‘Canção ao Longe’: apesar de história devagar e arrastada, filme é bastante interessante
Bruno Oliveira
‘Canção ao Longe’ é o novo filme nacional que está para estrear em nossos cinemas e que é dirigido por Clarissa Campolina, ela que foi responsável pela edição do filme Kevin (que possui crítica no site). Ele é estrelado por Mônica Maria e conhecemos a história de uma jovem que vai atrás de independência e que busca suas verdadeiras raízes em plena cidade de Belo Horizonte. Essa é uma história bem intimista sem grandes reviravoltas, mas que se torna interessante por levantar alguns pontos sobre suas origens e sobre o que devemos fazer com nossas vidas.
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Jimena (Mônica Maria) foi criada em uma família bem tradicional e mora com sua mãe e sua avó, mas nunca se sentiu completamente à vontade em sua própria casa. A falta de uma certa conexão faz com que ela busque sua independência e queira morar sozinha. Além disso, ela precisa superar a partida do seu pai do Brasil que foi embora quando ela ainda era bem criança. Essa jornada de autodescobertas fará com que ela lide com questões como suas origens, seu corpo e suas relações familiares.
Uma história intimista sobre buscar sua independência
Esse é um tipo de filme que se torna bem difícil de comentar, pois ele parece ser bastante pessoal e levanta questões bem íntimas. Apesar de entender o dilema de nossa protagonista, não consegui me afeiçoar com ela o suficiente para embarcar em sua história. Ela sempre me parece muito triste, desolada e meio perdida em sua vida. A sensação de não pertencimento é muito grande, e apesar de entender isso, não consegui compreender toda a essência dessa solidão.
Apesar dessa distância que tive com a personagem, uma frase me pegou de jeito e me fez pensar bastante: “a falta de um lugar me fez uma pessoa forte, mas cheia de silêncios”. Parafraseei, mas dá para entender o contexto e se pensada, essa frase torna as palavras bem forte e cheias de significados. Isso sim me pegou, porém, em nenhum momento consegui me conectar corretamente com ela. Talvez por nunca ter passado nem perto pelos dilemas apresentados aqui. Uma empatia maior me faltou e não saberia julgar no momento se a culpa é minha ou do próprio filme que não conseguiu passar isso direito.
Um dos principais motivos para ela se sentir desconexa em casa é pelo fato dela ser negra, e sua mãe e sua vó serem brancas. Ela diz que já foi perguntada várias vezes se tinha sido adotada por causa disso. Por isso a busca por contato com seu pai se torna uma questão forte para ela. Essa distância traz uma amargura maior em sua vida, e que infelizmente parece que seu próprio pai não parece se importar muito. Essa quebra de laço também será determinante para independência de Jimena.
Conclusão
Por ser uma obra muito intimista, ela acaba sendo muito devagar e arrastada, pois precisamos entrar um pouco na vida dela e entender seus dilemas diários sem grandes explicações. O vejo fazendo sucesso em festivais, mas dificilmente irá cair no gosto popular. O que para mim, é sempre uma pena, pois ele vai estrear e ficar disponibilizado apenas para um nicho consumidor de obras mais artísticas como essa. Não achei esse filme perfeito, mas ele é bastante interessante por nos mostrar uma história sobre autoconhecimento.
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Trailer – ‘Canção ao Longe’
Ficha Técnica
Título original: Canção ao Longe
Direção: Clarissa Campolina
Roteiro: Clarissa Campolina e Caetano Gotardo
Elenco: Mônica Maria, Jhon Narváez, Carlos Francisco
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 06 de julho de 2023
Duração: 76 minutos
País: Brasil
Gênero: Drama
Ano: 2022
Classificação: Livre