Chernobylite review

Chernobylite © 2022 Published by AIG and The Farm 51.

‘Chernobylite’ acerta em cheio na imersão e fidelidade do enredo

Felipe de Andrade

Chernobylite foi desenvolvido pela The Farm 51 com ajuda da plataforma de financiamento coletivo mais famosa do mundo, a Kickstarter. Por causa dessa decisão, o lançamento do jogo atrasou em alguns anos para infelicidade dos investidores. Assim como dos jogadores que estavam ansiosos para colocar as mãos no game. No entanto, a procura e a espera pelo lançamento tiveram ainda um fator de ajuda durante a fase de desenvolvimento: o lançamento da premiada minissérie Chernobyl, da HBO. A saber, a produção se passa na mesma região em que o jogo em questão, Pripyat, na Ucrânia, e conta o que aconteceu com ela.

Todos sabemos que nesta cidade foi onde ocorreu a pior tragédia nuclear da história. Em outras palavras, um reator da usina de Chernobyl explodiu espalhando material radioativo na atmosfera, matando milhares de pessoas no processo. Infelizmente, por conta de falha humana na operação da usina e também de erros no projeto, esse acidente ocorreu, transformando Pripyat em uma cidade fantasma.

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Fidelidade na ambientação

Para garantir que o jogo retratasse a ambientação resultante desta tragédia de forma mais realista possível, a equipe desenvolvedora não mediu esforços. A saber, ela utilizou os melhores equipamentos disponíveis para que conseguisse recriar os cenários com base em dados reais da região. Drones com câmeras especiais captaram imagens do ambiente, além de scanners 3D à laser para, assim, mapear áreas externas e internas das construções. Além disso, elas filmaram objetos presentes nos cenários, com muitos deles sendo recriados no mesmo local e posição idênticos no jogo e na vida real.

A equipe de criação realizou diversas visitas à cidade fantasma com centenas de horas de trabalho para conseguir recriar o visual de Pripyat. Ela também aproveitou para captar sons reais do ambiente para utilizá-los no jogo, trazendo ainda mais capricho e veracidade ao título. Ao saber dessas informações consegui jogar Chernobylite com um olhar menos crítico e mais apreciador da obra.

Chernobylite review

O protagonista e as referências

Em nossa jornada jogamos com Igor. O personagem é um físico e ex-funcionário da usina de Chernobyl e que resolve voltar à região após 30 anos. O objetivo é investigar o desaparecimento de Tatyana, sua noiva na época do acidente.

Ao contrário do que ocorreu na vida real, o acidente não espalhou apenas radiação na atmosfera. No game, foi gerado também um material verde chamado chernobilita, que dá título ao jogo. Esse material aparece em várias áreas do mapa. Devido às suas características únicas (Igor consegue se teletransportar pelo espaço-tempo ao fazer uso do minério, por exemplo); pessoas como agentes da KGB, ou de outras organizações, além de infectados e mutantes podem e vão cruzar o nosso caminho.

Apesar da sua divulgação transparecer que Chernobylite parecia ser um jogo focado em terror, não é bem essa a base do gameplay. Na verdade, parece que estamos jogando uma mistura de Fallout 4 e S.T.A.L.K.E.R. (que se passa na mesma região que o título em questão). Aqueles que tiveram a oportunidade de jogar esses dois, conseguirão fazer a correlação logo na primeira hora.

Exatamente como em Fallout 4, é possível construir estruturas como paredes, escadas, camas, mobília, etc, para melhorar a base. Assim como estações de trabalho para fabricar e melhorar itens, armas e equipamentos. Sejam eles para incrementar o arsenal de Igor e seus companheiros, quanto para deixar a vida na base improvisada mais confortável para seus habitantes.

Chernobylite review

Jogabilidade e enredo

Durante o tempo que permanecemos na base, geralmente durante a noite e entre as missões, é possível realizar treinos antes de passar para o próximo objetivo para melhorar as aptidões de Igor. Esses pontos são obtidos toda vez que subimos de nível, ao adquirir pontos de experiência suficiente para tal, assim como em todo RPG. Citando um exemplo de treino, para melhorar a precisão com as armas, em suma, precisamos treinar tiro ao alvo. Assim, cada habilidade exige que um “mini game” seja vencido para garantir sua melhoria.

O desenrolar da história se dá através de uma jogabilidade que faz uso de uma narrativa não-linear. Dessa forma, é possível escolher dentre várias missões independentemente de ordem. Aqui também é possível enviar alguns companheiros para realizar missões. Inclusive é a melhor forma de eliminar várias delas ao mesmo tempo.

Ao iniciar uma missão aparecemos em determinado ponto do mapa. Ali, devemos explorá-lo da forma mais conveniente, investigando as áreas e eliminando os objetivos em qualquer ordem ou direção. Tirando um ou outro caminho obstruído, temos total liberdade de escolha.

Os combates também podem ser iniciados ao bel prazer do jogador. Em suma, ele pode ir cara a cara com o inimigo (não recomendado), ou espreitando pelas sombras sem fazer alarde. Assim, ele evita gasto de munição, até porque atirar em Chernobylite não é nada gratificante. O retículo da mira não aparece no centro da tela como de costume nos jogos de tiro em primeira pessoa. Isso acaba dificultando muito para acertar os alvos, apesar de aumentar o realismo.

Ao eliminar os inimigos não é possível pegar as suas armas. Elas possuem um tipo de trava genética, ou algo do tipo, fazendo com que seja mais trabalhoso melhorar o arsenal de Igor, aumentando o nível da estratégia necessária para avançar aqui.

Chernobylite review

Gráficos fieis, mas com alguns problemas

O jogo possui gráficos bem detalhados que representam com fidelidade a região de Pripyat, tanto em ambientes internos, quanto externos, com texturas realistas e caprichadas. Mesmo com ótimas animações para passar a sensação de vento nas plantas, água corrente e até para a movimentação de todos os personagens e inimigos, coisas estranhas também acontecem. Inimigos nos enxergam através de paredes e similares; efeitos de luz e sombras nas árvores que mais parecem bugs de tão estranhos; tempestades de raios localizadas com falta de efeitos de luz e som. Uma outra coisa que é possível perceber é a gigantesca repetição dos inimigos. Tanto humanos quanto monstros. No entanto, isso não atrapalha o gameplay, mas se torna nítido ao longo da jornada.

Um grande acerto são as cenas filmadas com atores na cidade real de Pripyat, para serem inseridas nas animações do game. Existem vídeos no decorrer da campanha, assim como flashbacks que contam momentos da história e também cenas que foram inseridas nas longas telas de loading percebidas no PS4 base.

Boa imersão e localização em português

Visando passar o clima melancólico do jogo, a parte sonora, em suma, faz bonito garantindo a imersão com suas ótimas trilhas que remetem suspense e solidão, efeitos sonoros de muita qualidade (inclusive vários gravados na cidade real), além de uma dublagem incrível em russo, melhor até do que a em inglês, que mais parece saída de um filme B, de baixo orçamento.

O título possui legendas em português com uma ótima tradução de diálogos e documentos, o que torna obrigatório aproveitar a busca por Tatyana com a dublagem em russo, aumentando ainda mais a imersão para aqueles que querem se sentir como parte da história.

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Chernobylite: VEREDITO

Por fim, Chernobylite conta com um completo e complexo sistema de jogo que, mesmo sendo necessária uma curva de aprendizado razoável, garantirá dezenas de horas de diversão para os fãs do estilo FPS com elementos de RPG. Viajar com fidelidade para a região devastada por uma tragédia real e histórica só nos dá mais vontade de explorar os mapas completamente.

Prós

  • Reprodução fiel da região
  • Efeitos sonoros de qualidade
  • Trilha sonora
  • Dublagem russa garante imersão

Contras

  • Alguns bugs
  • Tiroteio não compensa
  • Repetição de missões
  • Evolução lenta de Igor

Aliás, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:

https://app.orelo.cc/uA26
https://spoti.fi/3t8giu7

Trailer

Felipe de Andrade

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