Batman Day

Batman Day | Dia para celebrar o Cavaleiro das Trevas

Pedro Marco

Desde 2014, o terceiro sábado de setembro é separado para celebrar o Batman Day. Em outras palavras, é o dia de celebrar o Grande Cruzado Encapuzado. O Cavaleiro das Trevas. O maior detetive do mundo, capaz de vencer qualquer adversário com o devido preparo. Desde maio de 1939, o grande homem-morcego Bruce Wayne vem conquistando uma popularidade imensa no mercado editorial. Inclusive, chegando ao ponto de a revista mensal onde ele surgiu (Detective Comics) chegar a nomear a editora em que era publicado (DC).

Seguindo a onda contrária da época de tentar replicar o sucesso estrondoso do Superman, o primeiro super-herói do mundo, Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson (constantemente esquecido pela história) decidiram surfar em uma onda nostálgica de heróis como Zorro, Sombra e Besouro Verde para criar um vigilante noturno e sem poderes.

Batman Day

Batman Day

O Batman Day surgiu como uma celebração entre os 75 anos da estreia do morcegão nas HQs, com a San Diego Comic Con de 2014. A partir do ano seguinte, o terceiro sábado de setembro seria anualmente separada para celebrar e promover o personagem. Seja com exposições, promoções, assim como homenagens que vão dos quadrinhos a um bat-sinal na avenida paulista.

Os Batman Day’s foram comemorados em:

  • 2014 – 23 de julho
  • 2015 – 26 de setembro
  • 2016 – 17 de setembro
  • 2017 – 23 de setembro
  • 2018 – 15 de setembro
  • 2019 – 21 de setembro
  • 2020 – 19 de setembro
  • 2021 – 18 de setembro
  • 2022 – 17 de setembro
  • 2023 – 16 de setembro
  • 2024 – 21 de setembro

Batman – Herói ou vilão?

Nascido na tradicional e rica família Wayne de Gotham, o pequeno Bruce parece ter crescido com um privilégio único na humanidade. Além de ter pais extremamente ricos eles ainda eram presentes e amorosos. Características que o suficiente para que a morte dos mesmos quebrasse a psique do garoto de oito anos. Fazendo com que ele, assim, chegasse ao ponto de se tornar um vigilante obsessivo.

Batman Day

Isso traça um paralelo bastante interessante aos leitores mais versáteis de quadrinhos (ou mesmo apreciadores de suas adaptações cinematográficas), onde traumas similares de morte dos pais sendo presenciadas pelo filho, ocorreu ao Demolidor Matt Murdock, que teve seu pai assassinado na sua frente e sua mãe o abandonando para se tornar freira; ou mesmo com o Superman, que perdeu seu planeta natal inteiro, e na vida adulta teve de lidar com o fato de ser o homem mais poderoso do mundo e não poder salvar seu pai.

A diferença

No entanto, entre os três heróis citados, apenas Bruce Wayne se entregou por completo à dor, vingança, rancor, bem como a um estilo de vida solitário e sombrio. Por mais que o advogado cego tenha sido constantemente traído por todos a sua volta, chegando ao ponto de ter sua identidade secreta vendida por um pico de heroína; ou mesmo Clark Kent estando constantemente escutando todos os assaltos, estupros, roubos e demais pedidos de socorro do mundo, a forma de encarar a dor e o luto atingiu o pequeno Bruce de uma forma extremamente particular e incurável.

Esta relação paternal e maternal nunca foi exatamente bem explorada em qualquer mídia mainstream do personagem, o que nos deixa a mercê do conhecimento popular de que o jovem Bruce pudesse já ser, ainda naquela época, cuidado majoritariamente pelo fiel e prestativo mordomo da família. Alfred Pennyworth.

Bruce e Alfred

A relação de Bruce com seu mordomo provavelmente esteja entre os maiores tesouros pouco explorados para entender as motivações do morcegão. Mesmo tendo esta figura amorosa que o criou atentamente desde que nasceu, o viu se tornar um homem, aceitou, bem como apoiou sua transformação em um vigilante encapuzado, e durante toda sua jornada se dispôs a curá-lo, alimentá-lo e limpar toda a batcaverna, uniformes e veículos (ou você acha que mais alguém iria entrar lá para dar uma mãozinha?), Bruce, em suma, se fechou na alcunha de um homem solitário e que não precisa de ninguém.

Esta rejeição contra alguém do qual seria plenamente impossível de ele sobreviver, talvez traga uma identificação de culpa aos leitores que pecam por desvalorizar quem os cuida de forma silenciosa e muitas vezes invisível. E isso, ciclicamente, reflita até mesmo ao Batman que cuida de sua cidade pelas sombras, e quando é creditado pela mídia o pintam como vilão.

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Sidekick

Mas como todo bom cavaleiro solitário, o grande homem morcego também tem companhia. Dick Greysson, Tim Drake, Damian Wayne e tantos outros carregam sobre si o nome do menino prodígio, Robin. O maior sidekick dos quadrinhos que por anos foi questionado em questão moral e ética os fatos de: ser apenas uma criança; de se vestir todo colorido, como uma espécie de alvo; ou mesmo de fazer com que Bruce supra em sua relação com ele, o sentimento de afeto que não teve com seu pai.

Polêmica

Essas questões familiares ou de risco, no entanto, acabam sendo discussões mais atuais, visto que em 1956 o livro “A Sedução do Inocente” de Fredric Wertham via a relação dos dois como um caso nitidamente homossexual e sem pudores, que levou aos quadrinhos a criarem um selo de autocensura na época.

Mas por fim, igualar o Batman aos seus vilões por ambos se apegarem ao alter ego de suas fantasias ao sair pela noite desafiando a lei em prol de seus ideais, pode ser uma decisão perigosa e superficial. Mas que não deixe de fora algumas questões.

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Incoerência

Uma das maiores constantes no cânone do homem-morcego ao longo de suas décadas e dezenas de roteiristas e desenhistas, vem de ele ser um homem bilionário e excêntrico em meio a uma cidade completamente caótica e tida como a mais perigosa do país. E em todos estes 80 anos, uma parcela obscena destes milhões foram gastos em gadgets, carros desnecessariamente luxuosos, uniformes que mudam por pura estética, e demais extravagâncias gananciosas que poderiam ser empregados à segurança pública, educação, sistema carcerário e demais pilares básicos empregados por heróis do mundo real.

Talvez fazer isto acabasse com a cruzada do personagem que teria de pendurar as orelhinhas e perder seu propósito de vida? Ou simplesmente é uma opção consensual entre os roteiristas para que a revista não acabe de vez?
O fato é, até onde o Batman realmente tem prazer no que faz? Até onde parte de seu âmago celebra a fuga do Coringa do Arkham e não se importa com o fato de que ele queimar tantos postes para suas triunfais entradas noturnas deixam as ruas mais perigosas?

O quanto você tem de Batman? O que você faria diferente?

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Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
NAN