BÔNUS | Arlequina toma as rédeas da Warner/DC
Alvaro Tallarico
Aves De Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (Birds or Prey) é a nova aposta da DC Comics. E o filme não decepciona. Começa homenageando as origens da grande protagonista e sucesso de carisma, Arlequina. O comecinho tem cara de Batman: The Animated Series (1992-1995), uma série de animação criada por Bruce Timm e Paul Dini que teve muita repercussão e marcou época. Ali que nasceu a Arlequina, a princípio para participar de um único episódio intitulado “Joker’s Favor” (“Um Favor para o Coringa”), de 1992.
Certamente, o jornalista Alvaro Tallarico, ou seja, eu, era um fã dessa animação que possuía toda a essência do Batman. Arlequina fez um caminho não muito comum na época, apareceu primeiro nos desenhos para somente depois migrar para os quadrinhos e, agora, é a protagonista desse longa-metragem. Nem sei porquê a Warner/DC resolveu dar esse título. Talvez para tentar dividir em duas franquias. Todavia, a Arlequina de Margot Robbie é quem leva o filme inteiro com seu bastão, caras e bocas – e olhares. A expressividade corporal da atriz é louvável e seus olhos são verdadeiras janelas do que quer dizer.
Sanduíche é melhor que pudim
Aliás, uma cena que envolve um sanduíche é extremamente engraçada e a cara da personagem. Arlequina faz das cenas de lutas um balé, porém, apesar dessas sequências serem divertidas, o que sobressai na película é a capacidade de passar a mensagem contra o machismo sem exageros, mas sim, de forma contundente. Acompanhamos as decepções da personagem desde o início, que vão formando suas personalidade, e resultando na tão importante emancipação. Não, nada de pudinzinho, nada de senhor Coringa levando a glória. Arlequina assume as rédeas da sua vida explodindo os símbolos do passado aprisionante.
Se, por um lado, a Warner/DC tem a Mulher-Maravilha como baluarte do bem, Arlequina é o contra-ponto anarquista, sem laços. Além disso, tem um poder que ela tem léguas acima da super-heroína amazona: fazer rir. Suas carismáticas gargalhadas reverberam naturalmente. Palmas para Margot Robbie. Arlequina se torna símbolo de uma emancipação feminina, dos novos tempos onde qualquer tipo de machismo não pode ser tolerado. Ela é fantabulosa explodindo seus inimigos em confete. Depois de Shazam e Mulher-Maraviha é o melhor filme da DC dos últimos tempos – e pela mensagem no subtexto, um dos mais importantes.
Fotografia e emancipação
Aliás, o diretor de fotografia Matthew Libatique (“Nasce Uma Estrela”, “Venom”) valoriza a heroína brincando com os tons de azul e rosa. Especialmente, na bem coreografada sequência em que Harley Quinn entra na delegacia. O elenco tem atuação razoável com Mary Elizabeth Winstead (“10 Cloverfield Lane”, “Fargo”) vivendo a raivosa Caçadora; Jurnee Smollett-Bell (série da HBO “True Blood”) imprimindo estilo na Canário Negro; Rosie Perez (“Fearless”, “A Escolha Perfeita 2”) traz vida para a detetive Renee Montoya, batalhando em um trabalho onde o machismo impera. Ella Jay Basco faz Cassandra “Cass” Cain em seu primeiro filme, auxiliando no equilíbrio e no encontro de Arlequina com seu novo eu.
Enfim, engraçada e anarquista, estilosa e empoderada, essa é Arlequina. Margot Robbie aproveita essa oportunidade e faz essa protagonista complexa ficar maior e mais forte, abrindo as portas da liberdade. Leve e solta, das ruas de Gotham para o mundo, colorindo o cinema e dançando de patins, já queremos ver Arlequina de novo.
*Afinal, se liga: a coluna BÔNUS, do jornalista cultural Alvaro Tallarico @viventeandante, sai toda quarta-feira aqui no BLAHZINGA! Emancipando geral!