ENTREVISTA: Scalene retorna ao rock em novo single e futuro álbum
Rafael Vasco
A banda Scalene acaba de lançar o vibrante single ‘Febril’, já disponível nas plataformas digitais. Assim, o grupo formado pelos brasilienses Gustavo Bertoni (vocal e guitarra), Tomás Bertoni (guitarra e teclado) e Lucas Furtado (baixo) retorna à sonoridade pesada depois de uma incursão pela MPB, que resultou no disco ‘Respiro’ (2019) e o EP ‘Fôlego’ (2020).
Aliás, a nova faixa mostra a banda em sua melhor forma rock and roll, com guitarras e sintetizadores marcantes. Portanto, parece que estamos diante de uma prévia do que vem por aí, uma vez que ‘Febril’ estará no próximo álbum inédito da Scalene, ainda sem previsão de lançamento.
Criada em 2009, a banda coleciona grandes feitos na carreira, ganhando o Grammy Latino de ‘Melhor Álbum de Rock em Português’ pelo disco ‘Éter’ (2015). Além disso, os músicos foram destaque no palco principal do Rock in Rio, em 2017, um dos maiores festivais de música do mundo.
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Sendo assim, o ULTRAVERSO convidou a Scalene para um bate papo em que falaram sobre o novo single, carreira, próximo disco e expectativas para voltarem aos palcos. Então, acompanhe a nossa conversa com Lucas Furtado e Tomás Bertoni:
ULTRAVERSO: Vocês acabam de lançar o single ‘Febril’, que marca o retorno da Scalene à sonoridade mais pesada, diferente da tranquilidade dos últimos trabalhos. Porém, em que momento e o que motivou essa volta ao rock?
LUCAS FURTADO: Nosso plano sempre foi vir com um disco mais pesado depois do ‘Respiro’, de 2019. Durante o período dos últimos trabalhos, quisemos explorar mais de influências que sempre fizeram parte do nosso som, mas que se encaixam em um estilo menos pesado e foi ótimo trazer essas vertentes artísticas para dentro do nosso trabalho. Entretanto, agora estamos explorando um outro lado que talvez seja mais familiar para o nosso público, mas que também carrega muita novidade e novos elementos.
Sabemos que esse single fará parte do novo disco da Scalene, ainda em processo de finalização. Podemos esperar mais canções nesse estilo?
LUCAS: O disco está bem diverso dentro do estilo “música pesada” [risos]. Não vamos dar spoilers, mas tem várias coisas legais por vir e quem curtiu “Febril” vai ter muita coisa legal para escutar.
Aliás, a letra de ‘Febril’ soa forte e reflete certa angústia. Sendo assim, em que medida ela retrata o momento que vivemos no país?
LUCAS: Essa é uma música que fala de perda, luto, raiva, sentimentos que estão entalados na nossa garganta durante os últimos anos. Assim, qualquer pessoa com o mínimo de consciência e humanidade consegue se relacionar com a sensação de impotência generalizada causada pelo período de pandemia, bem como todos os sentimentos pesados que isso acarretou.
Várias pessoas (incluindo nós da banda) perderam parentes e amigos próximos. Temos vivenciado a devassa econômica, cultural, política e ambiental do nosso país no atual governo. Aliás, pelo mundo as coisas também não andam bem. Portanto, essa música trata exatamente sobre esses sentimentos.
Falando nisso, a banda fez várias lives interativas durante a pandemia, através do projeto ‘Respirando na Quarentena’, como forma de encurtar a distância com o público. Podem avaliar o que de bom ficou dessa experiência e se a repetiriam?
LUCAS: O “Respirando na Quarentena” foi um experimento muito legal para criarmos um ponto de contato diferente com nosso público. Isso só foi possível porque tivemos esse período de refazer todos os planos e dar uma pausa forçada no trabalho que estava sendo feito. Em tempos normais é um pouco impossível conseguirmos ter um fluxo de tempo e dedicação para fazermos coisas assim.
Logo, um projeto como este, provavelmente não vai acontecer em um futuro próximo. Porém, estão nos nossos planos a produção de conteúdos similares aos que rolaram dentro dele. A parte mais legal que ficou disso foi a criação e fortalecimento de um senso de comunidade entre as pessoas que participaram dessa troca com a gente. Muitos se conheceram ali e provavelmente vão continuar sendo amigos para o resto da vida.
A Scalene já fez shows pelo país inteiro, tocou em grandes festivais de música, como Loolapalloza e Rock in Rio. Portanto, qual a expectativa para o retorno aos palcos?
LUCAS: O retorno das atividades culturais, principalmente no nosso mercado, ainda é permeado por bastante incerteza. Diante disso, ao mesmo tempo em que temos várias coisas começando a rolar agora e outras sendo programadas paro o futuro próximo, ainda temos que ser conscientes, porque a pandemia ainda não acabou.
Acredito que teremos um período de experimentação nos próximos meses, com eventos em formatos diferentes e análises do que está funcionando ou não. A partir daí, mais para frente, todo o mercado vai entender melhor como as coisas vão rolar. Entretanto, temos esperança de que logo seja possível termos as casas lotadas em todos os tipos de eventos, mas ainda existe um período de entendimento disso pela frente.
A saber, no último disco de estúdio, ‘Respiro’ (2019), a Scalene contou com a participação de Ney Matogrosso na faixa ‘Esse Berro’. Nesse sentido, quais seriam outras parcerias musicais que ainda sonham em fazer?
LUCAS: Nós gostamos muito de colaborar com outros artistas. Além do Ney, o “Respiro” também tem participações de Xênia França e Hamilton de Holanda, e também temos vários singles com outros artistas. Não saberia apontar artistas que “sonhamos” colaborar, mas estamos sempre abertos à oportunidade de fazer coisas com uma galera, independente do estilo e nacionalidade.
Neste ano conseguiram o primeiro certificado de ouro da banda, pela faixa ‘Amanheceu’, que atingiu mais de 20 milhões de plays no streaming. Como receberam esse reconhecimento? Consideram esta canção o principal hit que tiveram?
LUCAS: É sempre bom ter o trabalho reconhecido e essa certificação de ouro com “Amanheceu” tem um gosto especial. Essa música tocou o público de forma tão intensa, que foi executada mais de 20 milhões de vezes e isso para a banda é maravilhoso. Nos dá um gás para continuarmos trabalhando e também é um ótimo momento para apreciarmos tudo o que fizemos até aqui nessa trajetória de mais de 10 anos. Sobre ser o maior hit, com certeza é a música mais ouvida, mas nosso catálogo é tão diverso no sentido de estilo de música e mensagem que fica difícil apontar qual seria “o maior” [risos].
Para finalizar, podem dizer quais bandas de rock brasileiro vocês estão ouvindo no momento e gostariam de indicar para o nosso público conhecer também?
TOMÁS: Tagore, Putz, Giovanna Moraes e Black Pantera.