‘Broad Peak’: ritmo lento prejudica uma boa história
Bruno Oliveira
Por muitas vezes admiro demais a coragem do ser humano e sua vontade de desbravar lugares ainda não tocadas pelo mesmo. Você consegue imaginar o que seria oito quilômetros para cima? Eu não consigo, só penso que é alto demais. Petrópolis fica na altura de 810 metros e meu ouvido já começa a estalar. Então imagina a 8 km? Soma-se a isso o frio e a falta de oxigênio devido à tremenda altura. Resumindo, é coisa de maluco e se me chamassem para esse rolê, estaria fora.
Broad Peak traz história real de Maciej Berbeka
Broad Peak, onde se passa o filme lançamento nesta quarta-feira (14) pela Netflix é a 12ª montanha mais alta do mundo. Ela está localizada no Himalaia e possui uma altura de um pouco mais do que 8 km (por isso a comparação inicial).
Originalmente chamada de K3, ela fica próxima a K2, 2º maior pico do mundo e que já foi alvo de filmes no passado. É nesse cenário assustador e mortal em que acompanhamos a história real de Maciej Berbeka, o que teoricamente seria o primeiro polonês a escalar tal pico, mas por causa de um erro, esse feito não foi dado a ele.
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Trama boa, mas ritmo lento
Agora imagina escalar essa monstruosidade e descobrir que, na verdade, você não alcançou o cume como acreditava ter feito. Essa é a premissa que dura praticamente metade do longa. O que, para mim, se tornou um erro, pois ficamos tão compenetrados nessa façanha que, por um momento, achei que essa seria toda a história. Muitos contratempos são colocados diante de nosso protagonista e sentimos um alívio quando ele é salvo. Logo em seguida descobrimos que ainda faltaram 17 metros para o cume. Um detalhe que poderia tê-lo levado a morte ali mesmo.
Por “perdermos” muito tempo nessa primeira parte, senti que a segunda metade do filme – que considero mais importante – teve pouco tempo de tela. E julgo que deveria ter mais tempo por toda a carga dramática que Maciej teve que carregar durante 25 anos pelo erro que não o fez chegar ao ponto mais alto da montanha. A preparação para a expedição deveria ter sido mais densa e deveríamos sentir que essa volta era realmente necessária para a paz de espírito do personagem.
Aliado a isso, também devo comentar sobre o ritmo do filme. Achei tudo muito lento e, por diversas vezes, até contemplativo demais. Tudo bem que as lindas paisagens do Himalaia pedem por esse momento de pensar em como somos ínfimos, mas acabou prejudicando o seu andamento. Tirando esses detalhes que julgo negativos, posso dizer que ele possui uma grande história a ser contada. A obsessão humana é capaz de nos trazer uma bela e uma triste realidade ao mesmo tempo.
Conclusão
Considero Broad Peak um filme bem mediano. Só por ler essa palavra muitos já o julgam ruim e isso não é verdade. Ele é bem assistível e garanto uma grande história de um fato que realmente aconteceu. Possui algumas falhas que prejudicam o andamento e a dramaticidade da projeção, mas considero a trama maior que isso. Ele poderia ser também um documentário. Cairia certinho no gênero. Termino meu texto dizendo que o homem tem que temer por muitas vezes o que desejam, pois isso pode ser determinante para o seu destino.
Onde assistir ao filme Broad Peak?
A saber, Broad Peak estreou nesta quarta-feira, 14 de setembro de 2022, no catálogo da Netflix.
Trailer do filme Broad Peak, da Netflix
Broad Peak: elenco do filme da Netflix
Ireneusz Czop
Piotr Glowacki
Marcin Czarnik
Maciej Kulig
Maja Ostaszewska
Ficha Técnica do filme Broad Peak, da Netflix
Título original do filme: Broad Peak
Direção: Leszek Dawid
Roteiro: Lukasz Ludkowski
Duração: 102 minutos
País: Polônia
Gênero: drama, biografia
Ano: 2022
Classificação: 14 anos