Bruno Albert: inspiração e conexão através da arte
Monique Ferreira
O cantor e compositor Bruno Albert, natural da cidade de São Gonçalo (RJ), se considera um artista multimídia, que adora cruzar fronteiras e instigar as pessoas a fazerem suas próprias revoluções. Sua formação vai da música brasileira a gêneros internacionais como rock, pop, R&B alternativo e outros. Ele também se inspira nas artes visuais e é formado em história da arte. Recentemente, Bruno foi premiado no Rootstock Music Festival, evento anual europeu que celebra a música e o vinho, além de contribuir com a carreira de músicos em ascensão.
O seu EP de estreia se chama Semióforo e foi lançado em 2020, precedido em 2019 pelos singles “Razão” e “Pre-Tu“, contendo este último a faixa b-side “Ódio”. Além de seus lançamentos autorais, o artista também imprimiu sua voz em versões de clássicos da música brasileira, como “O Que Sobrou do Céu” do “O Rappa”, para o manifesto “Carnavalhame” e “Uma Canção” de Ronaldo Bastos, gravada a convite para o lançamento do livro “Hotel Universo”, sobre a poética do compositor niteroiense mundialmente conhecido por suas canções interpretadas por nomes como Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes.
Portanto, convidamos Bruno Albert para um bate-papo sobre sua carreira.
Confira!
Fiquei bastante interessada pelo relacionamento das artes visuais na sua música. Como você aplica esta fusão no seu trabalho?
Eu transito entre as formas de arte e convido artistas de outras mídias para compor meu trabalho. A capa do Semióforo, meu primeiro EP, é composta pelo trabalho de três artistas e minha concepção. Só ali há Débora Linck (que fez o tambor), Gabriella Marinho (que fez a escultura) e Pedro Napolinário (que fez a fotografia). Eu entendo a arte como campo expandido, existe atualmente compreensão e até aceitação melhor disso por parte do público visto que se consome música associada geralmente ao audiovisual. Mas vale ressaltar que no meu caso é algo proposital, o trabalho não é só o fonograma, também é a relação entre as maneiras de produzir arte.
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Além da arte, a música também é uma forma de comunicação. Como você usa o seu trabalho como instrumento de protesto e visibilidade para temas sociais?
Eu nasci em uma família preta composta praticamente só de mulheres dentro de casa. Então contar minhas experiências e indagações já pode ser visto como algo que revela a história de parte da população e também um acesso para que se reconheçam e façam o mesmo. Para as pessoas que não são pretas pode ser interessante também, pois estamos lutando por coisas bem simples: saneamento, e para que não nos matem sob a desculpa de trazer proteção em vez de ter uma estratégia eficaz e que inclua a periferia.
E, nesse sentido, quais são as suas bandeiras?
Nós queremos ter acesso à cultura e respeito ao que nos representa culturalmente e respeito em relação aos nossos corpos também. Ver como é o ponto de vista do preto no Brasil é algo necessário como manifestação artística, social e também como documento histórico. Eu quero que as pessoas se inspirem como eu mesmo me inspiro nesta trajetória da qual faço parte.
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Recentemente você foi premiado no evento europeu Rootstock Music Festival. Como foi a experiência?
Eu quero falar para o Brasil e também para o resto do mundo. Como já tive experiência internacional como artista educador no MAC de Niterói anteriormente, esta oportunidade foi uma iniciativa para retomar este caminho de abertura para outros lugares, representando minha cultura e a sua mistura natural com o que vem de fora também.
E você já consegue sentir um retorno de visibilidade em seu trabalho?
O retorno mais expressivo foi do público que participou e incentivou. Mas, também tivemos retorno de mídias relacionadas à cultura. Que compartilharam a minha participação como finalista e como um dos vencedores do prêmio para muitas pessoas. Entre estes, eu destacaria o Catraca Livre e o Jornal O São Gonçalo.
Festivais e concursos de música são uma oportunidade para financiamento, visibilidade e circulação de artistas independentes. O que você diria para outros artistas que gostariam de participar de festivais?
Invistam no teu material, no teu conteúdo e não percam oportunidades de inscrição em editais que estejam alinhados com suas metas. Os curadores podem estar procurando exatamente alguém como você. Portanto, é sempre uma troca. Não é uma ajuda ao seu trabalho, mas uma oportunidade que ambos, você e os responsáveis pelos festivais, estariam dando para o público ter acesso a algo que procura.
Como você vê a possibilidade e responsabilidade de levar a cultura brasileira para o exterior através da sua música?
Eu vejo com prazer. Gosto muito de inspirar, incentivar, ser acesso para que outras pessoas vejam minha trajetória como possível caminho pra si. Trabalho com arte e sua comunicação com o público há 13 anos e parte deste tempo eu era uma das pessoas responsáveis pelas equipes internacionais no museu. Posso dizer que representar e criar conexões e trocas entre a produção artística brasileira e a estrangeira é algo com o qual trabalhei diretamente mais tempo que com a música em si. Unir as duas coisas é algo que sempre quis, ainda mais encarnando minha própria produção artística.
Quais são os três artistas da cena nacional com os quais você faria um tour pela Europa?
Tuyo, Tim Bernardes e Os Alacantos.
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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!