BBBLAH! NO AR! #2 – Big Brother Brasil 2019

Lohan Lage Pignone

E o BBBlah! está de volta no ar!
Após uma primeira semana atípica em termos de dinâmica no Big Brother Brasil, chegamos à segunda semana e, finalmente, começamos a vislumbrar a origem do jogo, do jogo à vera, de onde brotam os mocinhos e os vilões que tanto amamos. Pra você, no BBB, quem joga descaradamente é o vilão? Quem é rejeitado pela casa, deve ser rotulado de mocinho? Que critérios nós, espectadores, devemos adotar para classificar fulano e sicrano de bom ou de mau?

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Bem, se considerarmos a perspectiva dos arquétipos e de que há toda uma narrativa por trás do programa, nós, meros espectadores, geralmente não adotamos nada, mas sim, somos levados a. Desde a seleção dos participantes, isso é notado. Dificilmente vai faltar a figura da miss na casa mais vigiada do Brasil. Ou a do bad boy
que pratica alguma luta, ou o do super vaidoso (a), ou o do (da) marginalizado (a), ou a da (do) tagarela de voz irritante. E que bom que há essa mescla de perfis, pois é isso que torna o jogo interessante e é isso que nos conduz a associá-los aos mais diversos tipos de arquétipos. Todavia, é nessa associação, que muitas vezes se dá precipitadamente, que mora o perigo; pois aí se decide, praticamente, quem merece ser eliminado com recorde de rejeição e quem merece ganhar a bolada milionária.

Big Brother Brasil 2019 / Globo / Internet

De acordo com Vladimir Propp, em sua obra “Morfologia do Conto”, há, basicamente, sete classes de personagens (dramatis personae) na esfera narrativa. O vilão também é dito como agressor, aquele que faz o mal. O herói é a vítima, ou o perseguidor. Perseguidor: observe que palavra interessante para o herói. Logo, quando o
herói reage à determinada maldade ou busca por algo, ele se torna o perseguidor. Em termos gerais, levando essa teoria para o BBB, todos ali, em tese, são heróis (acabo de me lembrar do Pedro Bial, na época em que apresentava o BBB, exaltando os participantes como guerreiros, heróis). Mas afinal, todos ali são perseguidores de um milhão e meio de reais. Narrativamente falando, são heróis sim. E como eu já disse na primeira edição do BBBlah! aqui no site, todo produto televisivo possui uma narrativa, um roteiro. Não seria diferente em realities shows. Se na narrativa do BBB, a princípio, todos são heróis, como é que alguém pode se tornar o vilão? Qual a mancada que ele precisa dar pra cair nessa cilada? A fórmula é simples, embora a execução nem tanto: o herói é o perseguidor. Mas a maneira COMO ele persegue o seu objetivo é que o define como bom ou mau caráter. Ali, como já diria o aposentado Arnaldo, a regra é clara: quem pisa na cabeça do coleguinha pra alcançar o
topo, é cartão vermelho. E a edição do programa não perdoa não.

Internet

Se ela puder  amplificar a furada de olho ou o plano maquiavélico do herói, ela o fará. Porque brasileiro até gosta do herói mocinho, mas ama odiar um vilão. Ponto pra audiência! O herói que se deixa cegar pela ambição ou pelo sentimento de vingança, abre mão de sua dignidade. E não adianta vir justificar “ah, mas é um jogo”; antes de tudo, é a vida. A vida acontecendo, como em qualquer outro lugar. A diferença é que ali dentro há setenta câmeras e nós temos o privilégio (ou não) de observá-los. Já pensou se o seu dia a dia, em casa, no trabalho e em ambientes de lazer, você fosse filmado? E se te pegassem furando uma fila, ou deixando de dar a vaga para uma grávida no ônibus? Como você se justificaria para o público? “Ah, estava atrasado, estava cansado”. Querido, a humanidade está acima dos seus problemas.E no BBB, está acima do jogo. O herói que saca isso e consegue sustentar ao longo do programa, é certamente o favorito da parada. Além do herói e do vilão, há outras classes de personagens bem interessantes, como o doador (ou provedor); o auxiliar, o mandador… são classes que, sem dúvida, eu tratarei de abordar nos próximos textos, pois, à medida que o jogo se desenrola, teremos como distinguir mais nitidamente em quais classes de personagens os nossos heróis se encaixam. Por hora, vamos nos ater às figuras do herói (que continua herói) e a do vilão, que, por algum motivo, já pisou na bola. Já existe um vilão ou uma vilã no BBB 19? Será?

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Aparentemente, temos já uma divisão de grupos, estimulada pela divisão dos quartos. Um desses grupos eu diria que é um panelaço liderado pelo doutor Gustavo. O nosso Dr. Hollywood, que, numa brincadeira entre os brothers associou o índio a um bicho, não perdeu tempo e já recrutou sua “equipe de cirurgia”. Quem será o cortado da
vez? Pelo visto, Hana, provável parente distante da Tatá Wernek, se apresenta como alvo do grupo. Hana que já chama atenção desde a estreia do programa, com sua pauta vegana e seu jeito de youtuber maluquete. Só que para o estresse do squad cirúrgico de Gustavo, Hana, graças ao Quarto dos Sete Desafios (novidade que deu fôlego à primeira semana), foi agraciada com o direito de vetar pelo menos uma pessoa da Prova do Líder
desta quinta-feira. Três heróis serão vetados, mas esse “poder” também foi dado às loiras Paula e Hariany, logo, espera-se que cada uma delas vete um desafortunado. O plantel cirúrgico de Gustavo conta com o queijeiro que disse ter perdido a virgindade com uma cabra, Maycon; a miss sono leve Isabella, a baiana Peixinho, Diego e Tereza. Tereza que, aliás, foi recrutada pelo doctor porque, segundo ele, pode ser uma “forte aliada”.

Big Brother Brasil 2019 / Globo / Reprodução

Tem muita gente no Twitter viralizando a ideia cômica de que a casa está dividida entre Baile da Gaiola e Bonde Villa Mix. Baile da Gaiola representaria os heróis “marginalizados”: as feministas Hana, Rízia, Gabriela; o Rodrigo, cujo ronco estrondoso serviu para acordar a casa inteira e abrir os olhos do Brasil, que, até o momento, o tem como queridinho; e Danrley, o vendedor de picolé, outro que caiu nas graças do público. Outro que estaria tombando mais para esse lado era o acreano Vanderson, apelidado de “índio” pelos colegas de confinamento. Vanderson deixou a casa hoje, 23/01, por motivos judiciais. Como ele teve contato com o mundo exterior,
não pôde mais retornar para a casa. Nessa gaiola de heróis, falta um cabeça. Uma pessoa que coordene os passos do jogo, que esteja um passo a frente. Se essa liderança não surgir até a terceira semana, é provável que os “engaiolados” levem chumbo grosso e sejam emparedados. Será que Hana vai despontar como líder dessa panela? Ou ficará mais próxima de Paula e Hariany agora?

Big Brother Brasil 2019 / Globo / Divulgação

E já tivemos eliminação? Sim, tivemos. Imagine você disputar um paredão com 13 pessoas e ser o mais rejeitado. Quem teve essa sensação péssima ontem foi o Vinicius, ou Vilnicius, como era chamado. O artista plástico, especialista em “domar os cavalos” do seu interior, passou do ponto nas trolagens, mentiu e jurou por Deus.
Pronto, já era. Minha mãe sempre disse: “filho, nunca jure por Deus, é perigoso”. E quando a pessoa jura uma mentira? Piorou. É passagem direta para o inferno. Vil serve de exemplo clássico ao que foi escrito mais acima: o herói que se desvia, por pouco que seja, paga o preço. Vinicius não chegou a ser tachado como vilão, mas, ao mentir para Hana, jurando que não tinha votado nela (poderia simplesmente ter se omitido a falar ou até abrir o jogo na cara dura); isso, a meu ver, foi suficiente para que houvesse uma diferença mínima percentual na votação e gerasse sua eliminação. Pelos comentários que tenho lido e ouvido, o grupo da Villa Mix, liderado pelo Dr. Gustavo, é o que tem sido rotulado de “panela do mau”. Será? Não seria precipitado cravar essa alcunha já na segunda semana de jogo? Não creio que tenham cometido, ainda, algum ato que os destitua do posto de heróis. Mas essa equipe cirúrgica não está para brincadeira não. Os bisturis estão empunhados: teremos sangue? Aguardemos as cenas do próximo capítulo. Até semana que vem, com mais BBBlah!

– Quem você quer que vença a prova do líder na quinta-feira? Comente!

Lohan Lage Pignone

Lohan Lage Pignone, 31, é nascido no Rio de Janeiro (RJ) e atualmente reside em Nova Friburgo (RJ). Graduado em Letras (Port./Lit.) pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduado em Roteiro para Cinema e TV, pela UVA. Publicou, em 2011, o livro “Poesia é Isso” (Ed. Multifoco). Assinou o roteiro e dirigiu o documentário em curta-metragem “Terra Nova, Friburgo”. Formou-se em Direção (Cinema) pela AIC.
NAN