cantor Renato Enoch

Renato Enoch | Cantor experimenta sem medo em prol da emoção

Guilherme Farizeli

Hoje é dia da nossa coluna Contra Maré e o nosso destaque é o cantor Renato Enoch! O artista segue com louvor a tradição de excelentes compositores oriundos das Minas Gerais. Sua sonoridade mescla com sucesso elementos da música pop com o que existe de melhor na música brasileira. Ainda assim, ele não deixa de flertar com o eletrônico, em diversos momentos. Nesse sentido, a mistura acaba resultando em um frescor indefectível.

No final do ano passado, Renato lançou o single “Partir“. A canção ganhou um videoclipe, com uma estética sombria, ambientando a música em um universo de sonho. Além de movimentos frenéticos e muitas experimentações visuais. Além do projeto autoral, Enoch tem trabalhado no “Enoch em Casa”, sendo uma sequência de vídeos com covers em seu canal do YouTube, somando releituras de grandes nomes da música.

Para falar sobre seus trampos de agora e planos para o futuro, batemos um papo incrível com o cantor Renato Enoch.

Confira!

Nos conte sobre o início! Como você se interessou por música e quais foram as suas primeiras inspirações?

Cresci com a música muito presente na minha vida e acho que a minha família teve uma influência forte nesse primeiro contato. Minha avó era professora de piano e a minha mãe e alguns tios tocavam instrumentos, então acabei absorvendo várias das referências que vieram deles. Descobri Rita Lee, Beatles, Tim Maia e Bee Gees graças às canções que a minha mãe vivia cantando e ouvindo, e depois descobri Aretha Franklin, Led Zeppelin, Radiohead e outros com os CDs que eram da minha irmã mais velha.

Desde cedo eu também me encantei por cultura pop, incluindo o universo da música pop, então minhas referências foram sempre bastante ecléticas. Ainda criança percebi que eu tinha uma vontade e facilidade grandes em relação ao canto, e aí comecei a me expressar com a música. Aprendi instrumentos e bem devagar aprendi a controlar a minha timidez, que sempre foi uma característica forte da minha personalidade.

Como você se define enquanto compositor? Tem algum processo que você segue?

Eu costumo escrever letras em forma de poema e depois imaginar elas com melodia e harmonia, mas quando a inspiração bate forte essa ordem pode acabar mudando. Na maior parte do tempo, escrevo quando me vem a vontade de elaborar alguma coisa que me incomoda ou me emociona, então há períodos em que escrevo mais ou menos coisas. Nos momentos de menor produção, tento exercitar a composição de uma forma mais construtiva, mais metódica e racional, mas ainda não defini bem esse meu processo.

Sou muito crítico de mim mesmo, o que às vezes me trava, e ao mesmo tempo gosto muito de experimentar estruturas e estéticas diferentes, por isso tenho encarado como exercício a busca de um processo criativo mais livre, com menos filtros e menos autocrítica para os próximos projetos.

Vamos conversar sobre o seu mais recente single, “Partir”. Para você, o que significou compor durante esse período tão delicado para o mundo?

A “Partir” começou a nascer há seis anos atrás, como uma canção de refrão chiclete que refletia algumas frustrações, mas foi só em 2020 que eu acabei tirando ela da gaveta e mudando algumas coisas. Descobri novos significados na letra e senti que ela conversava muito com o meu sentimento em relação a esse período. Era o sentimento constante de pessimismo, com um fundinho de esperança. Ou pelo menos uma vontade de encontrar algo fértil e poético nos momentos angustiantes, mas sem romantizar.

Para mim, essa letra fala sobre gerar movimento mesmo se sentindo paralisado ou voltando pro mesmo lugar, e acho que todo esse processo virou uma forma de lembrar a mim mesmo que do medo e da desesperança também podem nascer canções. “Pra depois virar canção”.

A sonoridade de “Partir” é bastante contemporânea, trabalhando principalmente com teclado e batidas leves. Como foi o processo de elaboração do som?

Produzi essa faixa em parceria com o Fillipe Glauss, e criamos o arranjo entre o fim de 2020 e os primeiros meses de 2021. Tentamos trazer muitas camadas e contrastes na sonoridade para brincar com essa dualidade entre a temática soturna da letra e a dinâmica fluida e crescente da música. Os experimentos com synths, teclado e vocais acabaram sendo o ponto de partida, por já serem elementos muito presentes no meu trabalho. E aí a faixa foi ganhando esse movimento e essa forma final com a presença do baixo, da guitarra e de outras texturas.

O novo single veio acompanhado de um vídeo com uma temática mais enigmática e contou com as participações de outros artistas mineiros. Como foi o processo de criação do vídeo?

A ideia do clipe veio de um sonho bastante caótico que eu tive, no qual sempre que eu saia por uma porta eu voltava pro mesmo lugar. Depois eu entendi isso como um reflexo de um sentimento que estava muito presente nesse período, que é o de se sentir paralisado ou sem progredir.

Também foi um período em que eu me vi encarando novas coisas sobre mim mesmo e pensando sobre o que eu realmente quero colocar no mundo. Toda essa viagem resultou em elementos como os espelhos, trazendo a ideia de autopercepção e distorção, além das repetições nos movimentos e nos cenários.

Foi um processo colaborativo e o objetivo principal era não levar tanto a sério esses sentimentos de angústia, seguindo a ideia de “dançar conforme a música” e de continuar em movimento mesmo sem previsão de chegada. Surgiu então a coreografia, que conversa bem com a dinâmica e com o refrão da canção, que pode soar um tanto pessimista, mas também pode ser dançante.

Recentemente, você também trabalhou no projeto “Enoch em casa”, onde você faz releituras de Gilberto Gil, Rita Lee, Anavitória, Caetano Veloso e outros. Qual a sua sensação por ver uma recepção positiva do público sobre o projeto?

Criar esse projeto no último ano foi uma boa forma de exercitar o meu lado intérprete nesse período em que eu não pude fazer shows, e várias das escolhas do repertório são canções que eu sempre quis cantar ou letras que eu gosto muito. Sei que muita gente que me acompanha me conheceu através das versões antigas no Youtube, então trazer esse projeto foi uma forma de me reconectar e ao mesmo tempo abrir as portas para novas pessoas chegarem.

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Por fim, quais os planos para 2022? Podemos aguardar um novo álbum?

Espero conseguir finalizar o novo projeto nos próximos meses, falta organizar algumas ideias e terminar algumas gravações. Acho que será um conjunto de faixas que abrigam sentimentos e devaneios muito presentes nos últimos anos da minha vida, incluindo os que surgiram durante esse período de pandemia. Gosto de acreditar que esse projeto não só reunirá canções pessoais e honestas, como também será um álbum com o qual muitos conseguirão se identificar.

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Em parceria com Ingrid Leão.

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
NAN