Hebe Camargo

Filme sobre Hebe vai contra a censura (divulgação)

BÔNUS | O retorno de Hebe contra a censura

Alvaro Tallarico

Essa semana estreia nos cinemas Hebe: A Estrela do Brasil. Fui achando que seria um filme biográfico, sobre a vida de Hebe Camargo, uma das apresentadoras mais marcantes que o Brasil já teve, desde os primórdios da nossa televisão. Porém, qual foi minha surpresa ao poder acompanhar um filme cujas ideias principais são as lutas contra relacionamentos abusivos, preconceito, homofobia e censura?

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O longa-metragem pega um pedaço dos anos 80, a transição entre a ditadura e a democracia. Hebe (Andréa Beltrão) quer fazer programa ao vivo, ter liberdade para falar o que quiser e levar para seu sofá quem bem entender. Alguns exemplos são figuras polêmicas como a desbocada atriz e humorista Dercy Gonçalves (1907-2008) e Roberta Close, modelo transexual. Isso acaba lhe acarretando problemas. Hebe tão pouco era politicamente correta.

HEBE CONTRA O CONSERVADORISMO

Hoje, vemos um retorno da censura no Brasil. Pude, inclusive, entrevistar o ator Roney Villela (“Tropa de Elite 2”, “Meu Mundial – Para Vencer não Basta Jogar“) que falou exatamente sobre isso e a desvalorização da nossa sétima arte: “Um governo pisoteando o cinema nacional”. Hebe: A Estrela do Brasil vai na contramão do conservadorismo, escrito por Carolina Kotscho e dirigido por Maurício Farias, mostra a relação abusiva em que vivia e sua obstinação em fazer programas de televisão sem amarras.

Hebe Camargo por Andréa Beltrão

Andréa Beltrão atua bem no filme (divulgação)

Foi nos anos 80 que Hebe “entrou na moda”, já com uma carreira longa, contudo, nessa época, deu entrevista de página inteira para a Folha de São Paulo, para as páginas amarelas da Veja, foi reportagem de vários outros veículos e esteve no Roda Viva da TV Cultura. Foi quando começou a abordar temas delicados que perturbavam os conservadores como AIDS e homossexualismo, além de criticar a situação política e econômica do Brasil. Saiu de focar na vida dos artistas para assuntos mais sérios, fazendo de seu programa uma tribuna. Convidava pessoas de tendências e ideias políticas distintas. Para sermos justos, Hebe já fazia um pouco isso durante a ditadura, como nos governos de Geisel e Figueiredo, ali, já entravam algumas opiniões sobre política.

A coluna QUEERLAND dessa semana fala sobre a importância da parada LGBTI+ cujo tema foi “Pela Democracia, Liberdade e Direitos: ontem, hoje e sempre”. É nesse momento que estreia o contundente filme da eterna diva Hebe Camargo.

BÔNUS – Hebe vai virar série na Globo

A saber, o filme da Hebe será desdobrado em uma série com estreia prevista para janeiro na Rede Globo. Além disso, o seriado vai contar com dez episódios. Aliás, Hebe Camargo será vivida, na fase jovem, pela Valentina Herszage (da novela ‘Pega Pega’). Ademais, Marília Gabriela, interpretará Fabiana Gugli, amiga de Hebe; enquanto Heitor Goldflus será Jô Soares; e Felipe Rocha dará vida a Roberto Carlos. Além disso, Gabriel Braga Nunes será Décio Capuano, primeiro companheiro da apresentadora. Por fim, a querida Rita Lee vem pelo talento de Camila Morgado.

Enfim, a coluna “Bônus” sai toda quarta-feira – quase quinta – aqui no BLAH!ZINGA. Pelas mãos do Tallarico.

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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