Biografia de autor | Monteiro Lobato

Vanesca Soares

Monteiro Lobato é um escritor brasileiro muito famoso por suas histórias infantis com o Sítio do Pica-pau Amarelo. Podemos considerá-lo um dos grandes nomes da Literatura Brasileira e também da Literatura infantil. Sua fama de escritor infanto-juvenil, no entanto, não é a única. Ele também é conhecido por comportamento racista, comprovados em alguns textos e livros seus.
José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, em18 de abril de 1882 e faleceu em São Paulo, SP, em 4 de julho de 1948. Pode ser considerado um dos mais influentes escritores brasileiros de todos os tempos.
Além de escritor, foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguindo seu precursor na Literatura Infantil brasileira Figueiredo Pimentel, autor de Contos da Carochinha, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária.
A outra metade, consistindo de contos – geralmente sobre temas brasileiros -, artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro, e um único romance: O Presidente Negro, o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças.
As mais famosas obras de Monteiro Lobato são Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Pica-pau Amarelo (1939).
Contista, ensaísta e tradutor, formado em Direito, Monteiro Lobato atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles no livro Urupês, uma das obras-primas deste famoso escritor.

Turma do Sítio do Pica-pau

A turma do Sítio do Pica-pau Amarelo


Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.
Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e ideias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sábia espiga de milho que tem atitudes de adulto; Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio; Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.
Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, e A Chave do Tamanho.
Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e O Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável à exploração do petróleo, no Brasil, apenas por empresas brasileiras.
Criado em um sítio, Monteiro Lobato foi alfabetizado pela mãe Olímpia Augusta Lobato e depois por um professor particular. Aos sete anos, entrou em um colégio. Nessa idade descobrira os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé, dono de uma biblioteca imensa no interior da casa. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Nos primeiros anos de estudante já escrevia pequenos contos para os jornais das escolas que frequentou.
Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colégio São João Evangelista. Em dezembro de 1896 foi para São Paulo e, em janeiro de 1897, prestou exames das matérias estudadas na cidade natal, mas foi reprovado no curso preparatório e retornou a Taubaté.
Quando retornou ao Colégio Paulista, fez as suas primeiras incursões literárias como colaborador dos jornais Pátria, H2S e O Guarany, sob o pseudônimo de Josben e Nhô Dito. Passou a colecionar avidamente textos e recortes que o interessavam, e lia bastante. Em dezembro prestou novamente os exames para o curso preparatório e foi aprovado. Escreveu minuciosas cartas à família, descrevendo a cidade de São Paulo. Colaborou com O Patriota e A Pátria. Então, se mudou de vez para São Paulo, e tornou-se estudante interno do Instituto Ciências e Letras.
No ano seguinte, a 13 de junho de 1898, perdeu o pai, José Bento Marcondes Lobato, vítima de congestão pulmonar. Decidiu, pela primeira vez, participar das sessões do Grêmio Literário Álvares de Azevedo do Instituto Ciências e Letras. Sua mãe, vítima de uma depressão profunda, veio a falecer no dia 22 de junho de 1899.
Tendo forte talento para o desenho desde menino, tornou-se desenhista e caricaturista nessa época. Em busca de aproveitar as suas duas maiores paixões, decidiu ir para São Paulo após completar 17 anos.
Seu sonho era a Escola de Belas-Artes, mas, por imposição do avô, que o tinha como um sucessor na administração de seus negócios, acabou ingressando na Faculdade do Largo de São Francisco para cursar Direito. Mesmo assim seguiu colaborando em diversas publicações estudantis e fundou, com os colegas de sua turma, a Arcádia Acadêmica. Lobato já era elogiado por todos como um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, de um “espírito à francesa” e de um “humor inglês” imbatível, que carregou pela vida afora. Dois anos depois, foi eleito presidente da Arcádia Acadêmica, e colaborou com o jornal Onze de Agosto, onde escreveu artigos sobre teatro. De tais estudos surgiu, em 1903, o grupo O Cenáculo, fundado junto com Ricardo Gonçalves, Cândido Negreiros, Godofredo Rangel, Raul de Freitas, Tito Lívio Brasil, Lino Moreira e José Antônio Nogueira.
Era anticonvencional por excelência, dizendo sempre o que pensava, agradasse ou não. Defendia a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que fossem as consequências. Venceu um concurso de contos, sendo que o texto Gens Ennuyeux foi publicado no jornal Onze de Agosto.
Em 1912, na Vila de Buquira, hoje município de Monteiro Lobato (São Paulo), envolveu-se com a política e logo a deixou de lado. Sua quarta e última filha, Rute, nasceu em fevereiro de 1916, quando iniciava colaboração na recém fundada Revista do Brasil. Era uma publicação nacionalista que agradou em cheio o gosto de Lobato.
desenho monteirolobato
Somente em 1914, como fazendeiro em Buquira, um fato definiria de vez a sua carreira literária: durante o inverno seco daquele ano, cansado de enfrentar as constantes queimadas praticadas pelos caboclos, o fazendeiro escreveu uma “indignação” intitulada Velha Praga, e a enviou para a seção Queixas e Reclamações do jornal O Estado de S. Paulo, edição da tarde, o “Estadinho”. O jornal, percebendo o valor daquela carta, publicou-a fora da seção que era destinada aos leitores, no que acertou, pois a carta provocou polêmica e fez com que Lobato escrevesse outros artigos como, por exemplo, Urupês, dando vida a um de seus mais famosos personagens, o Jeca Tatu.
Jeca era um grande preguiçoso, totalmente diferente dos caipiras e índios idealizados pela literatura romântica de então. Seu aparecimento gerou uma enorme polêmica, em todo o país, pois o personagem era símbolo do atraso e da miséria que representava o campo no Brasil. Monteiro Lobato conheceu apenas o caipira caboclo, e generalizou o comportamento destes para todos os caipiras, causando então muita polêmica.
A geada, sobre a qual deixou uma crônica, e as dificuldades financeiras levaram-no a vender a fazenda Buquira, em 1916, e a partir com a família para São Paulo, com o intuito de tornar-se um “escritor-jornalista”. Fundou, em Caçapava, a revista Paraíba, e organizou, para o jornal O Estado de São Paulo, uma imensa e acalentada pesquisa sobre o saci.
Em 20 de dezembro publicou Paranoia ou Mistificação, a famosa crítica desfavorável à exposição de pintura de Anita Malfatti, que culminaria como o estopim para a criação da Semana de Arte Moderna de 1922. Muitos passaram a ver Lobato como reacionário, inclusive os modernistas.
Lobato era a favor de uma arte devidamente brasileira, autóctone, criada aqui. Monteiro Lobato defendia a eugenia por acreditar que a miscigenação era um fator prejudicial na formação do povo brasileiro. Seu livro, O Presidente Negro, descreve um conflito racial no futuro, após a eleição de um negro para a presidência dos EUA.
 
Reinacoes-de-Narizinho
Obras:
Coleção Sítio do Picapau Amarelo
1921 – O Saci
1922 – Fábulas
1927 – As aventuras de Hans Staden
1930 – Peter Pan
1931 – Reinações de Narizinho
1932 – Viagem ao céu
1933 – Caçadas de Pedrinho
1933 – História do mundo para as crianças
1934 – Emília no país da gramática
1935 – Aritmética da Emília
1935 – Geografia de Dona Benta
1935 – História das invenções
1936 – Dom Quixote das crianças
1936 – Memórias da Emília
1937 – Serões de Dona Benta
1937 – O poço do Visconde
1937 – Histórias de Tia Nastácia
1939 – O Picapau Amarelo
1939 – O minotauro
1941 – A reforma da natureza
1942 – A chave do tamanho
1944 – Os doze trabalhos de Hércules (dois volumes)
1947 – Histórias diversas
 
Outros livros infantis
1920 – A menina do narizinho arrebitado
1921 – Fábulas de Narizinho
1921 – Narizinho arrebitado (incluído em Reinações de Narizinho)
1922 – O marquês de Rabicó (incluído em Reinações de Narizinho)
1924 – A caçada da onça
1924 – Jeca Tatuzinho
1924 – O noivado de Narizinho (incluído em Reinações de Narizinho, com o nome de O casamento de Narizinho)
1928 – Aventuras do príncipe (incluído em Reinações de Narizinho)
1928 – O Gato Félix (incluído em Reinações de Narizinho)
1928 – A cara de coruja (incluído em Reinações de Narizinho)
1929 – O irmão de Pinóquio (incluído em Reinações de Narizinho)
1929 – O circo de escavalinho (incluído em “Reinações de Narizinho, com o nome O circo de cavalinhos)
1930 – A pena de papagaio (incluído em Reinações de Narizinho)
1931 – O pó de pirlimpimpim (incluído em Reinações de Narizinho)
1933 – Novas reinações de Narizinho
1938 – O museu da Emília (peça de teatro, incluída no livro Histórias diversas)
 
Tradução e adaptação de livros infantis:
Contos de Grimm,
Novos Contos de Grimm,
Contos de Andersen,
Novos Contos de Andersen,
Alice no País das Maravilhas,
Alice no País dos Espelhos,
Robinson Crusoé,
Contos de Fadas e
Robin Hood.
 
Livros para adultos:
O Saci-Pererê: resultado de um inquérito (1918)
Urupês (1918)
Problema vital (1918)
Cidades mortas (1919)
Ideias de Jeca Tatu (1919)
Negrinha (1920)
A onda verde (1921)
O macaco que se fez homem (1923)
Mundo da lua (1923)
Contos escolhidos (1923)
O garimpeiro do Rio das Garças (1924)
O Presidente Negro/O choque das Raças (1926)
Mr. Slang e o Brasil (1927)
Ferro (1931)
América (1932)
Na antevéspera (1933)
Contos leves (1935)
O escândalo do petróleo (1936)
Contos pesados (1940)
O espanto das gentes (1941)
Urupês, outros contos e coisas (1943)
A barca de Gleyre (1944)
Zé Brasil (1947)
Prefácios e entrevistas (1947)
Literatura do minarete (1948)
Conferências, artigos e crônicas (1948)
Cartas escolhidas (1948)
Críticas e outras notas (1948)
Cartas de amor (1948)
 
 
 
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