‘Bojack Horseman’ (Netflix) – 6ª Temporada | CRÍTICA
Pedro Marco
Bojack Horseman chega à 6ª temporada e, consequentemente, ao seu fim e despedidas nunca são fáceis no mundo do entretenimento. Em 2019, demos adeus à primeira era da Marvel Studios; a sagas como Star Wars e a séries como Game of Thrones. Ainda assim, pelos exemplos, é fácil notar que estas despedidas nem sempre são boas também.
No caso de Bojack Horseman, uma das primeiras séries originais da Netflix, a despedida não poderia ser diferente do que passamos todos estes anos com o grande cavalo de Hollywood. Melancólica, niilista, reflexiva e cheia de referências e auto-referências.
A saber, a segunda parte da 6ª temporada de Bojack Horseman chegou à plataforma de streaming pouco menos de um mês após os primeiros 8 episódios. Além disso, no retorno, seguimos o padrão de inícios de temporadas da série, onde acompanhamos nossos personagens de forma isoladas em episódios próprios e quase independentes.
BOJACK E OS NOVOS PERSONAGENS
No nosso protagonista, Bojack, vemos o em uma vida pacata como professor de teatro, enquanto tenta lidar com um relacionamento mais próximo com sua irmã, Hollyhock. Já no próximo, a vida de Diane em Chicago é posta à prova de seu relacionamento com Guy, enquanto avançam as investigações da morte de Sarah Lynn.
Esta divisão de núcleos consegue, mesmo nesta reta final, aprofundar de forma sufocante a tridimensionalidade destes personagens 2D.
Mesmo anos após sua morte, Sarah Lynn ainda consegue viver este aprofundamento como um grande retrato de uma geração, em uma mistura complexa de Lindsay Lohan e Miley Cyrus. Por outro lado, Diane dá à série o tom mais patológico da depressão e suas consequências medicinais e comportamentais dentro de uma família.
Apesar do tom de despedidas, a 6ª temporada de Bojack Horseman descarta da característica de apresentar grandes novos personagens secundários, como foi o caso de Sonny, filho de Guy, e de Angela Diaz, a produtora de Horsin around.
Além disso, a série mantém a deliciosa expectativa por um penúltimo episódio extremamente experimental e de narrativa inesperada.
Desta vez (e pela última vez), o capítulo “A vista do meio para baixo” traz uma espécie de limbo/purgatório que homenageia – de forma brilhante – toda a jornada de Bojack em seus piores momentos. Ao reunir todos os personagens que morreram neste processo, o seriado demonstra seu peso e pé na realidade frágil da vida.
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O ADEUS NO MOMENTO CERTO
Porém, ao mesmo tempo que o 15° episódio é a melhor coisa deste último ano, ele também é sua maior sina. Mesmo nas séries de finais bons – como Breaking Bad, por exemplo, fica ainda o gosto de “poderia ter acabado um ou dois episódios antes”.
E com Bojack não foi diferente. Contudo, o desfecho esperado, mas ainda dolorido que o penúltimo episódio traz, é suplantado em um respiro adicional desnecessário pelo último.
Iniciando em tom extremamente acelerado, o episódio parece ser um protesto daqueles que não queriam que o seriado acabasse e que alegam ter sido decisão imposta da Netflix.
Ainda assim, com ares do que poderia ter sido toda uma outra temporada, o episódio é muito bom. E isto é o que mais frustra. Sua qualidade excepcional e digna da série, põe em choque o sentimento de que o fim não era necessário e que seu desfecho seja inferior ao anterior.
Por fim, Bojack Horseman fecha como a série definitiva desta geração e uma pedida obrigatória para quem quer conhecer mais sobre o mundo, sobre si mesmo de forma sarcástica, cômica e despretensiosa.
Seu adeus veio na hora certa. Afinal, terminar no auge dá a saudade necessária para manter estes personagens eternamente vivos.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Bojack Horseman
Temporada: 6
Número de episódios: 8
Criador: Raphael Bob-Waksberg
Elenco: Will Arnett, Aaron Paul, Amy Sedaris
Distribuição: Netflix
Data de estreia: Sex, 31/05/19
Gênero: Animação
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos