Besouro azul: carisma do elenco salva filme da mesmice
Marcelo Fernandes
Você já assistiu esse filme. Mais de uma vez. Jovem meio perdido na vida casualmente encontra algo que concede poderes incríveis, aprende a usá-los e combate o vilão da vez enquanto conhece uma garota que de outra forma seria inacessível para ele, etc. A fórmula já está gasta e reconhecível demais. Assim, o único diferencial que mais um longa de quadrinhos sobre a origem de um personagem, ainda mais de segundo escalão como, pode oferecer é o entorno do protagonista.
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Besouro Azul começa com o retorno para casa após a conclusão da faculdade do jovem Jaime Reyes (Xolo Maridueña, de Cobra Kai). Chegando à sua cidade, vê que há um processo de gentrificação a todo vapor e que seu diploma não garante muitas oportunidades no mercado de trabalho.
Ele acaba acidentalmente se envolvendo em uma discussão entre Jenny Kord (Bruna Marquezine) e sua tia Victoria Kord (Susan Sarandon, um tanto insossa e aparentemente desinteressada), vilã principal do filme que por algum quer sair da especulação imobiliária para a fabricação de armas ultra-tecnológica, cuja fonte acaba com o jovem e o transforma no personagem-título.
Sem precisar esconder a identidade secreta em nenhum momento de sua família, Reyes vai aos poucos aceitando que agora é parte de um mundo de seres superpoderosos, com citações obrigatórias de alguns personagens da DC e Easter Eggs no meio dos diálogos.
Elenco protagonista
Besouro Azul carrega nos clichês e ângulos e tudo mais que já foi feito em matéria de filme de heróis. Mas como dito, a diferença aqui está nos coadjuvantes, e a família de Reyes é quase que uma “Besouro-família”: participa dos planos, da ação, dos conflitos, e com uma quantidade de carisma poucas vezes vista em sidekicks na telona.
Difícil até destacar alguém do núcleo: é humor e drama sem gratuidade, de uma forma que os latinos que assistirem ao filme não se identifiquem. Da mesma forma que Chapolin é consumido da fronteira dos EUA com o México até o Cabo das Tormentas, as situações e soluções da família Reyes irão arrancar sorrisos e frases como “minha/meu avó/mãe/pai/irmã/tio são a mesma coisa”.
O maior defeito, entretanto, é o roteiro não se aprofundar mais no conflito de interesses entre o casal principal e seus objetivos referentes aos “investimentos” na cidade. O assunto é tocado rapidamente no início e no fim, sem muitas consequências e com uma solução fácil que beira a ingenuidade.
Marquezine
Ah, e a Bruna Marquezine, motivo de frisson no público brasileiro? É difícil classificar suas capacidades dramáticas no filme que um texto padrão em uma personagem que vai de interesse amoroso a intermediária no conflito com a vilã principal. Mas ela faz o possível. Além disso, provavelmente o público gritará quando ela fala uma frase em português.
Enfim, Besouro azul é um típico filme de herói, e é saboreado melhor sem expectativas além do que se propõe. Tem bom humor, cenas de ação bem construídas e personagens carismáticos. Mas a sensação é que falta um pouco de pimenta nos ingredientes para causar mais impacto.
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Trailer do filme Besouro azul
Ficha Técnica do filme Besouro azul
Título original: Blue Beetle
Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 17 de agosto de 2023
Duração: 127 minutos
País: México, EUA
Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Ficção
Ano: 2023
Classificação: 14