Cara x Cara Netflix

‘Cara x Cara’ (1ª Temporada) – Netflix | CRÍTICA

Jorge Feitosa

Unicórnios e clones.

Como publicitário e como homem casado, Miles Elliot (Paul Rudd) já teve dias melhores. Apático em sua sala e evitando a todo custo recolher material para um exame de fertilidade, ele vai empurrando o casamento com a barriga e deixando outros tomarem seu espaço na agência em que trabalha até receber a dica de um spa em que todos saem de lá como novos. Ele só não contava que isso seria tão literal.

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A trama

Em Cara x Cara (Living With Yourself), o criador e roteirista Timothy Greenberg nos entrega a velha história de disputa do protagonista com uma versão melhor de si que caberia tranquilamente em um longa. Mas a produção episódica e dirigida por Jonathan Dayton e Valerie Faris nos entrega uma bela obra de humor negro e que nos deixa instigados desde o início.

A começar pela vinheta de abertura com o uso de cores e letras que vão se embaralhando cada vez mais a cada episódio, tentando se ajustar em uma alusão direta a Elliot e seu clone enquanto se desdobram para conviver entre si. Cores que se acentuam no tal spa dirigido pelos supostos cientistas interpretados por James Seol e Rob Yang, caricatos e imersos em um cenário violeta que tem muito mais a ver com alguma coisa mítica, quase mágica, do que o ambiente asséptico e normalmente branco de qualquer outra clínica.

Ótima performance de Paul Rudd

E nesse ambiente ou fora dele, objetos de cena ajudam a explicar a história e alimentar a trama, seja um unicórnio de brinquedo, um aparador que vai e vem de acordo com casamento de Elliot e Kate (Aisling Bea) ou uma incômoda coluna que irrita, mas mantém a casa em pé.

Paul Rudd nos entrega uma performance que, apesar de esperada, chega a surpreender, fruto de um trabalho bem árduo, não apenas de interpretação e direção, mas também de fotografia, efeitos visuais e figurino que conseguem criar momentos de interação do protagonista e seu clone sem qualquer aparência de imagens sobrepostas.

Foto: Eric Liebowitz / Netflix

Outro destaque vai para a escolha de Bea, esposa que tenta manter o casamento mesmo como toda a desonestidade do marido e acaba vacilando no papel de mulher apaixonada que tem que aguentar dois homens egoístas, sem descambar para a estridência e sem exagerar no ar de musa.

Para maratonar e refletir

Enfim, Cara x Cara, com seus curtos oito episódios, é uma série altamente maratonável, que tem muito mais a dizer do que a simples vontade de ser melhor. De fato, uma discussão bem cutucada pelo roteiro, que vai deixando a história fluir sem pressa e sem perder tempo com subtramas, deixando para explorá-las melhor em uma próxima temporada e dando todo o destaque ao protagonista.

Destaque merecido, pois evoluindo da apatia para o vigor e, por fim,  a maquiavelice, Rudd convence a cada minuto em tela. Além disso, estabelece uma química imediata com o espectador e coadjuvantes. Se bem que ele é um cara tão legal que constitui química até mesmo com uma porta.

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=cnuB-aECCyE

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Living with Yourself
Temporada: 1
Data de estreia: Sex, 18/10/19
Criação: Timothy Greenberg
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris
Roteiro:  Ian Brennan, Brad Falchuk, Ryan Murphy
Elenco: Paul Rudd, Aisling Bea
Produção: Likely Story, Jax Media
Distribuição: Netflix
País: Estados Unidos
Gênero: comédia
Ano de produção: 2019
Classificação: 14 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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