Varney aposta em nova sonoridade para álbum ‘IDEAL’
Monique Ferreira
A Varney é uma banda questionadora. Baseado em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, o grupo abusa dos conceitos e referências para formatar suas criações musicais. Logo, não poderia acontecer de outra forma em seu novo trabalho. “Ideal” é o primeiro single do álbum homônimo que não apenas apresenta uma nova Varney, mas também traz novas sonoridades para as faixas.
O novo material vem com o peso do industrial, rock alternativo e pós punk. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2021. Para saber mais sobre ‘IDEAL’ e os planos da banda, convidamos os integrantes Thiago Corrêa (voz e guitarra), Bruno Soares (guitarra), Bernardo Arenari (baixo) e Arthur Souza (bateria) para conversar.
Confira!
A Varney passou por um grande hiato de quase cinco anos sem lançamentos inéditos. Qual foi a motivação da banda para voltar a lançar?
Thiago: A Varney nunca parou de verdade. Na realidade, nós ficamos muito tempo trabalhando com o material de ‘Fantasma‘. Em seguida, entramos em um projeto de composição de músicas em um formato diferente do costumeiro. Ensaiando todos juntos no estúdio e compondo. Entretanto, esse plano teve que ser interrompido por causa da pandemia. O que nos levou a entrar em um projeto totalmente louco de composição, gravação e finalização à distância.
Nosso novo disco, ‘IDEAL’, foi feito assim, com inúmeras reuniões online. Cada um gravando suas próprias partes e com a mixagem e masterização feitas também à distância. Por fim, ficamos muito felizes com o resultado dessa aventura. Soa muito diferente de ‘Fantasma’, mas soa completamente como Varney.
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Uma das mais fortes características da banda é sempre trazer profundidade em seus temas. O que inspira a expressão artística da Varney?
Bernardo: Nós todos da Varney vivemos mergulhados em um misto de arte e ciência. Gostamos de filosofia e gostamos muito de debater e ler sobre esses temas. A nossa comunhão como músicos é também uma comunhão intelectual. O que faz com que nós sempre tenhamos o tesão de trazer algum tema pra ser debatido no disco.
Então, quais temas inspiraram os seus álbuns?
Thiago: Em ‘Fantasma’, nós fomos influenciados pelo poema “Tabacaria” de Álvaro de Campos e mergulhamos na ideia de Niilismo como libertação. Em “IDEAL” nós debatemos outra prisão, a luta por atingir e vivenciar o ideal, o absoluto, perfeito e irretocável.
É muito importante que lidemos com essa mentira do ideal e comecemos a viver a vida com o que somos e temos. Esse disco nunca existiria se fôssemos esperar as condições ideais para gravar. Foi feito do jeito que dava. Muito melhor do que o ideal é o possível. Viver dentro de possibilidades reais é viver de verdade.
Podemos esperar novas temáticas também no futuro?
Bernardo: Já começamos a trabalhar simultaneamente na divulgação do “IDEAL” e na composição de novas músicas para o disco de 2022, já que levamos em média um ano para aprontar esse último. Certamente vamos seguir com temas fortes para se pensar, mas sempre gostamos que isso seja feito de uma forma mais subliminar.
O que quero dizer com isso é que é plenamente possível ouvir uma música da Varney descolada do conceito do álbum, em uma playlist, sem que fique parecendo uma peça fora de um quebra cabeças. Eu gosto ainda de saber que cada pessoa pode interpretar de maneira pessoal as nossas letras e ter ela mesmo o sentido do que escrevemos. Ouvir essas interpretações e sempre uma alegria.
E considerando o modelo de produção, quais são as expectativas?
Bruno: Uma das coisas que eu particularmente espero é que a gente ainda possa finalizar esse disco juntos fisicamente, em mais jams e em tempos melhores. Mas, dada a nossa situação atual, essa esperança parece cada vez mais distante. Porém, acredito que a Varney é sobre isso também. Resistência. Se não for fisicamente, com certeza tiraremos força disso pra entregar um trabalho cada vez mais desafiador e surpreendente.
Nesse sentido, acredito que o próximo trabalho venha mais pautado em uma sonoridade mais orgânica também. Que tem tudo a ver com as ideias que a gente já tem conversado, mas não posso falar mais sobre isso pra não dar spoilers (risos).
Um assunto tratado no mercado hoje é o quanto a rotina, vida pessoal, posicionamentos e crenças do artista também interferem na sua formação de público. Vocês acreditam que a personalidade de cada integrante gera identificação? Como as nuances de cada um de vocês afeta a persona da banda?
Bruno: Acho que os integrantes da Varney se encontraram e se mantém por tanto tempo por que temos uma mentalidade muito parecida. A construção do que a banda certamente é o resultado de cada um de nos somado. Em “IDEAL” isso está mais evidente do que nunca. Como tudo foi composto com bastante calma, nós pudemos ser cirúrgicos em criar o que realmente estava em nossas cabeças.
Nossas influencias musicais diferentes foram muito importantes. Vemos Emo, Hardcore, Post Punk, Industrial, Alternativo e mais uma infinidade de estilos mesclados em nossa música. E isso certamente é um trabalho de várias cabeças pensando junto.
Quais são os três artistas ou bandas da cena nacional que vocês convidariam para um clube do livro?
Thiago: Primeiramente, a Playmoboys! Temos uma convivência longa e divertida e é ótima! Terno Rei é uma banda que amamos e ainda não sabemos o porquê de ainda não terem dominado o país. Amsterdan, uma banda que estamos muito a fim de trocar referências o quanto antes!
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!