BAÚ DO BLAH! | ‘Fogo Contra Fogo’ (1995)

Bruno Giacobbo

Com tantas produções cinematográficas dignas de nota, vide “Profissão: Ladrão” (1981), “O Informante” (1999), “Colateral” (2004) e “Inimigos Públicos” (2009), é possível que muitos fãs e críticos discordem, mas Fogo Contra Fogo (Heat) é, na opinião deste escriba, a verdadeira obra-prima do cineasta, roteirista e produtor Michael Mann, um dos maiores especialistas em filmes de assalto da história do cinema norte-americano. Um longa-metragem gigantesco em todos os sentidos: em sua duração, 170 minutos, na diversidade de astros e rostos conhecidos que desfilam na telona (Robert De Niro, Al Pacino, Val Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore, Danny Trejo, William Fichtner, Ashley Judd, Dennis Haysbert e uma imberbe Natalie Portman com apenas 14 anos) e no impacto de suas eletrizantes cenas de ação e tiroteios.

Leia mais:

BAÚ DO BLAH! | ‘O SHOW DE TRUMAN’ (1998)
BAÚ DO BLAH! | ‘O FRANCO ATIRADOR’ (1978)
BAÚ DO BLAH! | ‘UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL’ (1999)

Lançado no ano de 1995, este é um filme sobre dois homens que são os melhores no que fazem: Neil McCauley (Robert De Niro), um afamado assaltante, líder de uma quadrilha especialista em roubos espetaculares; e Vincent Hanna (Al Pacino), tenente do Departamento de Polícia da cidade de Los Angeles. Enquanto o policial é casado e vê sua relação matrimonial desmoronar por causa do trabalho, o bandido é um solitário convicto. No entanto, um dia, no café de uma livraria, ele conhece a designer Eady (Amy Brenneman). Em um surto de sinceridade, confessa qual é o seu ofício e começa a traçar planos para uma aposentadoria longe dali, em algum lugar paradisíaco repleto de sombra e água fresca. Ela é a motivação para largar a vida de crimes, só que antes é necessário realizar um último e lucrativo assalto.

Leia mais sobre o BAÚ DO BLAH!

Uma das grandes queixas em relação a este longa, é o pouco tempo em cena, juntos, dos dois protagonistas. É óbvio que quando dois monstros do naipe de Robert de Niro e Al Pacino se encontram, todos queiram ver muitas tomadas. Não sou louco de discordar disto. Entretanto, muito mais do que uma simples história policial, este é um drama bastante pessoal. Policiais e bandidos são vistos em momentos íntimos com suas famílias e amigos. Independentemente das escolhas que fazemos, todos temos a mesma essência e buscamos alguma coisa que dê sentido as nossas vidas. Apesar da violência latente e da ação que irrompe da tela, esta é uma obra reflexiva. Logo, o objetivo nunca foi focar apenas na perseguição.

Em um link incomum com outra forma de arte, os quadrinhos, a cena que, finalmente, põe cara a cara Hanna e McCauley remete a uma passagem do clássico “A Piada Mortal” (1988), obra balizadora da personalidade do Coringa. Supostamente frente a frente com seu arqui-inimigo, Batman trava um diálogo fatalista e cheio de considerações sobre a rivalidade entre eles, da mesma forma que ocorre com os personagens de Michael Mann. Em outro momento, o policial fala para a esposa, Justine (Diane Venora): “Digo o que penso, faço o que digo“. Esta frase, um claríssimo princípio de coerência, norteia as atitudes de quase todos os personagens e de uma película nitidamente coerente com os seus próprios objetivos: entreter sem ser mais do mesmo. Ou seja: um filme policial diferente.

Desliguem os celulares e excepcional diversão.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Heat
Direção: Michael Mann
Produção: Michael Mann e Art Linson
Roteiro: Michael Mann
Elenco: Robert De Niro, Al Pacino, Val Kilmer, Jon Voight, Tom Sizemore, Danny Trejo, William Fichtner, Ashley Judd, Dennis Haysbert, Natalie Portman, Diane Venora e Amy Brenneman
Diretor de Fotografia: Dante Spinotti
Distribuição: Warner Bros
País: Estados Unidos
Gênero: drama, ação
Ano de produção: 1995
Duração: 170 minutos

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
NAN