Boogarins show Circo Voador 2022

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Boogarins retorna ao RJ e esquenta noite fria no Circo Voador

Fabricio Teixeira

Fazia muito frio – sobretudo para os padrões cariocas – na Lapa quando os portões do Circo Voador se abriram no último sábado (21) para receber mais um show da banda Boogarins. E três anos após a última apresentação dos goianos em terras cariocas, era claro que a promessa era de casa cheia para ver uma das melhores bandas da nossa cena independente. 

Da última vez que estiveram no Rio, Dinho Almeida (guitarra e voz), Benke Ferraz (guitarra), Raphael Vaz (baixo e sinth) e Ynaiã Benthroldo (bateria) estavam rodando o país com a turnê do incrível Sombrou Dúvida, quarto registro de estúdio da banda. Dessa vez, além dos trabalhos anteriores, o setlist contou também com músicas dos volumes 1 e 2 de Manchaca, trabalhos lançados respectivamente em 2020 e 2021, durante a pandemia.

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Da Baixada para o mundo: Oruã

A abertura da noite ficou por conta da banda Oruã, banda de Lê Almeida – ex-integrante da Built to Spill. Diretamente da Baixada Fluminense para o mundo, o grupo coleciona turnês no Brasil e no exterior e levou até o Circo Voador músicas de seus três trabalhos de estúdio: Sem Bênção/Sem Crença, de 2017; bem como Romã, de 2019; e, por fim, o mais recente, Íngreme, lançado no ano passado. 

O debut da banda no palco sagrado do Circo não poderia ter sido em um melhor momento. A sonoridade da Oruã é uma mistura muito competente de rock com um jazz ácido, tudo isso com leves (às vezes nem tão leves) pitadas de psicodelia. As guitarras precisas e os sopros muito bem incorporados ao som ajudaram a criar um clima de imersão quase que orgânico entre banda e plateia.  

Show da Boogarins no Circo Voador com novidades

Muita coisa aconteceu nesses quase três anos sem show do Boogarins do público carioca no Circo Voador. Como falamos no início da resenha, o quarteto lançou em 2020 e 2021 os álbuns Manchaca Vol.1 e Manchaca Vol.2, respectivamente. E a noite de sábado era a chance de colocar o disco à prova. 

Dos muitos aspectos que destacam (positivamente ou não) uma banda é a capacidade de transportar o clima das gravações para os palcos, mas sem soar mecânico. O Boogarins consegue fazer isso com primazia – e para quem vê de baixo, até uma certa facilidade. A entrada simples, quase imperceptível num primeiro momento, dadas às projeções psicodélicas que iluminavam o palco, foi o último momento de calmaria no mar de cabeças que se aglutinavam debaixo da lona do Circo

Coragem no palco

Embora tenham escolhido músicas de todas as fases da carreira, a banda não se acomodou no favoritismo. Mesmo que tenham resgatados hits como “Benzin” e “FoiMal”, do Manual (2015); assim como e “Lucifernandis”, de As Plantas Que Curam (2013), o quarteto teve peito para deixar “Doce (APQC)” de fora – apesar dos vários pedidos.

No palco, Dinho é um show à parte. Mesmo em uma formação em linha que não coloque nenhum dos quatro em evidência, é impossível não ficar magnetizado com o vocalista. O jeito com que dança, vibra, sorri e se movimenta durante todo o show mostra o quanto o músico se diverte com o que faz, e como parece se alimentar dessa recepção calorosa dos shows. 

Outro destaque é Ynaiã. O baterista alia uma ferocidade técnica com uma precisão cirúrgica. Além disso, consegue alternar isso com momentos mais “comportados” com as baquetas quando é hora de seus companheiros das guitarras e do sintetizador poderem sobressair. É, sem sombra de dúvida, um dos melhores bateristas brasileiros da atualidade.

Entrega tudo o que promete

O show do Boogarins no Circo Voador não apresenta nenhuma surpresa. Não falo isso como um ponto negativo. Todos que foram até a casa da Lapa na noite de sábado sabiam exatamente o que queriam do show; e a banda, em contrapartida, sabia exatamente o que entregar em cima do palco para sair do Rio de Janeiro tendo causado mais uma vez uma ótima impressão. Os dez anos de estrada trouxeram mais experiência, mas sem roubar nem um pouco do entusiasmo de fazer arte.

Em meio a tanta lisergia e psicodelia musical, os goianos parecem ter encontrado o auge, e não dão sinais de que pretendem sair dele por um bom tempo. A apresentação do último sábado serviu para consolidá-los como uma das melhores bandas da cena independente no Brasil.

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Fabricio Teixeira

NAN