BBBLAH! NO AR! #8 – BIG BROTHER BRASIL 2019
Lohan Lage Pignone
BBBlah! no ar!
O BBB do afeto que não afeta a quase ninguém.
É duro para uma pessoa afetuosa como eu e fã do Big Brother Brasil constatar isso, é mesmo. Mas é a realidade do reality show. Chega a ser irônico dizer a “a realidade do reality”, uma vez que ao se propor como show, i.e., entretenimento, a realidade tem se sobrepujado e afundando de vez o BBBarco.
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O último paredão (fake) e a última prova do líder foram boas cartadas da produção para tentarem fazer a coisa decolar, ainda que tardiamente. Ora, já que essa turma é tão paz e amor, cheia de afeto pra dar, por que não atingi-los em seus calcanhares de Aquiles? O coração. O coração do BBB pulsou mais forte essa semana. Rendeu discursos acalorados e intempestivos, lágrimas a rodo, almoço de família… Já que é um BBB Family, que a família esteja à mesa. Mas nem mesmo a disputa pelo que há de maior representatividade nessa edição gerou conflitos evidentes.
O retorno de Gabi, na terça-feira, deu a ela um destaque inédito. Gabriela sempre foi bastante ativa no programa no que diz respeito à sua militância (sempre bem-vinda) e a seu incômodo em relação ao racismo velado (ou não), dito como “cultural”; e ao preconceito em relação à sua sexualidade. Rodrigo também sempre compactuou pela causa negra, e sua relação com Gabi é de irmandade secular de almas, se assim me permitam dizer. Mas Rodrigo, ao contrário de Gabi, já havia conquistado certo holofote devido a outras características suas que fizeram barulho na casa: que literalmente, vale dizer, fizeram barulho. Seu ronco. Gabi não ronca, não tira meleca, não xinga ninguém (pelo menos isso a Globo não mostra!), não desafina quando canta, não bate de frente pra valer com ninguém, enfim, Gabi nunca causou repercussão, seja positiva ou negativa. E agora, com a conquista da imunidade, aumenta sua visibilidade no jogo.
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Rodrigo, sob a análise da dupla Pauriany + Fish (combo iFood?) foi visto como “o cabeça”, o “cara a ser derrubado do lado de lá”. Rodrigo é, sem dúvida, o maior dos pensantes do jogo; o problema é que sua mentalidade está parcialmente voltada para o jogo. Suas sinapses vão além do BBB; estão muito ligadas ao afetivo, ao estado de harmonia. Não vemos o Rodrigo delinear estratégias para se livrar do paredão ou para livrar os seus; salvo uma ou outra situação, em que ele deixa escapar algo referente à mecânica do jogo; mas são raras. Dito isso, por que de fato o trio Paula, Hariany e Peixinho se incomodam tanto com a presença imponente, com a inteligência de Rodrigo?
O maior dos ignorantes é aquele que combate o conhecimento ao invés da própria ignorância. É como retroalimentá-la. Das três, Paula é a que mais se destaca sob esse aspecto. Sempre desenvolve um meio de confrontar Rodrigo, valendo-se de que ele é o cara mais inteligente da casa e que ela não é obrigada a lidar com a bagagem dele, pois isso a faz se sentir “burra”. Esse ponto de vista é amplificado pelos dizeres preconceituosos de Paula, que, por incrível que pareça, não tem afetado tanto o julgamento popular; afinal, é ela quem lidera a maioria das enquetes sobre quem vencerá o BBB 19.
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Se o coração fala mais alto no BBB, a produção acertou ao montar uma prova em que se quebram corações. A simbologia foi válida, e tivemos um dos grandes momentos, talvez o maior até aqui, dessa edição morna. Rizia, que estranhamente é “protegida” por todos da casa, como se a temessem por alguma razão (acreditam que ela seja bem forte aqui fora) ou temessem pelo seu estado psicológico (a participante já deu claras manifestações de pânico, além de ter confessado, no discurso do seu aniversário, que já teve pensamentos suicidas), manteve seus corações intactos por mais tempo e papou a liderança. Um detalhe que talvez poucos tenham reparado: o primeiro coração quebrado por Rizia foi o de Rodrigo. Talvez fosse o de Tereza, mas Tetê já havia sido eliminada da prova. Mesmo assim, me causou espanto essa decisão, afinal, até então, os dois me pareciam próximos. Ocorreu-me uma teoria de que talvez Rizia venha se incomodando com a forte conexão Rodrigo-Gabi ao longo do programa, e isso foi comprovado na reação de Rodrigo com a falsa eliminação de Gabriela. Ali, os três carregam fortes bandeiras de representatividade; no entanto, enquanto Rodrigo e Gabi se manifestam mais nesse aspecto, Rizia pisa no freio. Quando Rizia fala de representatividade, seu discurso não soa tanto convincente quanto os de Rodrigo e Gabriela. Pode ser mera impressão da parte que cabe a este colunista? Pode, e há grandes chances de eu estar equivocado. Mas fica registrada aqui essa hipótese mirabolante.
Que venha a grande novidade, do paredão quádruplo. E que essa casa ferva de vez após a terça-feira.
Até o próximo BBBlah!