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‘Cidade Invisível’ (Netflix): uma incrível adaptação do folclore brasileiro

Jorge Feitosa

Quando surgiram os boatos de que o diretor Carlos Saldanha (Rio, O Touro Ferdinando) e o ator Marco Pigossi (A Força do Querer) estariam envolvidos numa série com personagens do folclore brasileiro para a Netflix, a expectativa foi grande. Isso porque o cineasta era reconhecido pela qualidade de suas produções. Por outro lado, Pigossi já havia iniciado uma carreira internacional na série australiana Tidelands.
Mas o temor de ver personagens toscos e infantilizados como tanto se vê nos filmes e séries sobre contos de fadas certamente passou pela cabeça da maioria. Afinal, Saldanha provavelmente estaria mais propenso a adotar o tom mais leve que ditou sua carreira.

Felizmente, os roteiristas envolvidos são Raphael Dracoon e Carolina Munhoz. Tratam-se de aclamados escritores da trilogias literária Dragões de Éter e Por Um Toque de Ouro, respectivamente. Além disso, já foram “experimentados” na série O Escolhido, também da Netflix.
Cidade Invisível Netflix crítica série curupira

Sobre o que fala ‘Cidade Invisível’?

O resultado foi Cidade Invisível, uma trama de mistério da Netflix em que o agente da polícia ambiental Eric (Pigossi) encontra um boto cor de rosa morto em uma das praias do Rio de Janeiro. No entanto, ele acaba abismado de ver o animal dar lugar ao falecido Manaus (Victor Sparapane), habitante de uma comunidade de pescadores acossada por uma grande empresa imobiliária e na qual a esposa do policial teve uma morte aparentemente acidental.
Então, no decorrer da investigação, ele é seguido e seduzido pelos peculiares frequentadores do bar de Inês (Alessandra Negrini). Isso porque eles sabem exatamente porque o boto virou homem e introduzem Eric em outra comunidade bem mais antiga e com a qual ele tem uma insuspeita ligação.

A narrativa em seis episódios delineia muito bem o assédio da grande corporação e a necessidade de preservar a floresta. Esta, por sua vez, já não é mais habitada pelas entidades folclóricas, forçadas a sobreviver na selva urbana. Mas ainda é a única opção digna para os ribeirinhos.
E já que não podem expor suas formas naturais, eles têm que se adaptar. Assim, usam próteses, cobrem-se da cabeça aos pés ou cantam para o público de Inês, a Cuca. Aqui, uma temida protetora das entidades e seus segredos.
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Efeitos visuais

Os efeitos visuais, usados de forma orgânica pra contar a história, são um primor pra esse tipo de produção. Dão um ar natural que, além de encher os olhos e alcançam a tão almejada suspensão de descrença pra estabelecer um mundo à parte do nosso. Especialmente no que se refere aos poderes da Cuca, do Saci e do aterrorizante Curupira.
O elenco também cumpre com sucesso os seus papéis. Pigossi interpreta um soturno policial sem tempo pra filha. Já Alessandra Negrini dá um show naquele ar doce e voz suave que fazem um rebuliço na cabeça dos outros, bem como Fábio Lago e suas feições marcantes. Já outros poderiam ser mais bem aproveitados. Por exemplo: a parceira policial de Áurea Maranhão ou o grande (literalmente) Jimmy London. Mas isso poderia prejudicar a duração e a quantidade de capítulos.
E são episódios em quantidade e duração certeiras para que Cidade Invisível, da Netflix, não seja perfeita, mas estabeleça desde já uma identidade genuinamente brasileira com uma necessária mensagem de teor ecológico.

TRAILER DE ‘CIDADE INVISÍVEL’, DA NETFLIX

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FICHA TÉCNICA

Título original: Cidade Invisível
Temporada:
1
Data de estreia: 
sex, 05/01/2021
Criação:
Carlos Saldanha
Elenco:
Alessandra Negrini, Marco Pigossi, Julia Konrad, Jéssica Córes, Jimmy London, Wesley Guimarães, Victor Sparapane
Onde assistir: Netflix
País:
Brasil
Idioma:
Português
Gênero:
fantasia
Ano de produção:
2021
Classificação:
 16 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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