Aline Happ | Cantora desenvolve projeto de versões durante a pandemia
Guilherme Farizeli
Em primeiro lugar, vamos às apresentações. Aline Happ é um cantora carioca, vocalista da banda de metal sinfônico Lyria. A banda foi fundada pela própria artista, em 2012. Nesse sentido, eles são considerados um dos grandes nomes da nova geração do metal brasileiro. E não é para menos: a banda tem o trabalho reconhecido no mundo inteiro. A saber, os álbuns ‘Catharsis‘(2014) e ‘Immersion‘ (2018). Durante a tour de divulgação do disco mais recente, veio a pandemia. E, com ela, as incertezas de quem vive de música. Aline, no entanto, soube explorar muito bem as redes sociais e aproveitou para iniciar uma série de vídeos.
Nela, a artista promove releituras de Gothic, Folk e Celtic de canções do rock e do metal mundial. E aí, a gente tem de tudo. De Hocus Pocus à Aerosmith, passando por The Calling. Para saber mais sobre esse projeto, mas também sobre sua carreira, batemos um papo incrível com a cantora Aline Happ. Aliás, você pode conferir e entrevista inteira no vídeo logo abaixo!
Como foi o início da sua relação com a música? Quando nasceu esse amor?
Na verdade, eu sempre gostei de cantar. Desde pequena eu via os desenhos da Disney, onde tinha as princesas cantando e tinha a Baleia Cantora, que acho que foi minha grande inspiração. Era uma baleia que cantava ópera e que eu ficava imitando (nota da redação:’Willie, a baleia cantora’, é uma animação de 1946). Eu também levava os CDs dos meus pais para passear no carrinho de boneca (risos). Então, eu sempre gostei de música.
Mais ou menos com 11 anos eu fui descobrir o Metal. Eu já gostava de rock, meus pais já ouviam rock e new age, que minha mãe adora. Mas o Metal mesmo foi a partir dessa idade. Aí eu realmente quis cantar. Eu queria montar e uma banda e minha mãe me incentivou bastante, inclusive a começar a fazer aulas de canto.
Que irado! Normalmente, os pais ficam um pouco com o pé atrás nessa situação. Mas você teve um belo incentivo, né?
Tive sim. Inclusive, a gente conheceu muitas bandas juntos. Por exemplo, Nightwish foi minha mãe que “descobriu”. Ela viu a capa do álbum Century Child numa loja (2002) e comentou “nossa, que capa bonita! Vamos ouvir?”. Daí a gente colocou naquelas maquininhas que você podia escutar 30 segundos do CD e adoramos o som! A primeira banda no estilo, com mulher cantando, foi Evanescence. Aí eu fiquei realmente encantada e falei, “cara, eu quero ter uma banda nesse estilo”. Pra falar a verdade, até a minha vó foi no show do Nightwish! A família toda!
Esse incentivo à arte dentro de casa é fundamental, né? Nesse sentido, isso foi decisivo pra sua trajetória?
Foi sim. Mas o meu pai queria que eu fosse engenheiro, como ele. Então, isso foi meio complicado no início. Eu me formei em Marketing, trabalhei com isso, mas chegou um momento em que eu disse “não, eu quero fazer música”. Hoje em dia eu até acabo fazendo marketing da banda, o meu também. Esse conhecimento ajuda muito nas coisas que eu faço. Enfim, eu tive um incentivo, mas também tive que lidar com essas expectativas do meu pai me relação ao meu futuro profissional. Mas hoje ele apoia bastante!
Conta pra gente sobre o momento em que você decidiu que iria viver de música, que iria se dedicar quase que integralmente à esse ofício. Como foi essa epifania?
Quando eu tinha mais ou menos uns 11 ou 12 anos eu ouvi Linkin Park pela primeira vez e eu fiquei encantada! Eu pensei “caramba, ter uma banda deve ser algo muito legal!”. Logo depois eu descobri o Evanescence e era uma coisa super diferente! E foi essa descoberta que me fez querer ter uma banda. E eu tive várias bandas, como hobbie mesmo. Um dia, trabalhando, eu senti que deveria estar fazendo o que eu realmente amo. Tive muito incentivo da minha mãe e do meu marido e resolvi montar a banda. Isso foi em 2012, quando eu fundei o Lyria.
Eu estava em uma aula de mitologia grega e fiquei pensando em um nome para a banda. Pensei em alternativas como lira, que era um instrumental musical muito usado na antiguidade. Ou “lyrics”, que é basicamente letra (de música) em inglês. Até que eu cheguei em Lyria e pensei, “esse vai ser o nome da banda”! Foi aí que eu decidi largar tudo e me dedicar somente à música.
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Você tem um carreira estabelecida com a Lyria, fazendo sucesso no circuito underground daqui e do exterior. Existe aí em curso uma transição para carreira solo, com material autoral ou você pretende ficar nessa vibe das versões e do classical crossover?
Eu pretendo continuar com os dois projetos: tanto o Lyria quanto o meu projeto solo. Eu fiz um financiamento coletivo para lançar o meu primeiro trabalho solo, que vai ser um álbum de versões com uma música autoral. Tudo nesse estilo do classical crossover, folk, rock, etc. E eu pretendo produzir um álbum totalmente autoral. Inclusive, eu já escrevi umas dez músicas (risos). Antes de mais nada, eu preciso lançar esse primeiro álbum. Mas o material já está guardadinho para o próximo. Nesse sentido, eu escrevi um monte de músicas novas para o Lyria também.
Somente nesse período pandêmico, eu escrevi mais de vinte músicas (risos). Então, eu selecionei aquelas que tem mais a ver com o Lyria e aquelas tem mais a ver comigo, com a minha carreira solo. Todo esse material está apenas esperando o momento certo para poder ser lançado.
De 2012 pra cá, vc esteve muito focada e envolvida com a música, profissionalmente falando. Como as restrições impostas pela pandemia impactaram nesse “start” do seu trabalho solo?
Em termos criativos, até que tem sido boa. Porque, antes, eu não parava. Eram shows, turnê, ensaio toda hora. Eu planejava as turnês, marcava hotel, planejava os shows. Enfim, era um trabalho bem grande.
Vocalista e manager, né?
Meu marido também é o manager da banda (risos). Mas éramos nós que montávamos tudo. E aí eu consegui esse tempo livre, para ficar em casa. E iniciei esse projeto solo, que era algo que eu já queria fazer há muito tempo e não conseguia por falta de tempo. Além disso, eu não sabia como ia fazer o projeto acontecer. Eu nunca tinha realmente parado para mixar, masterizar e trabalhar com essa parte de produção. Eu comecei a aprender muita coisa. Aprendi tudo sozinha e estou fazendo! Já lancei mais de 30 vídeos no meu canal desde o início da pandemia até agora e vou lançar muito mais.
A princípio, minha ideia era lançar um vídeo por semana. Mas é impossível! Porque eu realmente faço tudo. Monto o instrumental, gravo os vocais, mixo, masterizo, faço vídeo. Estou tentando fazer dois por mês e, graças ao Patreon (inserir link) eu tenho conseguido me manter e fazer os vídeos. Esse suporte dos fãs é bem legal. E eles conseguem participar dos vídeos, tem o nome deles ali e várias coisas legais.
Já com o Lyria, a gente não conseguiu fazer tanta coisa. Mas nós gravamos muitos vídeos, como os Lockdown Sessions. E participamos de alguns festivais online também. Estamos, inclusive, compondo material novo. Mas, como não podemos nos encontrar, acaba sendo um processo mais lento. Eu sei que quando nós estivermos juntos, será uma coisa mais rápida. Um processo mais dinâmico.
Você acabou se utilizando bem das novas possibilidades e novos formatos de interação com o público que acabaram sendo a única ferramenta possível durante a pandemia, né? Conta pra gente como se deu esse processo.
Com o Lyria, a gente já fazia shows online desde 2015. Porque quando a gente postava qualquer coisa relativa a shows, a galera do exterior ficava enlouquecida. E não tinha como a gente fazer uma loucura e ir lá pra fora sem nenhum planejamento. Então, para atender essa demanda, começamos a fazer shows de casa. Do nosso estúdio. Alguns eram com preço fixo, outros no esquema “pague quanto quiser”. Mas com a pandemia, a gente não conseguiu fazer.
Mas eu não consegui ficar parada e aí dei início ao projeto solo. No esquema que eu comentei, aprendi a fazer tudo e vou seguindo assim. Na cara e na coragem.
Agora, falando de Lyria. Vocês lançaram o álbum ‘Immersion’ em 2018. Existem planos para o lançamento de um novo álbum? A quantas anda esse processo?
A pandemia atrapalhou muito a banda, especialmente com relação às turnês. Tinha muita coisa planejada que acabou sendo cancelada. A gente tinha planos para o ano passado inteiro e acabou não rolando nada. Algumas coisas, como os festivais, foram remarcadas e já foram remarcadas novamente (risos). Eu tenho certeza que quando a gente estiver junto, as coisas vão andar. Vamos conseguir fazer o terceiro álbum, tem muita coisa pra fazer.
A gente vem trocando ideias de músicas, inclusive. O Lyria fala sobre superação, conselhos, às vezes tem um pouco de mitologia. A nossa principal função na música é ajudar as pessoas. Como uma mensagem de cura mesmo. Isso vai continuar, porque é essência do Lyria. A gente pode até ter algumas mudanças em relação à sonoridade. Mix, master, timbres. Mas a essência vai estar sempre ali.
Para finalizar, se vocês pudesse escolher uma vocalista/cantora (de qualquer estilo) para fazer um dueto, quem você escolheria?
Eu vou escolher alguém que canta bem diferente de mim. É o David Draiman, vocalista do Disturbed. Eu acho que as nossas vozes, apesar de serem bem diferentes, casaria legal! Eu acho que ficaria um estilo bem interessante. Obviamente, eu gostaria de escolher muitas outras pessoas (risos)! Simone Simons, Cristina Scabbia, Tarja Turunen, Floor Jansen, um monte. Mas o David seria uma escolha bem interessante.
Alô, David! Liga pra gente! A gente joga pro universo (risos)…
Né? Quem sabe. Inclusive, o primeiro vídeo do meu canal foi de uma música do Disturbed, “Stricken”. Que contou com a participação do Rod Wolf, guitarrista do Lyria.
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Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!