CRÍTICA | ‘Black Hammer: Origens Secretas’, ou “O estranho e fantástico filhote de um cruzamento entre Astro City e Umbrella Academy…”
Eduardo Cruz
Déjà vu. |
Era de Ouro, Era de Prata, Era das Trevas… |
Mas quem são os heróis de Black Hammer?
ABRAHAM SLAM:
Um misto de Capitão América e Batman, Abraham Slam já era um veterano prestes a se aposentar quando ocorreu o evento que os lançou nesse limbo. Slam é o único humano comum, sem nenhum tipo de poder, e também o único a se sentir contente na atual situação, vivendo uma vida “normal”. Pena que seus companheiros não concordam…
MENINA DE OURO:
Essa é fácil, não? A Menina de Ouro é uma alusão óbvia à Família Marvel (Shazam para os íntimos) e à família Miracleman, é claro (que já era uma alusão aos Shazam), com direito a palavra mágica de transformação e tudo o mais. O problema é que na atual situação ela não envelhece, sendo uma mulher adulta no corpo de uma menina de 9 anos, o que, como se pode imaginar, rende muitos problemas. ZAFRAM!
BARBALIEN:
Barbalien é um nativo de Marte que veio para a Terra em uma missão diplomática que deu errado, e é a mescla entre o Caçador de Marte e o Guerreiro, ambos da DC. Mesmo antes do confinamento e perfeitamente disfarçado entre os humanos, o marciano tem seus segredos e se sente terrivelmente deslocado, por não poder ser quem ele realmente é. E isso em mais de um sentido…
Um astronauta que se envolveu em um acidente no espaço, o Coronel Weird é um mix entre Adam Strange, o aventureiro cósmico da DC Comics, e o Doutor Estranho, da Marvel, circulando em uma dimensão estranha conhecida como Metazona. Weird está sempre transitando entre a Metazona e o local onde ele e seus companheiros estão cativos e não vivencia tempo e espaço como nós: Ele transita por momentos aleatórios do passado e do futuro, e parece saber coisas que ainda nem imaginamos. Claro que uma experiência assim faz com que a pessoa não seja totalmente sã… Coronel Weird tem uma espécie de sidekick robô, a sentimental Talkie Walkie.
MADAME LIBÉLULA:
Madame Libélula tem poderes de origem mística, e lembra um cruzamento entre o Guardião da Cripta, das antigas HQs de terror da EC Comics, e a Ravena, dos Novos Titãs, que sempre tinha problemas com a perda de controle de seus poderes, causando problemas tanto quanto resolvendo-os.
BLACK HAMMER:
Falecido. Ainda não sabemos exatamente como aconteceu, mas foi seu sacrifício que impediu nosso mundo de ser destruído pelo terrível Antideus.
O tom em Black Hammer é referencial o tempo inteiro, mais ou menos como vemos em Astro City, onde muitas histórias já aconteceram, mas ainda não foram apresentadas a nós, leitores. A sensação é a de existirem muitas lacunas a serem preenchidas, então aguardemos os próximos volumes para essa colcha de retalhos se expandir…
Sobre a arte de Dean Ormston, só posso dizer que estou impressionado! O desenhista melhorou bastante desde a época em que desenhava as mensais de Os Livros da Magia, da Vertigo. O traço de Ormston, bem como suas composições de páginas evoluíram muito dos anos 90 para cá e isso assentou muito bem em Black Hammer. Também integra a equipe criativa o lendário colorista Dave Stewart, que já ganhou nove prêmios Eisner, é um veterano dos primórdios da Dark Horse, e já trabalhou em Hellboy, Conan, The Goon, The Umbrella Academy, entre muitos muitos muitos outros títulos.
Fichas de personagens não aproveitados. Bateu nostalgia das fichas nos formatinhos da Abril… |
Esboços de Dean Ormston |
Este primeiro volume, Black Hammer: Origens secretas, reúne as primeiras seis edições originais e conta ainda com um posfácio do Lemire explicando a concepção e execução da HQ, fichas de perfis da construção de personagens e esboços originais de Dean Ormston. Eu devo confessar que estava preocupado com a cara desse encadernado, já que a editora Intrínseca não tem muita experiência em publicar HQs. Pensei: “Poha, lá vem mais um gibi até que bacana, mas em formato paraguaio, com tradução ruim e papel pior ainda…”. Estou feliz em descobrir que estou errado em tudo: O encadernado da Intrínseca é em formato americano, papel couché, todos os extras da edição americana, sem cortes. O trabalho da Intrínseca aqui surpreendeu muito, e positivamente! Essa edição está no padrão da Panini. Digo, o padrão da Panini quando acerta…
Mais um déjà vu do bom aqui! Precisa explicar qual é essa referência??? |
Coloque Cleyton na sua história, e não tem como errar! |