Adaptação de poema sobre vampiro, filme ‘Christabel’ estreia no Brasil
Ana Rita
Nessa última terça, 23 de fevereiro, o ULTRAVERSO acompanhou a coletiva de imprensa do filme Christabel, dirigido, roteirizado e idealizado por Alex Levy-Heller. O longa traz o poema narrativo escrito por Samuel Taylor Coleridge, entre 1797 e 1800, para o contexto do cerrado brasileiro.
Apesar do filme ter estreado nesta quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021, Christabel é uma produção de 2018 e fez parte da seleção oficial da 22ª edição do Festival Cine PE (2018).
A coletiva contou com o diretor e as atrizes principais, Milla Fernandez, que interpreta Christabel, e Lorena Castanheira, intérprete de Geraldine, a figura vampiresca da obra.
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Como surgiu a ideia para ‘Christabel’?
Durante a coletiva, Alex contou ser um grande fã de cinema fantástico, histórias de dráculas e demais vampiros.
“Eu sou um fã de cinema fantástico. Eu adoro histórias de vampiro, adoro lobisomem. Todo esse tipo de história eu gosto. Buscava uma história para poder contar em forma de ficção e, encontrei em Christabel”, disse o diretor.
A ideia de adaptar a história “vampiresca” surgiu quando lia um estudo sobre a figura do Drácula, antes de Bram Stoker, escritor irlandês. Então, ele viu o poema “Christabel”, de Coleridge, que foi uma das primeiras obras literárias com a aparição de um vampiro. Aliás, esse foi também o primeiro longa de ficção de Alex Levy-Heller. Assim como de Vinicius Berger, o diretor de fotografia, e de Milla Fernandez.
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Desafios na produção
Questionada sobre os desafios e investimentos na produção, Lorena Castanheira contou sobre os obstáculos, tanto logísticos quanto financeiros para a produção da obra. Foi preciso se adaptar ao ambiente, aproveitar ao máximo os próprios recursos, sendo o mais viável de fazer, sem muito custo. O diretor contou também que, para economia de gastos, precisou de 1 mês de ensaios. Assim, com pouca equipe, as filmagens duraram 12 dias.
Regionalismo
A saber, há uma dicotomia entre luz e velas, antigo e moderno na obra. Como dito por Alex e Lorena, esses elementos influenciaram de forma técnica e narrativa no filme. Com cenas gravadas a luz de velas, a naturalidade se tornou mais intensa, bem como ressalta a cotidianidade dos moradores da região onde as gravações ocorreram.
Além disso, o diretor foi questionado sobre o uso de poesias de seu acervo pessoal no longa. Afinal, em uma cena específica, o sanfoneiro, vivido por Nill Marcondes, traz a poesia de forma mais direta para o filme. Isso porque ele declama poemas de Maria de Lourdes Heller, avó de Alex, evidenciando a regionalidade na obra.
Fotografia premiada
Aliás, o longa-metragem foi premiado com melhor fotografia, em diversos festivais, sendo motivo de muito orgulho por parte do diretor.
O diretor disse ter buscado junto a Vinicius Berger, inspirações em obras de arte e filmes, observando bem a mise en scène e os enquadramentos.
O feminismo
O filme trata principalmente sobre a libertação feminina, expondo um o questionamento sobre por que a vampira seria vilã, uma vez que, é abordada a sexualidade da personagem Christabel, e as mudanças com a chegada de Geraldine, que colocará em dúvidas também a concepção do papel da mulher na sociedade para a protagonista.
Como Milla comentou, era preciso não se prender apenas ao papel social da mulher, Christabel deve ser vista como parte da natureza, extrapolar esse lugar social, que é estabelecido ao final da obra com a conexão da personagem da atriz com a natureza.
Milla relatou que foi desafiador fazer Christabel. Isso porque, além de ter sido sua primeira experiência profissional, a atriz é o oposto da personagem. Não seria viver a personagem apenas na sua perspectiva, era entender Christabel, iniciando um processo de empatia, assim como de autoconhecimento.
Quanto à Geraldine, Lorena considerou interessante interpretar uma figura que foge dos clichês de uma vampira, e que houve uma abertura para a personagem, em especial, devido a relação construída com Christabel na narrativa.
Confira a nossa crítica sobre o filme.