlist do Spotify de mulheres vocalistas, hehe). Qual a inspiração por trás dessa canção?

Carmen: Que legal! A inspiração dessa música veio de um momento em que a minha vida amorosa estava uma desgraceira e parecia que eu estava em um rodamoinho de coisas ruins que se repetiam de novo e de novo.

Pra sair dessa, eu inventei um namoro imaginário com o Layne Staley, ex-vocalista do Alice in Chains, que faleceu em 2002. Funcionou! E ainda virou música!

Carmen, vc tem um projeto irado, chamado Carmen Blues, com uma pegada diferente da Lâmmia. Na hora de compor, a energia criativa vem do mesmo lugar ou são emoções diferentes que você emprega em cada uma das bandas?

Carmen: Tem energias bastante diferentes, sim. No projeto Carmen Blues, eu parto de um ponto de vista mais realista, de lidar com as minhas questões de uma forma real e encarando minhas limitações.

Já na Lâmmia eu sinto como se estivesse em um universo fantástico, onde posso me transformar em uma demônia, uma vampira, uma bruxa superpoderosa, ou simplesmente eliminar alguma limitação da vida real, como não poder namorar com os mortos (risos).

Como tem sido esse período de isolamento social para vocês? Quando teremos um novo álbum ou EP da banda?

Jonas: Estamos todos bem reclusos e chateados, como todos os músicos e trabalhadores da cultura em geral. Aproveitamos pra reunir um material com algumas gravações ao vivo, versões demo de músicas, e lançamos um EP chamado Acid Tracks.

A ideia é lançar algum material novo também, gravado por cada um nas suas respectivas casas, já que é o que dá pra fazer por enquanto. Disco novo mesmo, só quando pudermos ensaiar. Porque o processo de composição necessita das quatro peças da banda ali no estúdio, juntas e pensando.

Quais são as expectativas que vocês têm em relação à Lâmmia? E indo um pouco além, vocês enxergam o rock no Brasil ainda como um elemento de contracultura ou acham que esse papel ficou exclusivamente para as bandas independentes?

Jonas: Por hora, o plano é nos manter vivos e saudáveis, tanto fisicamente quanto psicologicamente (risos). Mas, falando sério: a banda existe porque nós gostamos muito do que fazemos juntos. Então, não vemos a hora de ensaiar, fazer shows e ver pessoas.

O rock, na minha visão, ainda ocupa um lugar de contracultura muito forte, ainda que relegado ao underground. Inclusive, acredito que justamente por ter saído da grande mídia é que ele se mantém vivo e contestador.

É claro que tem uma ala conservadora, assim como em qualquer estilo musical. Olhando pro quadro geral, vejo que as novas gerações têm ido muito mais pra outros estilos, como o rap, que sempre foi contestador, e isso é ótimo.

Conheça o trabalho da Lâmmia

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho.

Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
NAN