Jana Mark aposta na sonoridade setentista

Rafael Vasco

Com influência setentista, a cantora Jana Mark acaba de lançar a música “Nada Mais”, uma mistura de elementos clássicos que remetem às grandes divas do soul e MPB. Com isso, a artista resgata uma sonoridade nostálgica presente em nossa memória afetiva. A faixa já está disponível nas plataformas digitais e também conta com um videoclipe.

Aliás, a letra de “Nada Mais” foi composta por Jana Mark e a cantora fala sobre a importância do tempo, da paixão e do carinho. Porém, como curiosidade, ela começou a escrever suas letras apenas em 2019, quando decide apostar no seu trabalho autoral. O resultado pôde ser conferido já no seu primeiro EP, ‘Tá em Casa’ (2020), com destaque para a faixa ‘Trampolim’.

Portanto, o ULTRAVERSO convidou a artista para uma conversa em que falou sobre o novo single, referências musicais e carreira. Então, acompanhe o nosso bate papo:

ULTRAVERSO: Jana, é verdade que você se dedica à música desde criança? Conte como se deu essa descoberta. 

JANA MARK: Nasci em Laranjal Paulista, no interior de São Paulo, uma cidade com pouco mais de 25 mil habitantes. Porém, desde pequena sonhava em ser artista, sempre participava dos shows escolares e escutava rádio o dia todo. Tive a sorte de ser “descoberta” por uma tia (Maria Antônia Roma) aos 8 anos de idade cantando em uma festa de aniversário no Karaokê. Essa mesma pessoa me incentivou e pagou meus estudos de canto por anos.

Comecei a cantar no Coral da igreja e logo depois parti para bandas de baile da minha cidade, interpretando desde o Axé até Rock and Roll. Mas, quando completei 15 anos pedi para meus pais me deixarem explorar novos horizontes. Assim, com a permissão deles e do Conselho Tutelar, fui morar na república da Banda Santa Esmeralda, em Chavantes, também interior de SP. Essa banda, na época, era composta por mais de 40 integrantes e fazia shows por todo o Brasil.

A cantora Jana Mark tem inspiração nas divas do Jazz e Blues (Foto: Divulgação)

Nesse sentido, quais foram as melhores experiências que teve ao longo desse percurso?

JANA: Quando completei 21 anos surgiu um convite que mudou o rumo da minha vida, fui chamada para iniciar uma carreira internacional, me apresentando em navios de cruzeiro pelo mundo, ao todo foram 40 países.  No navio comecei fazendo parte do elenco teatral, cantando em musicais e depois de um tempo segui para o meu “despertar musical” com o trio de jazz, bossa e blues. Com isso, senti que tinha me encontrado finalmente, podendo interpretar canções de artistas que foram referências para mim a vida toda.

Contudo, mesmo dentro deste cenário, sentia que faltava algo, e este algo era o trabalho autoral. Sempre gostei de escrever e compor quando era criança, mas sinto que ao longo da minha vida está parte ficou bloqueada. Entretanto, em 2019, nasce uma compositora, surge o despertar e desbloqueio autoral, com as letras e melodias finalmente começando a brotar. Creio que o desbloqueio veio porque finalmente tinha encontrado minha identidade musical. Desde então, compor e poder materializar minhas músicas têm sido minha maior realização.

Recentemente lançou o single ‘Nada Mais’, que traz uma sonoridade que nos leva para algumas décadas atrás. Fale sobre o processo dessa composição.

JANA: Esta faixa é uma composição de minha autoria e levou cerca de 4 meses para ser lançada. Eu estava um dia deitada na cama junto com o meu marido, olhei para ele e comecei a cantar a música, veio a letra e melodia ao mesmo tempo, foi um “suspiro” do além no meu ouvido. Logo, imediatamente peguei o celular, gravei a melodia, terminei a letra e enviei para o meu produtor Elton Lee, que me incentivou a criar uma ambientação de som que remetesse aos anos 70.

Sendo assim, os instrumentos musicais, a mixagem e paleta de cores do clipe foram todas pensadas no estilo setentista. A respeito da letra, sempre escrevo de acordo com as coisas que estou sentindo no momento. Gosto muito de compor sobre o amor, talvez seja porque é um dos sentimentos que eu mais busco na minha vida.

Aliás, o videoclipe desta faixa traz a participação do seu marido, Rogério Cruz. Como foi a experiência de atuar ao lado de alguém que faz parte da sua vida?

JANA: Foi “mamão com açúcar”! [risos] O “Tunta” [Rogério Cruz], meu marido, já atua comigo há um tempo, ele é músico [contrabaixista], então sempre rolou uma química boa entre a gente, tanto no palco quanto na vida. Por isso, me senti confortável e foi bem divertido, confesso que ele me surpreendeu como ator, ainda não conhecia esse lado dele.

No ano passado disponibilizou o EP ‘Tá em Casa’, que trouxe três canções inéditas. Já existe o projeto para o lançamento de outro EP?

JANA: De um EP ainda não! Mas de um novo single com certeza, que está em produção e pretendo lançar ainda esse ano.

Falando nisso, com a paralisação do showbiz, como foi produzir e lançar novos conteúdos durante a pandemia?

JANA: Com a pandemia, nós artistas tivemos que nos reinventar, e por incrível que pareça foi a época em que mais criei conteúdo. Antes desse período, quando trabalhava embarcada no navio, cantava todos os dias, mas não registrava quase nada dos meus shows, me arrependo muito. Na época não tinha a consciência de como é importante mostrar o nosso trabalho e atingir mais pessoas com isso.

Porém, com isolamento social, acabei tendo mais tempo em casa e passei a compor mais, gravei vários vídeos cantando, tive que utilizar a criatividade com o que tinha a minha disposição. Isso deu um salto maior na minha carreira e estou vendo os resultados positivos, podendo dividir minha verdade com pessoas que se identificam com o meu som.

Jana Mark durante cena do clipe de ‘Nada Mais’ (Foto: Divulgação)

Como tem sido a recepção desses trabalhos, tendo em vista que não é possível o contato com o público em shows?

JANA: Foi uma recepção positiva, uma nova forma de despertar para o digital, para a poderosa ferramenta que o artista tem nas mãos hoje em dia que é a internet.  Entretanto, confesso que estou com saudade dos palcos, do público, da troca de energia que rola nos shows, não vejo a hora que tudo se normalize novamente.

Para finalizar, quais são as suas principais referências musicais?

JANA: Desde criança sempre pirei em vozes potentes como a de Etta James, Aretha Franklin, Janis Joplin, Elis Regina e Cassia Eller, essas personalidades sempre foram influências em minha vida. Neste momento, estou fascinada pelas vozes das divas do jazz e blues, como Melody Gardot, Macy Gray, Joss Stone. Mas, a minha playlist vai de clássicos do rock and roll com Pink Floid, Led Zeppelin à vozes doces que me levam a Deus, como Milton Nascimento e Rosa Passos.

Porém, creio que a voz que mais me influenciou por todo esse tempo foi a de Amy Winehouse, um timbre que nunca me cansarei de ouvir. Além disso, admiro a genialidade das músicas do Tim Maia.

Enfim, acompanhe a cantora Jana Mark

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Maré do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Rafael Vasco

Um viciado em informação, até mesmo as inúteis. Com dois minutos de conversa, convenço você de que sou legal. Insta: _rafael_vasco
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