Céu show no circo voador 3 de dezembro de 2021

Céu entrega o melhor de sua carreira em show no Circo Voador

Cadu Costa

A cantora Céu fez mais um show no Circo Voador nesta última sexta (03) e, como sempre, foi intenso, catártico e hipnotizante. Em geral, dezembro é uma época tradicional para shows da cantora na lona mais famosa do Rio de Janeiro. Foi nesse mês que ela lançou dois de seus discos e a turnê Catch a Fire, em que interpretou o repertório do álbum de Bob Marley.

Para o público foi a chance de poder matar a saudade da artista enquanto o novo show — baseado no novo álbum Um Gosto de Sol, em que ela traz canções de outros artistas — não chega. O formato da apresentação não incluiu músicas desse novo trabalho, mas seus maiores sucessos não faltaram.

Àiyé

O show de abertura veio pelo projeto experimental Àiyé, composto unicamente pela baterista, compositora e produtora, Larissa Conforto. Única mesmo, afinal, a artista esteve sozinha na apresentação, cantando e operando a aparelhagem que leva para o palco.

Mais conhecida anteriormente por seus trabalhos no rock (com a Ventre, banda que chegou a tocar no Lollapalooza em 2018) e na MPB (toca com artistas como Paulinho Moska), Larissa lançou seu primeiro disco como Àiyé, Gratitrevas, em 2020, pouco antes do isolamento ser decretado no Brasil. O repertório traz o encontro dela com ritmos latino-americanos, experimentalismos musicais e religiosidade afro-brasileira. Nos intervalos, DJ TioPensamento com muito groove e música brasileira.

Céu circo voador show 3 de dezembro de 2021

Foto: Camila Pires / ULTRAVERSO

Céu deslumbrante e deslumbrada

Mas a ansiedade estava em torno da artista principal. E Céu surgiu ao palco para o show no Circo Voador deslumbrante e deslumbrada, talvez impressionada com o público que a adorava e abraçava com expectativas para o que viria. E ela não decepcionou. De cara abriu com “Off (Sad Siri)”, “Coreto” e “Pardo”, do álbum Apká, de 2019.

“Arrastar-te-ei”, do aclamado Tropix (2016) veio em seguida e, nessa hora, todos os presentes já estavam entregues e cantando todas as músicas num misto de emoção e transe.

Mais motivada do que nunca, Céu entregou uma noite de passeios por clássicos de seus cinco discos e tudo que pudemos fazer foi se enfiar no seu caldeirão musical de MPB, Bossa Nova, Rock e Reggae. Seu show era a definição do que chamamos de World Music. Nada nos surpreendia, tudo nos confortava.

Céu show circo voador 3 de dezembro de 2021

Foto: Camila Pires / ULTRAVERSO

Cantautora de letras poéticas

Céu é uma “cantautora”, ou seja canta e escreve sua própria poesia. Suas letras parecem escorrer fácil pelos dedos assim como a voz que não faz esforço e, despretensiosamente, ocupa 15 anos de uma carreira sólida na música popular brasileira.

Canções como “Corpocontinente” são daquelas que gostaríamos de ter escrito. Como não se emocionar com o clima criado com uma letra que diz “Vou passear em seu delírio. Vou te relembrar como se faz uma saudade”?

Como já dito, à exceção de pequenas canjas de “Teimosa” e “Deixa Acontecer”, as músicas do último disco Um Gosto de Sol não foram apresentadas, mas isso não diminuiu a força do show de Céu no Circo Voador.

Foto: Camila Pires / ULTRAVERSO

Atemporal

Intercalado com canções “Chegar em Mim” (com os sugestivos versos de “Se eu fosse você, já tinha chegado em mim”) e “Perfume do Invisível”, logo estavam lá seus primeiros sucessos como “Lenda”, “10 Contados” e seu primeiro hit, “Malemolência”, todos do seu primeiro disco CéU, de 2006.

Perto do fim, a cantora entrega “Varanda Suspensa”, “Concrete Jungle” e encerra com “Forçar o Verão”, para delírio dos seus fãs extasiados de amor e emoção.

Em uma noite impecável, com um retorno apoteótico aos palcos, Céu mostrou sua música atemporal e o porquê de continuar sendo uma das artistas mais relevantes de sua geração.

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Setilist do show de Céu no Circo Voador

Off (Sad Siri)
Coreto
Pardo
Arrastar-te-ei
Nada Irreal
Munida das minhas Bics
Cangote
Corpocontinente
Rotação
10 contados
Chegar em Mim
Lenda
Perfume do Invisível
Malemolência
A Nave Vai
Varanda suspensa
Teimosa
Via Láctea
Concrete Jungle
Forçar o Verão

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN