Um pouco mais de polimento faria bem a ‘Call of Duty: Modern Warfare 2’
Felipe de Andrade
“Modern Warfare” reimaginou o início de uma das maiores franquias de jogos de tiro de todos os tempos, tanto dentro quanto fora do universo “Call of Duty”. Esse reboot trouxe um título incrível em diversos aspectos em um jogo de qualidade. Sua sequência, Call of Duty: Modern Warfare 2, lançado para PC, PS4, PS5 e Xbox, segue os acontecimentos do antecessor, mas, infelizmente, é um jogo aquém do esperado do lendário estúdio Infinity Ward, mostrando cansaço na fórmula de sucesso da franquia e uma falta de polimento incomum em um dos games mais aguardados de 2022.
A história da sequência ao gancho deixado no final do jogo anterior e logo no início da campanha acompanhamos a escalação completa dos integrantes clássica força-tarefa 141, composta pelos lendários Ghost (quase todo o marketing do jogo foi feito dando destaque a esse incrível personagem) e Capitão Price, além dos novatos Soap, Gaz e Alejandro, estreando na série. Ambos sob o comando direto de Laswell, a líder da CIA que segue à frente das missões desde o primeiro jogo.
Seguindo um dos maiores clichês do gênero, a equipe vai participar de missões ao redor do mundo no encalço de um terrorista originário do Oriente Médio que planeja realizar ataques pontuais utilizando armamento pesado e mísseis americanos roubados sem que a inteligência militar tomasse conhecimento. Resumidamente, esse é o plot do jogo e de diversas outras obras semelhantes nas mais variadas mídias.
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Fases aleatórias e repetitivas
As fases de Call of Duty: Modern Warfare 2 se desenrolam de maneira mais do que conhecida pelos fãs da série, entretanto, quem está chegando agora pode achá-las bem aleatórias. O que é proposital e visa diversificar a acompanha com missões de reconhecimento, combate na fronteira dos Estados Unidos e México, resgate, infiltração, reforço aéreo e por aí vai. Sendo que tudo sempre será amarrado até o final da campanha, mesmo que não pareça ser da melhor maneira.
Toda a campanha possui um ar de “já joguei isso antes” devido à falta de inovação do game. Essa sensação ocorre porque, tirando alguns inimigos que se posicionam em locais inusitados para tentar nos alvejar, como buracos no chão, basculantes e debaixo de veículos. A sistemática não agrega nada de novo e, pior, o jogo não possui uma missão impactante para chamar de sua, como a “No Russian”, do Modern Warfare 2 original. Dessa forma, desaponta uma legião de fãs e transforma esse COD em apenas mais um jogo de guerra com traições, alianças inevitáveis, uma quantidade limitada de tiro e um terrorista genérico sendo encarado no final.
Background mais desenvolvido
Desta vez, o estúdio tenta desenvolver melhor o background e o relacionamento entre os personagens fazendo com que diversos diálogos aleatórios surjam durante as missões. Em algumas dessa falas é possível até escolher as que nosso personagem dirá na sequência. Esse sistema aumenta a interação e imersão no game, mas, na real só causa algum impacto em apenas um momento do jogo, no qual devemos dizer a verdade para outro personagem que nos interroga em uma cena tensa numa base inimiga, onde diversas opções aparecem na tela nos obrigando a acertar as respostas para não sermos mortos no processo. Tirando isso, nenhum efeito é sentido em qualquer outra conversa.
Outra novidade que não caiu tão bem aqui – e que ocorre duas vezes durante a campanha – são as fases de sobrevivência no comando de Soap. Nelas o personagem está desarmado e deve se virar com o que achar pelo cenário, criando itens e equipamentos para que possa avançar na missão em território hostil, fazendo uso de muito stealth e paciência, destoando completamente do clima do resto do jogo.
Algumas missões conseguem se sobressair dentre as demais, como a do comboio inimigo, a da invasão a um cargueiro durante uma tempestade e a missão de infiltração fazendo uso de rapel na lateral de um prédio. O restante tende a ser mais do mesmo, que, por mais que garantam algum desafio e diversão, mostra que a franquia já não é mais a mesma.
Bugs e gráficos
A falta de polimento está presente na maioria das fases, como parte do cenário sendo renderizadas a todo momento (chegando a atrapalhar bastante durante a missão de apoio aéreo, por exemplo) bem na nossa frente. Bugs também estão presentes como inimigo atravessando os cenários, nossos personagens dando respawn a vista de vários inimigos causando morte instantânea, e até um em que Ghost se movimentava rastejando durante toda uma fase ao invés de ficar em pé, quase me obrigando a reiniciar a campanha. Estas situações e mais um apanhado de problemas técnicos, como a iluminação, por exemplo, quebram a imersão mais de uma vez em todas as fases.
Call of Duty: Modern Warfare 2 possui visual competente de modo geral, mas perde o impacto que poderia causar na nova geração por não ser um título exclusivo e ainda estar atrelado aos consoles mais antigos, fazendo com que as versões de PC e PS5 sejam apenas um jogo de PS4 mais bonito. Ainda assim, posso dizer que ainda perde para “Infinity Warfare”, de 2016, de lavada neste quesito. Aqui algumas fases são bem detalhadas e com ótimos designs, enquanto várias delas parecem ser construídas usando um gerador de estágio bem genérico devido à sua simplicidade.
Os personagens são bem construídos possuindo ótimas animações, visual realista em sincronia labial eficiente. Entretanto, tudo fica ainda melhor durante as cenas de corte que traz animações pré-renderizadas com uma qualidade visual acima da média. Apesar dos pontos negativos, Call of Duty: Modern Warfare 2 traz uma experiência visual satisfatória, ainda mais no PC e no PS5, sendo exibido com 4K travados em 60 fps.
Som
O som do jogo é incrível e pode ser aproveitado em outro patamar fazendo uso do Pulse 3D, poderoso headset da Sony para o PlayStation 5, ou outro fone de qualidade. Os efeitos de ambientes somados ao som dos passos dos inimigos, direção dos tiros, explosões e vozes executados pelo sistema 3D do PS5 auxiliam o jogador a conseguir se posicionar melhor pelos cenários em momentos de combate, ao mesmo tempo que contribui com a imersão em qualquer momento do gameplay.
A localização e dublagem são impecáveis, como já é de costume na franquia. Destaque para a voz de Ghost, e que garante uma presença surreal para o personagem toda vez que ele aparece na tela.
Multiplayer de Call of Duty: Modern Warfare 2 para PC, PS4, PS5 e Xbox
https://www.youtube.com/watch?v=tnsOrbljnK0
Modos multiplayers
Além da campanha, os clássicos modos multiplayers também estão presentes. E começando pelo cooperativo, podemos dizer que ele está presente apenas para gerar mais volume de conteúdo para o jogo. É extremamente curto e pouco criativo, possuindo três missões dispensáveis com tela dividida o que ocorrem em alguns mapas presente também no modo competitivo.
Este modo acaba sendo um desperdício de tempo e oportunidade que, levando em conta que quase 100% das missões são realizadas em equipe, seria melhor que a Infinity Ward liberasse o cooperativo durante a jogatina com a história principal do jogo. isso justificaria muito mais um modo cooperativo em tela dividida.
Já pelo lado competitivo, temos um clima de déjà vu aqui, e isso não é necessariamente ruim, já que é o que os fãs da franquia procuram. Tudo o que é esperado está presente: modos clássicos estão de volta, variedade do arsenal com armas conhecidas ou parecidas com as de outros jogos, personagens e vários mapas inéditos, aproveitando para adaptar algumas áreas da campanha para comportarem as partidas online. A sensação de renovação e repetição caminham de mão dadas aqui.
Veredito
Call of Duty: Modern Warfare 2 segue a história do reboot trazendo um enredo que busca atualizar a trilogia original com novos acontecimentos, personagens, situações de locações, ao mesmo tempo que se mantém fiel à ela, inclusive deixando um gancho para a aparição de mais um vilão clássico da trilogia original.
O jogo traz uma evolução visual digna na nova geração, ao mesmo tempo que arrasta problemas técnicos de duas gerações atrás, o que prova que o título precisava de mais polimento antes de ser lançado.
Talvez a franquia precise fazer como “Assassin’s Creed” fez e deixar de ser lançada todo ano em troca de um produto de maior qualidade, assim como campanhas maiores e mais bem desenvolvidas, buscando agradar aqueles que não são tão fãs do modo multiplayer, que passa a ser o principal motivo de compra pela maioria dos jogadores em detrimento da campanha.
Prós
- Design de som impecável
- Bons gráficos
- Gameplay variado
- Multiplayer ainda diverte
Contras
- Campanha curta
- Sem momentos impactantes
- História clichê
- Bugs e problemas técnicos
Trailer de Call of Duty: Modern Warfare 2 para PC, PS4, PS5 e Xbox
https://www.youtube.com/watch?v=r72GP1PIZa0
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