‘Call of Duty Vanguard’ entretém de forma honrosa
Stenlånd Leandro
Todo mundo sabe que assistir certos filmes de guerra traz à tona, para algumas pessoas, o infortúnio de ter passado por esses períodos. Napoleão Bonaparte já dizia “nunca interrompa seu inimigo enquanto ele estiver cometendo um erro”. E assim, chegou a vez de termos acesso ao ‘Call of Duty Vanguard’. Se pensarmos em outras frases do estadista francês, também podemos dizer que “a capacidade pouco vale sem oportunidade”. E assim chegou a chance da desenvolvedora mostrar para que veio.
“É a imaginação que governa os homens”
Existe sim, a absoluta certeza de que a Sledgehammer tentou ao máximo conceder ao fã da franquia um jogo, no mínimo, atrativo. Seja pelos mapas muito bonitos, pelo visual das cutscenes que continuam melhorando, mas sabemos que é difícil esse tipo de jogo self-service ter o gostinho de um prato à lá carte.
A campanha inicia com uma incrível sequência de cutscenes mostrando, nossos soldados intitulados de Vanguarda, tentando parar um trem. É ai que você começa seu treinamento. Confessamos que não é nada difícil de sair atirando sem dó para lá e para cá.
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Num geral, o modo campanha de Call of Duty Vanguard, apesar de mais do mesmo, trouxe consigo algo no mínimo interessante: mostrar que cada personagem tem sua habilidade distinta e que somos capazes de ter essa experiência. Enquanto um é profissional com armas, o outro é um piloto da força área e, sim, temos a chance de pilotar um caça, e fazer piruetas que deixam Air Combat e Flight Simulator no chão.
“Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota”
A narrativa do título não conta uma história linear, muito menos com cânone baseado em fatos reais. Temos diversos ‘protagonistas’ que tiveram suas vidas reviradas do avesso por causa da invasão dos alemães. Assim, as histórias só se conectam pelo fato de estarem juntos no final como um grupo de vanguardistas tentando aniquilar os invasores. No entanto, a trama vai além e de forma hiperbólica às vezes, mas é satisfatório. Principalmente quando o assunto é Polina Petrova.
A campanha de Polina Petrova (Laura Bailey) é a melhor coisa do jogo. Sobrevivente do massacre em Stalingrado, prometeu vingança por ter sua família executada. Assim, para que esse desejo seja concluído, a personagem terá de mostrar a que veio. Ela terá que se agachar, rastejar, atacar de forma furtiva (isso não é novidade na franquia), mas também escalar alguns edifícios utilizando parkour para escapulir de zonas de perigo.
Até mesmo os flashbacks em modo de cutscenes da campanha de Petrova são os melhores. A ação que envolve a personagem, além de momentos de pura tensão e a sonoplastia em determinados momentos, entregam efeitos muito imersivos.
“A existência é mais uma maldição que um bem”
Visualmente cada episódio é esplendoroso e repleto de muita pompa e circunstância, mas deixa a desejar em momentos. Por exemplo, com os 60 quadros por segundo, que se fazem indispensáveis, o jogo tende a ter recaídas e até travamentos constantes que duram cerca de dois segundos.
Também é necessário falarmos da Inteligência Artificial do inimigo. Em certas áreas, essa tecnologia se mantêm alerta, mas geralmente é terrivelmente ridículo. Por exemplo, acontece regularmente dos inimigos terem uma linha de visão direta para o personagem e ataquem, mas então simplesmente permaneçam no local por alguns segundos em vez de primeiro se protegerem.
Outro problema é que não há algo coerente quando eles atiram em você de perto. O jogador anda um pouco e, de repente, some da linha de visão inimiga. Se olhar de perto, você também verá inimigos repetidas vezes que, independentemente de suas próprias vidas, correm para a saraivada de balas em que seus camaradas morreram miseravelmente segundos antes.
“E assim continuam mais detalhes a caminho”
Claro que se você está muito cansado de atirar em seres vivos ou preza pela vida alheia, mesmo sendo um inimigo, você tem a opção de ‘’matar o cadáver de um defunto morto que já faleceu’’ sem dó. O formato teve melhorias, por não ser apenas sobre zumbi, mas sobre entidades pra lá de primitivas dando-lhe algumas dicas de como será o mundo daqui por diante ou daquilo que acontece no atual presente.
O modo zumbi retorna em Vanguard com o sistema ‘’Der Anfang’’ que, em tradução livre, quer dizer ‘’O Início’. Isso foi mostrado primeiramente em Black Ops: Cold War. Acaba sendo uma espécie de início porque leva seu personagem de volta aos experimentos que se iniciaram na estação projekt, lembram? Isso foi em Stalingrado, quando Oberführer Wolfram Von List usou certos artefatos, saqueados por Die Wahrheit, para que conseguisse dar vida aos mortos na guerra nazista durante a batalha em Stalingrado, fazendo com que, pela primeira vez, embata corpo a corpo contra zumbis nazistas. Essas entidades apareceram e então, o professor demonologista Gabriel Krafft enviou um pedido de socorro ao mundo.
Formato zumbi
O modo zumbi até parece convidativo, porém nada interessante. O formato é raso, sem muito detalhamento e longe de seguir algo linear aos iniciados. Precisamos mesmo recordar que o modo já existiu outrora.
Não se preocupe se você não jogou esse modo anteriormente em Cold War. No passado até era meio complicado resolver certos quebra-cabeças para seguir em frente, mas aqui é tudo mais simples. Há onde melhorar suas armas, existe a caixa misteriosa e um novo Altar dos Covenants. Também temos novos portais que nos levam a determinados objetivos. Ao terminar a missão, o jogador volta ao Hub inicial para dar início a um outro portal e assim vai.
Sensação antiga
Então, temos a sensação de estarmos jogando a franquia Doom, onde monstros aparecem, portais precisam de acesso para um novo mapa, que é muito pequeno diga-se de passagem, sem muito apelo visual e também incerto.
Sua função é coletar certos drops para conseguir, de certo modo, destruir uma onda infinita zumbi enquanto tenta, de certo modo, parar um cristal que ‘’mantém’’ os defuntos de pé. Para amantes do formato, certamente o modo Zumbi pode ser um atrativo, porém esquecível.
“A maior batalha que eu travo, é contra mim mesmo”
Visualmente falando o jogo é brilhante, mas faltam novidades atrativas. Todo jogo de guerra que se preze, seja Black, Área 51, Battlefield ou o antigo e saudoso Medalha de Honra; a Segunda Guerra Mundial é um dos conflitos mais explorados por essas franquias.
Assim como God of War teve de se reinventar e sair do Hack N’ Slash, o título acaba ficando refém de sua proposta: Sair atirando e salvando o mundo.
O nome de Hitler é mencionado como de costume nesse tipo de jogo e a Normandia é a localização de seus personagens em uma missão intitulada Projeto Fenix. Como de praxe, as coisas não saem como planejado e ai começa todo o problema; capturados, torturados, exilados e sempre tudo sendo feito por nazistas.
Longo hiato
Foram quatro longos anos desde Call of Duty World War II. Desde então, a franquia sofreu diversas mudanças bruscas que não encantaram muito os fãs. Mas há de convir não é nada agradável manter a mesma ladainha de guerras no mesmo período histórico. E se isso realmente é a justiça sendo feita, que mostre outros países sofrendo e tentando parar a guerra. Ou que caminhemos para outras guerras como dos Farrapos, A Turquia e Curdos, ou até mesmo mostrar outras partes da história como a guerra no Vietnã, usar os vietnamitas, dentre outros rumos. Assim como Assassin’s creed andarilhou para outras veredas com a versão Viking e oriente médio, de nada custaria mostrar um Call of Duty mais versátil. Na verdade, essa ausência é a kryptonita de ambos.
Porém, algo muito legal e que poucos tendem a mencionar no jogo é a sua sonoplastia. Enquanto ouvimos tiro, porrada e bomba, a música de fundo do compositor americano Bear McCreary merece menção honrosa. Ele já ganhou inclusive um BAFTA por seu trabalho na parte 2018 de God of War, e a trilha sonora soa fantástica aqui também. Até porque McCreary às vezes combina música clássica com gêneros atuais e o ritmo delas muda dependendo da situação do jogo.
“Você nunca saberá quem é seu amigo até falhar”
As Guerras Napoleônicas, por exemplo, são muito interessantes. Imagine um jogo com uma série de conflitos colocando o Império Francês, liderado por Napoleão Bonaparte, contra uma série de alianças de nações europeias?
As Guerras Revolucionárias foram importantes para os europeus e ainda espero um dia ver um COD voltado a esse tipo de momento da história. Não deixa de existir armas nesse período. Mas seja como for, a franquia está sempre de volta à Primeira ou Segunda Guerra Mundial.
O cânone real desse tipo de narrativa, e que criou o destino dos sobreviventes, pode ser um grande desafio para qualquer estúdio, já que quase todos esses eventos foram encobertos e pouco têm-se conhecimento da história real. O Studio Sledgehammer em 2017 também pretendia apresentar uma versão diferente dessa guerra, mas tradicionalmente o produto final não era o que os jogadores estavam esperando.
“A glória é fugaz, mas a obscuridade é eterna”
Mudando de alho para bugalho, uma das melhores coisas no desenvolvimento de Call of Duty Vanguard foi o uso do motor gráfico IW8.0. Clarividente que utilizaram modificações especiais de estúdio neste motor, mas o produto final ficou muito atraente.
Deve-se notar que esta é a primeira experiência real da franquia da nova geração com a série Call of Duty desde o ano passado. A iluminação, as sombras, a qualidade dos tecidos, as animações do corpo e claro a qualidade do rosto são muito boas. O design do ambiente foi muito bem executado e valeu a pena citar como uma obra de nova geração.
Um dos problemas que raramente é visto na parte gráfica, mas que existe, são as textura que provavelmente melhorarão mais pra frente. Um dos novos recursos adicionados é a degradação relativa do meio ambiente. Partes de paredes, vales e outros objetos dentro do ambiente são potencialmente destrutivos.
A Sledgehammer Games não se atreveu a fazer grandes experimentos lúdicos durante a campanha, mas consegue definir bons acertos repetidas vezes. Em uma das seções de Stalingrado, por exemplo, é necessário libertar o irmão de Polina e seus seguidores de um extenso complexo de edifícios. O que é empolgante: a área de plano aberto não é apenas de vários andares, mas também intercalada com dutos de ventilação estreitos e atalhos que permitem que você brinque de gato e rato com os alemães.
Graças aos efeitos de vibração diferenciados do controle DualSense, cada arma tem sua caracteristica. Além disso, há uma infinidade de possibilidades para configurar o controle de acordo com seus próprios desejos. Isso também foi um belo adendo.
“Um bom esquema vale mais que um longo discurso”
O modo multiplayer é o modo onde os jogadores estarão mais presentes. Em tempos de Pugb e Free Fire, a modalidade campanha tornou-se dispensável para muitos ou até mesmo a maioria. Não é a toa que ela dura nada mais que oito horas.
Enquanto isso, o jogo têm como foco levar você até a partida o mais rápido possível, podendo ter partidas de até 24 vs 24. Podem imaginar o possível lag de alguns? Mas esse nem é o detalhe. Como há muito jogador para pouco mapa, a quantidade de armas é tão massiva que esses artefatos de mais de 75 anos de existência possuem tempo de recarga muito grande em comparação às armas mais recentes. No modo multiplayer há uma infinidade de possibilidades que levaríamos tempos enumerando-as. Há uma grande seleção de mapas, armas, personagens e conteúdos extras disponíveis para quem quiser desbloquear.
Mais um adendo do modo multiplayer é que há as opções de matar uns aos outros entre equipes, dominação e os modos de captura de pontos no mapa. Existe também a possibilidade de estabelecer o ritmo de cada modo. As opções são: assalto, blitz e tático. No tático, o game sempre vai tentar te colocar em salas de seis contra seis, replicando uma experiência mais focada na cooperação e mais competitiva. Já no assalto, são salas com algo entre 20 e 28 jogadores, com partidas um pouco mais frenéticas.
Por fim, no blitz, são jogos com até 48 jogadores, e que, por conta disso, geralmente acabam bem mais rápido. Essas opções são justamente para isso: se você não tem muito tempo para se engajar numa partida completa, com comunicação entre equipes e tudo mais, mas escolher blitz pode deixar você igual cego no meio do tiroteio e não vai entender nada além de cair morto.
Multijogador
O modo multijogador vai depender muito de como você gosta da experiência com a franquia Se você deseja matar mais tempo com uma jogabilidade mais metódica, o Vanguard será um pesadelo. Para os agitados viciados em adrenalina, no entanto, oferece um período emocionante de carnificina e caos completo com itens bem ridículos e listas intermináveis de coisas para desbloquear.
A vantagem de alguns modos é que há um limite de vidas para cada jogador e uma vez que esse limite acabar, o time é eliminado e isso é muito interessante. Também há como obter dinheiro adicional ao matar os inimigos, mas também há a probabilidade de acha-los no chão, coisa que é muito comum em alguns títulos. Assim como em Counter Strike, ao iniciar uma nova partida, o jogador terá como comprar novos itens, fazer melhorias e assim vai.
Veredito
Call of Duty: Vanguard não possui tantas inovações, mas há uma quantidade vasta de conteúdo no multiplayer. O modo zumbi é descartável, enquanto o modo campanha até atrai. Não demora muito para que o jogador fique entediado mesmo jogando ao lado de companheiros no modo multiplayer. Como já diz o ditado ‘menos é mais’, porém ‘Em falta de algo melhor, já que não tem tu, vai tu mesmo’!
Prós
- Multiplayer excelente e variado
- A narrativa de Polina Petrova
Contras
- História não são lineares
- Modo zumbis é descartável
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