HOME| Filmes

Bandida: A Número Um - Filme 2024 - Leia a nossa crítica - Ultraverso

Bandida: A Número Um mostra como vidas são desperdiçadas por falta de oportunidade

Bruno Oliveira

Bandida: A Número Um é mais um desses filmes em que vemos a ascensão e queda de grandes bandidos brasileiros. Bem ou mal, esse é um gênero que sempre dá certo. Com bom roteiro e direção, é difícil dar errado. Não posso negar que é fascinante. Dessa vez acompanhamos eventos reais que aconteceram na Rocinha entre os anos 80 e o início dos anos 90. A narrativa do longa tem como base o livro A Número Um, de Raquel de Oliveira, que também foi uma cria da própria Rocinha.

Sinopse do filme Bandida: A Número Um

Rebeca (Maria Bomani) foi praticamente abandonada por sua mãe, e sua vó a vendeu para o bicheiro que comandava o tráfico de drogas da Rocinha quando tinha apenas 9 anos. O tempo passou e as dinâmicas do poder entre bicheiros e traficantes mudou toda a sua vida, enquanto acompanhava tudo de perto. Quando ela se apaixona por um dos chefes do tráfico de drogas e logo depois ficando viúva, vê que não tem nada a perder e resolve assumir o comando do tráfico.

Início chocante

O início desse filme me chocou. Ele mostra na realidade como é uma família verdadeiramente pobre e como as coisas degringolam para o pior rapidamente. A mãe de Rebeca voltava do serviço uma vez por semana e deixava a menina sozinha em um barraco enquanto a avó a visitava de vez em quando. Parafraseei uma frase que bateu forte: “minha mãe teve que criar o filho da patroa, enquanto eu estou sozinha em casa”. Isso me pegou e facilmente entendemos como a vida dessa menina pode ter sido sem amor e ido para um lado obscuro onde provavelmente foi sua única opção. Ser vendida aos nove anos para ser uma ‘esposinha’ do bicheiro local é pesado. Pelo menos isso não se concretiza, por alguns motivos que protegem a menina. Ainda bem, mesmo na vida real, isso é pesado até demais.

Fruto de um meio corrupto e deturpado

Gosto de ver esse retrato de décadas atrás e tentar entender como as coisas funcionavam. É bizarro ver em como o próprio Estado ajudou a criar e a financiar os pontos de drogas. A própria polícia fornecia a droga e assim foi-se criando um esquema grandioso que até hoje existe e se torna praticamente impossível encerra-lo. Tudo corrompido, mas quem sofre mesmo são os mais pobres e mais fracos.

Rebeca foi fruto desse meio corrupto e deturpado. Ela era inteligente e realmente parecia estar acima de qualquer um. Uma escolha certeira para líder do bando. Porém, é muito triste notar que se ela tivesse uma chance de verdade poderia ter vivido uma vida plena e de sucesso. A violência que vemos até hoje é fruto da ambição de pessoas que, na teoria, não precisavam disso.

Vai comprar algo na Amazon? Apoie o Ultraverso comprando pelo nosso link.

Maria Bomani como Rebeca

Eu sabia que a atriz Maria Bomani era conhecida de algum lugar, mas não lembrava de onde exatamente. Depois lembrei que ela já foi uma das participantes do BBB, além de ser cantora. Ela não tem muitos trabalhos na área, mas fiquei feliz em notar que conseguiu levar a personagem com excelência e na medida certa. Soube mostrar malandragem e vulnerabilidade necessária para dar profundidade a Rebeca. Esse foi seu primeiro papel no cinema e espero vê-la mais. A título de curiosidade, Natália Deodato que também participou do mesmo BBB que Maria, está no elenco, mesmo que não falas. Lembram que Maria foi expulsa do programa por ter batido o balde na cabeça de Natália? Pois é. Achei curioso relembrar isso aqui rapidinho.

Conclusão

Bandida: A Número Um é um bom filme. Não chega no nível de um Cidade de Deus ou um Tropa de Elite, mas de fato é um bom filme. Para quem gosta do gênero a certeza é de que vai gostar também. Não lembro se a história de Rebeca chegou a ficar famosa, pois eu era pequeno nos anos em que esse longa se passa. De qualquer modo achei interessante uma história do tipo contando a ascensão de uma mulher até o topo do poder. Ao mesmo tempo é triste ver como vidas são desperdiçadas por falta de uma chance de uma vida melhor.