Bryan Adams crítica do álbum disco So Happy It Hurts ouvir

Bryan Adams soa repetitivo em ‘So Happy It Hurts’

Wilson Spiler

Para começar esta resenha, apelo para um dito popular muito famoso: “Em time que está ganhando não se mexe”. Mas seguir esse provérbio futebolístico, muitas vezes, é perigoso. É o caso de Bryan Adams, que lançou nesta sexta-feira (11) seu 15º álbum de estúdio, So Happy It Hurts, em toda as plataformas digitais.

Com uma carreira de sucesso, é inegável que o cantor tem talento, coleciona hits e tem uma legião de fãs espalhadas pelo mundo. Mas Adams parece ter parado no tempo. A questão aqui não é contra sua identidade como artista, que sempre está presente. O grande problema do novo disco é que passa a impressão de que estamos ouvindo o mesmo Bryan de 20, 30 anos atrás.

“So Happy It Hurts”, música que dá nome e abre o álbum, é legal, divertida, mas mais do mesmo que Bryan Adams já vem fazendo há 40 anos. A intenção, segundo o próprio cantor, era fazer deste disco mais alegre, para curar a dor da pandemia e do risco de “nunca mais sair em turnê”.

Poucas baladas, mais rock e country

De fato, é um trabalho com poucas baladas – talvez onde o artista mais seja bem-sucedido. So Happy It Hurts tem uma pegada mais rock e até country – ritmo do qual o cantor sempre transitou, mas parece querer esconder essa veia.

É onde a guitarra pesa mais que o álbum soa melhor. “Kick Ass”, que tem uma introdução narrada pelo veterano ator John Cleese, um dos membros do grupo de humor britânico Monty Python, talvez seja a melhor música do disco. Com um riff empolgante e uma letra mais bad ass, como sugere o próprio título, temos um Bryan Adams bem à vontade.

Começo do fim?

A faixa “Always Have, Always Will”, que teve clipe divulgado junto com o lançamento do álbum, também chama a atenção para uma batida quase reggae e é uma das poucas baladas do disco. Mas também não chega a empolgar.

A voz inconfundível de Bryan Adams ainda está presente So Happy It Hurts e continua  arrepiante, mas somente isso não é suficiente para afagar nossos corações como o cantor tantas vezes fez com êxito. O novo disco não é ruim, só é igual demais ao que já ouvimos, com o pesar da ausência de hits como “Heaven”, “Everything I Do” ou “Have You Ever Really Loved a Woman?”.

O tempo passa e todo artista precisa de novos fãs, mas Adams parece ainda não ter se dado conta disso. Tocar só para os seus pode ser o começo do fim de uma carreira tão brilhante.

Ouça o álbum So Happy It Hurts, de Bryan Adams

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN