crítica do filme Carter da Netflix 2022

Foto: Netflix / Divulgação

‘Carter’ desperdiça seu potencial por causa de ação exagerada e exaustiva

Jhone Silva

No filme Carter, o protagonista interpretado por Joo Won, acorda em um quarto cheio de sangue, completamente sem memórias e com uma voz em seu ouvido que lhe diz que há uma explosivo em sua boca e, se ele quiser sobreviver terá que confiar e obedecer seus comandos. Ao fugir do local, Carter – nosso protagonista – logo se vê em meio a uma pandemia que está transformando humanos em assassinos violentos. Sua missão principal é resgatar a filha sequestrada de um médico que descobriu uma vacina para o vírus e transportá-la com segurança até a Coreia do Norte.

Filmes que possuem ação desenfreada e sangrentas são amplamente conhecidos e consumidos no mundo todo, porém, Carter eleva isso à um outro nível. As sequências de cenas de abertura do longa dirigido por Byung-gil Jung dão uma noção muito clara do que será o restante da produção. Após ser confrontado por um esquadrão de agentes da CIA, Carter escapa saltando da janela de um prédio e entrando em outro, uma sauna, onde é cercado e atacado por cerca de 100 membros – e isso não é um exagero – de alguma gangue ou máfia, que são dizimados por nosso protagonista em uma cena vertiginosa, quase psicodélica, brilhantemente coreografada, extremamente violenta e sangrenta e incrivelmente filmada.

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Decepção

Tudo isso dá ao espectador a sensação de que está em frente de uma obra-prima contemporânea do gênero ação, sentimento que posteriormente se torna uma grande decepção. Isso porque a produção de Carter faz muitas escolhas criativas extremamente questionáveis. A principal delas é tentativo bizarra e falha de fazer o filme inteiro parecer que foi gravado em uma sequência única. Isso traz outro aspecto bizarro para o longa: uma sequência de ação desenfreada, inacabável e exaustiva que dura duas horas. Não seria uma hipérbole dizer que a produção possui mais corpos ensanguentados no chão do que palavras em seus diálogos.

Isso tudo traz outra consequência negativa para o filme: o enredo. Nada em Carter é desenvolvido ou aprofundado. O longa simplesmente não possui substância. Ao presenciar o enredo – sem foco e superficial – o espectador ficará mais confuso que o próprio protagonista, sem entender nada do que está acontecendo, de tanto que agente duplo, triplo e quádruplo é demasiadamente usado.

Exageros

Ademais, outra escolha bizarra, exaustiva e irritante do filme é o uso excessivo de cenas filmadas por um drone super veloz. As primeiras sequências da técnica foram verdadeiramente interessante. No entanto o seu uso em demasia fez a fotografia – que, a priori, foi uma surpresa agradável – se tornar completamente decepcionante e superficial, além de trazer uma sobrecarga sensorial que talvez até faça o espectador ficar tonto.

Em suma, cenas de combate presentes em Carter são sua maior força, mas também sua maior fraqueza. De fato, jorrar ação na cara do público é um bom método de entretenimento entorpecente, mas, até para esses parâmetros, o filme exagera e torna-se exaustivo. Um pouco de substância no enredo, bem como desenvolvimento e profundidade nos personagens, teria feito a produção sul-coreana saltar de um filme ruim para um entretenimento intermediário numa noite de domingo.

Onde assistir ao filme Carter?

A saber, Carter já se encontra disponível para assinantes da Netflix. Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

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Trailer do filme Carter, da Netflix

Carter (Netflix): elenco do filme

Joo Won
Kim Bo-Min
Sung-Jae Lee
Mike Colter
Camilla Belle

Ficha Técnica do filme Carter, da Netflix

Título original: Carter
Direção: Byung-gil Jung
Roteiro: Byung-gil Jung e Byeong-sik Jung
Duração: 132 minutos
País: Coreia do Sul
Gênero: ação e suspense
Ano: 2022
Classificação: 18 anos

Jhone Silva

Um jovem paulistano que aproveita a boemia da maior cidade brasileira, embora prefira ficar trancado em seu quarto lendo, assistindo, escutando e jogando e fazendo arte. Mas sempre com uma qualidade duvidável, é claro.
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